A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PE, 1848/1850)

A REVOLUÇÃO PRAIEIRA

(PE, 1848/1850)

Pernambuco continuava sendo a província dos grandes latifúndios de cana-de-açúcar e dos poderosos senhores de engenho. O forte domínio exercido por esses proprietários sobre seus subordinados (pequenos arrendatários, escravos etc.) transformava-os em verdadeiros chefes locais que controlavam as decisões políticas da província.

Dentre as famílias de grandes proprietários pernambucanos destacava-se os Cavalcanti de Albuquerque, que acabaram, praticamente, dominando a política local. Para tornar esse domínio ainda mais sólido, essa oligarquia canavieira distribuía seus membros nos dois imperiais. Portanto, as possibilidades de ascensão social das camadas médias urbanas eram reduzidas, uma vez que os portugueses, praticamente, monopolizavam o comércio, a indústria e o artesanato nas vilas e cidades pernambucanas.

Um grupo de deputados provinciais começou a organizar forte oposição ao domínio oligárquico dos Cavalcanti e ao monopólio comercial dos reinóis. Os opositores, liberais exaltados (de inclinações radicais e de aspirações progressivas e avançadas), tinham suas bases eleitorais nos poucos comerciantes brasileiros, em parte dos senhores de engenho, nos lavradores e bacharéis. Os principais líderes liberais eram: Manuel Nunes Machado, Félix Peixoto de Brito e Melo, Felipe Lopes Neto, Jerônimo Vilela de Castro Tavares e Urbano Sabino Correia de Melo.

Em 1842, esse grupo fundou o jornal “Diário Novo” passaram a ser conhecidos como praieiros ou Partido da Praia. As idéias do grupo se tornaram cada vez mais populares. Em suas acirradas críticas à política local, os praieiros reivindicavam o fim do latifúndio “abusivo e desumano” e o fim do monopólio comercial português.

Além daquele grupo opositor, alguns elementos, não filiados ao Partido da Praia, também contribuíram para engrossar as fileiras contrárias à situação pernambucana. Tal foi o caso do general Abreu Lima, autor do livro O socialismo, cujas ideias influenciaram o movimento. Mas a mais importante contribuição ideológica foi a do republicano e socialista Antônio Borges da Fonseca, que, liderando pequeno grupo, formava a “terceira força” opositora. A presença de ideias socialistas utópicas em Pernambuco denota a influência dos primeiros pensadores dessa corrente, então em voga na Europa.

O movimento opositor cresceu e se fortaleceram através da imprensa, proclamações públicas e debates políticos. Em 1845, uma surpresa: vitória maciça dos praieiros. Sob o governo desses liberais radicais, cujos ânimos até então vinham sufocados, irromperam tumultos, motins, espaçamentos e assassinatos. Em vista dessa situação, o relacionamento entre Pernambuco e a capital do Império tornou-se tenso. Em 1848 Chichorro foi exonerado e, com ele, outras autoridades provinciais pertencentes ao Partido da Praia.

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A saída de Chichorro fez eclodir, no dia 7 de novembro de 1848, a revolução. A população do interior, inflamada pelos acontecimentos, recorreu às armas e atacou seus adversários da Praia. O capitão de artilharia. Pedro Ivo da Silveira, liderando índios e camponeses, organizou uma campanha de guerrilhas. As manobras de Pedro Ivo eram tão bem elaboradas que os próprios chefes militares legalistas o elogiaram.

A revolução teve episódios sangrentos. Antônio Borges da Fonseca, figura influente da província, aderiu ao movimento e, em janeiro de 1849, lançou uma proclamação intitulada “Manifesto ao Mundo”, em que defendia os seguintes pontos:

- voto livre e universal;

- plena liberdade de comunicar os pensamentos através da imprensa;