A HISTÓRIA DAS MULHERES(CULTURA E PODER DAS MULHERES):
Monografias: A HISTÓRIA DAS MULHERES(CULTURA E PODER DAS MULHERES):. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: karollsoeiro • 4/7/2014 • 1.647 Palavras (7 Páginas) • 473 Visualizações
O longo período de invisibilidade feminina
e as formas mais atuais assumidas pela
história das mulheres informam muito sobre o seu lu
gar na disciplina histórica. Tanto trazem
esclarecimentos sobre a escolha dos objetos tais co
mo se apresentam num dado momento para
a história, como informam sobre a maneira particula
r de tratá-los. Decorridos dez anos,
ocorreram mudanças importantes na forma de identifi
car e de analisar os objetos históricos.
No interior deste amplo movimento sobre o qual pouc
as reflexões foram desenvolvidas, a
história das mulheres oscilou entre sistemas muito
variados de exclusão, de tolerância e de
banalização, esse último tema da maior importância
no momento. Colocá-los em evidência
responde a um duplo objetivo: o de permanecer crít
ico com respeito às formulações próprias
à história das mulheres; o de questionar, por outr
o lado, a necessária relação entre este campo
de estudos e o conjunto da pesquisa histórica. Trat
a-se de um projeto ambicioso e sabemos da
dificuldade de colocá-lo em prática: sempre é mais
fácil formular questões do que resolvê-las.
Mas a história não é somente produção de saber, é t
ambém formulação de perguntas. As
questões que suscita e que lhe são propostas são ta
mbém um campo específico de pesquisa,
espaço de reflexão a sempre aberto a uma impreter
ível discussão. Escolher para isto esta
revista, os
Annales,
não decorre do acaso, nem mesmo do desejo de demarc
ar um território
numa publicação que, sem ignorar a história das mul
heres, não lhe tem concedido um grande
espaço
1
. Trata-se, sobretudo, de colocar abertamente quest
ões concernentes aos modos de
análise dos papéis sexuais, matéria da qual a revis
ta tem freqüentemente se ocupado, e de
suscitar indagações quanto às formas pelas quais um
a certa historiografia recente pode
apropriar-se do campo de estudo do masculino e do f
eminino.
2
, vale lembrar um percurso que ni
nguém seguiu nessas circunvoluções. A
partir da constatação de negação e de esquecimento,
a história das mulheres toma seu impulso
em 1970, apoiada à explosão do feminismo e articula
da ao crescimento da antropologia e da
história das mentalidades, incorporando as contrib
uições da história social e dos aportes das
novas pesquisas sobre memória popular. Esse foi o p
eríodo chave dessa produção intelectual:
as militantes dos movimentos feministas fazem a his
tória das mulheres antes mesmo que as
próprias historiadoras a façam. Com esse impulso, a
s universidades abrem-se aos grupos de
pesquisas, reconhecendo seu valor, encorajando trab
alhos e temas. Dois pólos de reflexão
estruturam esta efervescência intelectual: um faz s
urgir as mulheres no seio de uma história
pouco preocupada com a diferenciação sexual; outro
demonstra a opressão, a exploração e a
dominação. Nesse contexto particular, onde a ideolo
gia e a identidade são constitutivos do
objeto estudado, a história das mulheres é antes um
acréscimo à história geral. Nas suas teses,
os homens escreviam sobre este capítulo suplementar
, óbolo simbólico deixado a um
feminismo que os invade. Feminismo, mas não históri
a do feminismo: eis a confusão
sabiamente mantida, quando é necessário destacar um
a coisa da outra. São dois objetos
distintos: a história das mulheres e a história do
feminismo. Seria uma a sub-parte da outra,
parte de uma parte já difícil de ser reconhecida pe
la disciplina histórica? Ou, a articulação
entre ambas não seria algo mais complexo, uma vez q
ue o feminismo histórico excede, por
1
Annales ESC, mars-avril 1986, nº 2, pp. 271-293
Texto publicado em GÊNERO. Revista do Núcleo Transd
iciplinar de Estudos de Gênero - NUTEG V.2-N. 1.
Niterói:
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