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A ERA DOS EXTREMOS

Por:   •  11/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.792 Palavras (8 Páginas)  •  245 Visualizações

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Universidade Federal da Paraíba

Curso de Relações Internacionais

Disciplina: História das Relações Internacionais na Idade Contemporânea

Professora: Xaman    Turma: 2016.1

Aluno: Lucas da Silva Paulino

Matrícula: 11505220

Aferição de aprendizagem: Resenha do capítulo “O totalirismo no poder” da obra Origens do Totalitarismo

Domínios totalitários se diferem de sistemas unipartidários pois não é simplesmente uma ocupação de cargos por membros do partido ficando assim um centro de poder no partido. Nos movimentos totalitários o Estado passa a ter somente membros do partido que tenham importância secundária. As decisões são tomadas dentro do movimento, o que faz do Estado uma fachada para países não-totalitários. "Acima do Estado e por trás das fachadas do poder ostensivo, num labirinto de cargos multiplicados, por baixo de todas as transferências de autoridade e em meio a um caso de ineficiência, está o núcleo do poder do país, os supereficientes e supercompetentes serviços da polícia secreta"

Já que a inspiração do domínio totalitário é de domínio global, o Exército que é treinado para ameaças estrangeiras traz desconfiança posto que o regime trata outros países como uma oposição interna, como grupos rebeldes_ com isso prefere usar a polícia, o que Hannah Arendt caracteriza como diferença em relação à expansão imperialista. A polícia secreta age quando já não exista oposição real, buscando inimigos objetivos, idealizados antes de tomarem o poder: Ao contrário do inimigo suspeito, o inimigo objetivo é estabelecido pela política do governo, mesmo não demonstrando desejo de derrubar o sistema, é alvo de provocações constantes para que se saiba que ele é inimigo e por "autodefesa" possa ser "legitimamente" aniquilado. Hanna o define como a raciocínio legal de tal regime.

" O dever da polícia totalitária não é descobrir crimes, mas estar disponível quando o governo decide aprisionar ou liquidar certa categoria da população. (...) somente ela confidencia com a mais alta autoridade e sabe que linha política será adotada." Ela tem o monopólio de algumas informações vitais e seus serviços estão totalmente integrados à administração, como argumenta Hannah, ela é o departamento mais eficiente, o verdadeiro ramo executivo pelo qual todas as ordens são transmitidas, cujos agentes são a classe governante.

        Segundo Arendt nessa sociedade a suspeita mútua torna-se vigente nas relações sociais que extende a ação da polícia secreta. Pessoas comuns tornam-se agent provocateur que seria o papel do agente secreto. A propaganda totalitária tem como mote as teorias conspiratórias, com elas todo cidadão no exterior assume uma postura de "agente secreto"

Há um certo rodízio da máquina administrativa que previne que uma estabilização crie lealdades que ligam os membros.

Os locais de detenção são como um buraco negro de esquecimento, onde a polícia torna a vítima jamais inexistente. Essa característica aproxima a polícia secreta a sociedades secretas.

Muito mais que tratar acerca do percurso histórico e da ascensão dos regimes totalitários, o texto da autora Hannah Arendt dá ênfase ao funcionamento da maquina estatal em ambos os regimes nazista e bolchevista. É então explicada a estrutura interna dos regimes totalitários com o intuito de revelar peculiaridades e contradições em seu próprio funcionamento.

O capitulo começa explicando como os regimes totalitários almejam alcançar níveis globais, mas se encontram em um impasse onde a obtenção de poder absoluto normatizaria seu funcionamento e esfriaria o movimento interno do sistema, logo, o líder de um regime totalitário precisa instigar o avanço progressivo do movimento enquanto evita alcançar uma definitiva estabilidade. Discursos ideológicos acalorados mantinham o movimento constante internamente enquanto posicionamentos aparentemente ponderados visavam iludir os Estados não totalitários.

Seja na Alemanha nazista ou na Rússia soviética, as constituições existentes não exerciam qualquer influencia nas ações dos governos, serviam apenas como uma decoração formal, e de nada valiam, sendo ignoradas pelas instituições estatais.

Uma peculiaridade marcante dos regimes totalitários é a dualidade entre partido e Estado formando uma complexa relação, que contrastada entre autoridade real e autoidade ostensiva. Tal relação caracteriza um estado totalitário “amorfo”.

Dentro do regime nazista, o fenômeno de duplicação de órgãos era uma pratica recorrente, onde instituições eram constantemente duplicadas e não se identificava uma hierarquia formal. Tal movimento deslocava o centro do poder de forma que as instituições de mais destaque eram também as menos relevantes, como citado por ARENDT ao dizer que “a única regra do Estado totalitário é que, quanto mais visível é uma agência governamental, menos poder detém; e, quanto menos se sabe da existência de uma instituição, mais poderosa ela é.” (ARENDT, 1973, p. 453). No sistema soviético o deslocamento de poder era semelhante, porem, contava com periódicos expurgos e liquidação do devido aparelho.

O deslocamento do eixo estrutural tornava a fonte central de poder secreta e encobria a mesma em diversas camadas de órgãos similares, como a relação entre a SA, SS e o Serviço de Segurança na Alemanha nazista, que foram eixos de poder em momentos específicos da era totalitarista, pois “na fase inicial do regime nazista, [...], a SA era a verdadeira autoridade e o partido era o poder ostensivo; depois, o poder foi transferido da SA para a SS e, finalmente, da SS para o Serviço de Segurança.” (ARENDT, 1973, p. 450).

Na Rússia, havia entre Estado e partido a presença da NKVD que coexistia como terceiro ator independente e se mantinha como poder real enquanto o poder ostensivo pertencia ao partido. Suas ramificações independentes entre si acabavam por espionar tanto membros do partido quanto pessoas comuns, chegando até mesmo ao ponto de haver “uma NKVD dentro da NKVD”.

Essa constante “rivalidade” entre os órgãos em ambos os regimes totalitários acaba por inviabilizar sabotagens ou conspirações e impedir a concentração de poder estável em um determinado grupo. No sistema totalitário, deter o conhecimento dos mecanismos de funcionamento é deter o poder.

Deve-se então fazer uma clara distinção entre o regime Totalitário e um regime Autoritário, pois enquanto no autoritarismo há uma relação hierárquica clara e uma limitação da liberdade individual, no totalitarismo, a ideia de liberdade tende a ser abolida e a estrutura hierárquica é inexistente, não havendo um intermédio entre o líder (fonte de toda autoridade) e os governos.

A questão da sucessão de liderança se torna secundaria dentro do sistema totalitário, pois apesar de gerar inconvenientes, a permanência do líder não é ameaçada uma vez que o todo sistema depende dele.

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