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A Capoeira no Rio de Janeiro 1890 a 1950

Por:   •  14/3/2021  •  Resenha  •  2.472 Palavras (10 Páginas)  •  147 Visualizações

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RECUPERAÇÃO

FORMULÁRIO DE RESENHA CRÍTICA

Fazer uma resenha de 1 ou 2 laudos no máximo da disciplina em recuperação.

CRITÉRIOS DE APROVAÇÃO:  o aluno deverá ter aproveitamento igual ou superior a 70% na média de todas as disciplinas.

ATENÇÃO: O TRABALHO É INDIVIDUAL!

Resenha-crítica:
     É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.

Nome do aluno: Gleico Antonio Carvalho Silva                                                

Curso:        HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA        Matéria: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, DIDÁTICAS E EDUCATIVAS PARA O ENSINO SUPERIOR

Cidade Pólo:         Belo Horizonte                                Data: 14/10/2020

RESENHA CRÍTICA

A Capoeira no Rio de Janeiro 1890-1950

FERREIRA, Isabel. A Capoeira no Rio de Janeiro:1890 -1950. Rio de Janeiro: Novas Ideias, 2007. 132p.:il. (Série Capoeira Viva;1).

Izabel Ferreira é cientista social, pós-graduada em Sociologia Urbana e Mestre em Antropologia Visual pelo PPCIS-UERJ. Professora de Sociologia da Universidade Gama Filho, entre 2000 e 2001.

A obra sob comento é produto atual de pesquisa da autora na área histórica-etnográfica. Trata-se de uma crítica a diversas convicções referentes ao Ethos da capoeira e suas transformações de 1890 a 1950 no então, Distrito Federal do Rio de Janeiro. Variados temas são abordados sob uma nova ótica que procura contestar o antagonismo entre o pragmatismo com o folclore da capoeira, mas os propõe componentes de sua multiplicidade. A base de toda a argumentação de Izabel para confrontar os diferentes discursos de legitimidade, apontando ora por primazia, ora por etnia e também por pragmatismo, é a análise com fundamento em dados confiáveis e documentos submetidos a um estudo pormenorizado que leva em consideração fatores históricos, técnicos, sociológicos, econômicos etc.

Embora admitindo que os indivíduos (mestres) tiveram papel importante na construção e preservação do Ethos da capoeira, afirma que é através do cognitivo coletivo que a capoeira assume seus múltiplos estilos e símbolos, possibilitando conclusões baseadas em dados concretos e documentais. Os dados estatísticos e históricos são analisados por Izabel de forma crítica e com uma profunda reflexão contextual, nos moldes acima descritos.

A obra é dividida em três partes, nas quais são tratados assuntos referentes às mais atuais e polêmicas questões que abrangem a Capoeira.

A Parte I, intitulada de “A Capoeira Carioca: Expansão”, procura demonstrar que através do trabalho e demais atividades urbanas sociais no Brasil escravocrata do séc. XIX, surge dois movimentos fundamentais na escravidão, a comunidade e a disputa¹. Afastados de sua terra natal, os escravos africanos de diferentes etnias aglutinados se viram obrigados a construírem valores, símbolos e rituais que os possibilitassem a sobrevivência e escalada na estratificada sociedade colonial brasileira. Para Soares, a capoeira, “ representou a forma cultural possível que os jovens africanos encontraram de responder às violências e demandas de uma sociedade urbana e hostil”². Em busca de um ethos que lhes conferissem diferenciação individual dentro da sociedade e, ao mesmo tempo, sentimento de pertencimento a um grupo. Surgem as maltas de capoeira.

O pano de fundo das maltas era a cor da pele e a origem de nascimento. Se dividiam em dois grupos principais, Os Nagoas, africanos negros do centro e os Guaiamuns, brasileiros mestiços ou brancos da periferia. Muito embora se alastrasse por toda a Capital e se encontrasse outras, uma em cada freguesia. Aterrorizavam as ruas da corte, sempre armados com facas, porretes e navalhas.

As maltas desempenharam um importante papel político uma vez que se alinhavam aos partidos. Participavam de comícios ou desfaziam o de adversários. Isto lhes garantiu uma série de privilégios e uma aproximação com o partido conservador. Com o fim da Guerra do Paraguai voltaram fortalecidos, praticamente como heróis. O uso da capoeira como arte de guerra foi fator preponderante para o sucesso do inexperiente exército brasileiro.

Nos anos finais do Império, os capoeiras estavam em seu apogeu. A malta Flor da Gente, surge em 1872 em apoio ao deputado Duque-Estrada Teixera, difundindo a simbiose da capoeira com a política. Outras instituições coexistiram como o Corpo de Secretas, uma polícia paralela e também a Guarda Negra criada para combater o movimento republicano no Brasil. Este movimento provocaria, em um ataque em julho de 1889, contra os republicanos, usando os “Petrópolis” (cacetes), uma retaliação por parte do novo gabinete quando da proclamação da República. O novo Chefe da polícia, Dr. João Batista de Sampaio Ferraz, o “Cavanhaque de Aço”, caçou e deportou vários capoeiristas do Rio para Fernando de Noronha e outras cidades afastadas da capital.

Neste capítulo fica claro a ambiguidade que constrói o universo da capoeira, onde maltas lutam entre si, divergem entre conceitos sociais e individuais, mas que compõe, apenas juntas o Ethos da capoeira.

A Parte II trata da “Dispersão: a Capoeira na República Velha”, procede a uma continuação do capítulo anterior, com a proclamação da República. Em termos estruturais a sociedade não sofreu grandes transformações, apenas o poder político se transferiu das elites agrárias nordestinas e cariocas para as mãos dos paulistas.

Como um dos mais ativos do 15 de Novembro, Dr. João Batista de Sampaio Ferraz recebe como gratificação o cargo de Chefe da Polícia, que ele aceita na condição de receber carta branca para combater o que ele julgava ser uma praga no Rio de Janeiro, a capoeira. Porém ele próprio era um exímio capoeirista.

Já no primeiro ano da República, Sampaio Ferraz já havia desarticulado no Rio de Janeiro as instituições de capoeiras como a Guarda Negra, o Corpo de Secretas e as Maltas. Houve um episódio onde levou para o desterro de Fernando de Noronha o filho do falecido Conde de Matozinhos, José Elísio dos Reis, famoso capoeirista conhecido como Juca Reis. Mesmo com a intervenção de Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores, pedindo a soltura do capoeira, Sampaio Ferraz não cedeu.

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