A Festa do Bode
Por: Amanda Matos • 22/5/2016 • Ensaio • 749 Palavras (3 Páginas) • 262 Visualizações
Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de História
Disciplina: História da América III – FCH432
Docente: Iacy Maia Mata
Discente: Amanda Barreto de Jesus Matos
LLOSA, Mario Vargas. A festa do Bode. São Paulo: Mandarim, 2000. 450 p.
A festa do Bode é um romance lançado no ano 2000, escrito pelo intelectual peruano Mario Vargas Llosa, que tem como plano de fundo a ditadura na República Dominicana (1930-1961), liderado pelo general Rafael Leónidas Trujillo Molina. A obra de Llosa é um delicioso romance histórico que mescla a história de um país com uma “ficção” através da história do personagem principal.
Entretanto, antes de mergulhar nas páginas da obra e estabelecer relações entre a história, se faz necessário um esclarecimento rápido da afinidade existente entre história e literatura. Segundo Sandra Jatahy Pesavento , esta relação tem como narrativa “o real como referente, para confirmá-lo ou negá-lo, construindo sobre ele toda uma outra versão, ou ainda para ultrapassá-lo.”. Portanto, ambos possuem característica que os aproximam em certo ponto, cabendo ao leitor (historiador) fazer a distinção do que é real e do que é imaginário na obra literária e saber utilizá-los.
Indo ao encontro à análise do romance e trazendo a tona elementos históricos trabalhados por Llosa, podemos perceber, dentre outros aspectos, a relação diplomáticas entre os Estados Unidos e as nações ditatoriais na América, aspectos da construção de uma nação dominicana, o anticomunismo e a relação entre a Igreja Católica e o Estado (por vezes conflituosas).
Aprofundando o debate entre a relação do estado dominicano e a nação norte-americana, durante muitos anos da Era Trujillo, esta afinidade foi estabelecida de modo benéfico para ambas as partes. Para Trujillo e todo seu aparato estatal, a República Dominicana era “um baluarte do anticomunismo, o melhor aliado dos Estados Unidos no hemisfério ocidental”. . Os Estados Unidos da América, durante todo o período de Guerra Fria, tinha como objetivo principal o combate ao comunismo, o perigo vermelho, tendo como o apoio e investimento as ditaduras existentes em toda a América . Além da República Dominicana, temos como exemplo a ditadura brasileira (1964-1985), a chilena (1973-1990), a argentina (1966-1973), dentre outras. Todo esse investimento no anticomunismo ganha força devido ao combate a Revolução Cubana, em 1959, liderada por Fidel Castro.
Para fazer promoção da sua figura, Trujillo – conhecido como El Chivo (O Bode, conhecido por esse apelido devido ao seu apetite sexual, especialmente com mulheres novas) – fazia aparições em público, estabelecia relações de apadrinhamento, detinha o controle dos meios de comunicação em massa (todos os jornais pertenciam a sua família). Toda essa estratégia política tinha como objetivo ligar Trujillo a imagem de Pai da Pátria, e a partir disso, ser responsável pela criação da nação dominicana. A figura de superioridade do Generalíssimo estava ligada a sua forma rígida em exercer sua rotina e a cobrança da mesma rigidez
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