A HISTÓRIA DA FILOSOFIA GRECO ROMANA: DOS PRÉ-SOCRÁTICOS AOS HELENÍSTICOS E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO OCIDENTAL
Por: Brenda Mendes • 7/10/2022 • Trabalho acadêmico • 2.374 Palavras (10 Páginas) • 106 Visualizações
A HISTÓRIA DA FILOSOFIA GRECO ROMANA: DOS PRÉ-SOCRÁTICOS AOS HELENÍSTICOS E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO OCIDENTAL
A filosofia é a perseguição do conhecimento último e primordial, a sabedoria em sua totalidade. O conhecimento filosófico é inerente ao indivíduo quando este atinge a sua capacidade de se questionar perante o seu meio: filosofar é a sua necessidade primária. Entretanto, esse campo do pensamento de forma coesa e estruturada só é concebido na figura de Tales de Mileto, que vivia na Grécia Antiga. Preocupado em explicar os fenômenos naturais de forma que não tivessem ligações a mitos, e sim, à razão, tales irá iniciar a busca pelo princípio único originário de todas as coisas, a physis. A physis irá ser adotada pelos intelectuais da época, causando uma revolução na civilização grega antiga, a qual será uma herança recebida de forma gradual e também impulsionadora a outros princípios que ajudarão na formação do pensamento ocidental. Segundo Tales, esse princípio é a causa de todas as coisas, sustentando-se na água, sendo a fonte originária de todas as coisas, a substância última de todas as coisas e o suporte infindável de todas as coisas (REALE; ANTISERI, 2005, pg. 30).
Os filósofos que se apossaram deste princípio foram chamados de Naturalistas, sendo fundamental na busca do logos humano rumo à apreensão da realidade na sua totalidade, fazendo assim surgir posteriormente o que possibilita os avanços no pensamento ocidental: as ciências. Esse período esteve presente entre os séculos VI e V, e sua dissolução se deu através dos sofistas, principalmente, com Sócrates que embarcou na busca por determinar a essência do homem.
Os sofistas transferiram a preocupação filosófica para a totalidade humana, isto é, para o homem e o que lhe concerne, sendo este um agente social, e passava seus conhecimento sob pagamento. Seus temas principais formaram a cultura na qual, nós ocidentais, vivemos: a retória, religião, arte, ética e política. Suas indagações impulsionaram o surgimento do período Humanista, cujo desenvolvimento se deu devido a mudanças econômicas e culturais, já que a expansão comercial superava as barreiras de cada cidade promovendo um contato maior com um mundo amplo.
Protágoras é um célebre filosofo desse período. Seu princípio está calcado na antilogia, propondo o axioma do homo mensura. Por homo mensura, Protágoras entende que um critério absoluto é inexistente, sendo o homem o único critério: “O homem é a medida de todas as coisas”. Portanto para ele tudo é relativo, não existe um verdadeiro absoluto, o que pode ser para você, pode não o ser para mim. Assim, por intermédio do subjetivismo do homem, ensinou seus seguidores a edifcarem o seu mundo e serem os próprios produtores da sua própria história, viajando por diversas cidades gregas por cerca de 40 anos.
Entretanto, foram os sofistas que deram inicio a possibilidade da filosofia moral, apesar de não alcançarem seu objeivo, o de determinar a natureza do homem enquanto homem. Destruíram antiga imagem poética do homem e a imagem tradicional da pré filosofia, porém, não conseguiu construir uma nova. Compreenderam que para o poder reconhecer a si mesmo, este deveria encontrar uma base mais sólida. Foi com Sócrates que essa base filósofica fora encontrada.
Quando a cidade de Atenas tornou-se um importante centro cultural, logo após a vitória dos gregos contra os persas nas chamadas guerras médicas, assim, ficou caracterizada como um berço de influência tanto cultural quanto política e economica, em relação as outras cidades-estados. Nesse contexto histórico desenrola-se os primeiros passos para um período da filosofia comumente conhecido como Clássico ou como muitos preferem designar: período sócratico. Uma vez que o filosofo grego Sócrates é associado como sendo o divisor de águas do pensamento filosófico dessa fase. Em outras palavras, Sócrates redirecionou a filosofia para as questões que envolvem os seres humanos, ocorre um distaciamento da physis e, consequentemente, uma aproximação da psique. Assim, como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra". A cosmogonia e a cosmologia aos poucos foram tornando-se ausentes em detrimento de uma filosofia sócratica que buscava primeiramente a verdade.
Qualquer um que visitasse as praças públicas de Atenas poderia em algum momemto depara-se com um homem corpulento, baixo, nariz chato, boca grande, olhos saltados, vestes rotas, pés descalços, que vagava pelos ambitos da cidade lançando perguntas como “o que é a justiça ?” “O que é o bem?”, mas não em busca de respostas meramente simplificadoras ou adjetivadas, mas em busca do conceito em sí, do que ele chamava de verdade. As caracteristicas físicas e comportamentais faz pensar que esse homem, descrito acima, só pode ser Sócrates. O filosofo possuia um ansia em buscar o conhecimento, pois só em contato com ele que os seres humanos poderiam alcançar a virtude. Sendo assim, Sócrates sempre utilizava-se da indagação, da conversa, do diálogo, isto é, buscava um contato direto com seus interlocutores. Valorizava demasiadamente a modestia, o reconhecimento da própria ignorância, afirmando que um verdadeiro sábio nunca intitulava-se como sábio, justamente por isso a tão famosa alegação “só sei que nada sei”. Para Sócrates, a perfeição humana só conseguiria ser atingida através do uso da razão, para isso, o filosofo deixava um conselho “Conhece-te a ti mesmo”.
Ademais, Sócrates direcionava sua atenção para questões morais, como o dever, o bem e a justiça. Criando assim, um método de indagação que custaria sua vida. O método sócratico tem como objetivo levar o aluno a um processo de reflexão e descoberta. Primeiramente, ele empregava a irônia com o objetivo de desmontar as certezas para o outro reconhecer a própria ignorância. Na segunda parte do método, Sócrates utiliza a maieutica, que consiste na fase em que a verdade é parida, ou seja, “dava luz” a ideias novas.
Portanto, Sócrates não queria um conhecimento vendido semelhante ao dos sofistas, ele buscava um saber natural que o proprio ser humano pudesse encontrar dentro do seu interior, não apenas algo fantasioso. Desse modo, enquanto os sofistas vendiam conhecimentos decorados e relativos, Sócrates queria a troca. Logo, buscou ela até nos seus últimos instantes de vida, defendeu seus principios, incomodando, desse modo, os detentores do poder em Atenas. Levado ao tribunal acusado de não reverenciar os deuses de Atenas, Sócrates foi condenado a morrer ingerindo um veneno denominado Circunta. Por luta por aquilo que todos necessitam: a liberdade de expressão.
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