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A SETE MITOS DA CONQUISTA

Por:   •  23/11/2021  •  Resenha  •  1.708 Palavras (7 Páginas)  •  304 Visualizações

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS DO TRÓPICO ÚMIDO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE XINGUARA

CURSO DE HISTÓRIA

SABRINA AIRES DA SILVA

RESENHA DA OBRA: SETE MITOS DA CONQUISTA ESPANHOLA

XINGUARA-PA

2021

RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

Sabrina Aires da Silva[1]

O historiador Matthew Restall, professor da Universidade da Pensilvânia, especialista em estudos latino-americanos, com áreas em Yucatán e México, Guatemala e Belize, história maia, conquista espanhola e africana na América espanhola. Utilizando-se de abordagens historiográficas contemporâneas, fontes escritas tanto por espanhóis como nativos, busca em sua obra intitulada Sete mitos da conquista espanhola, apresentar uma nova abordagem sobre a colonização europeia das Américas, fazendo uso de seus estudos e pesquisas, principalmente da vivência em sala de aula para produzir esse material.

 Lançado em inglês no ano de 2003 e com versão para o português em 2006, por meio de uma análise detalhada e bem argumentada, o autor dialoga entre os diferentes tipos de explicações sobre a conquista apresentados ao longo dos séculos, XVI ao XX, comparando os escritos gerados no decorrer do processo de dominação, com aqueles escritos em produções historiográficas mais recentes. Sugere algumas outras interpretações, possibilitando que essa discussão proporcione outras propriedades, não definitivas, como diz, sobre esse tema tão debatido. O livro Sete mitos da conquista espanhola é dividido em sete capítulos, onde cada um deles dedicado o historiador vem desmitificando um a um sobre a conquista da América.

Um punhado de aventureiros – O mito dos homens excepcionais é o primeiro capítulo onde o autor trabalha o mito de que os conquistadores eram homens excepcionais, questiona a ideia de como que um pequeno grupo de homens teria conquistado a América e ter dominado um grupo maior de nativos. Apoiado de consistentes argumentos, aponta que nem mesmo Colombo foi tão magnífico visto o que é apresentado na historiografia, quando se fala de descobrimento das Américas, pois a necessidade de permissão e um contrato estabelecido entre a Coroa e o conquistador para a exploração do Novo Mundo, fez com que estes escrevessem cartas exaltando suas próprias feitorias nas novas terras, por meio de Probanzas – uma espécie de prestação de contas para Coroa - remetendo o mito de grandes homens desbravadores.

Para Restall, estes homens aproveitaram para sua própria sobrevivência à aliança com outras nações nativas para vencerem batalhas, logo para ele estes eram na sua minoria despreparados e mal treinados.

O segundo capítulo, Nem remunerados, nem forçados – O mito do exército do Rei Matthew Restall desmitifica o mito de um exército organizado pela realeza castelhana, ou seja a ideia de que os soldados que chegavam na América eram militares. Os conquistadores eram apenas homens, alguns com posses outros não, que recebiam concessões para empreender nas novas terras em busca de melhorias de vida, a encomienda, logo que neste período nem havia exércitos do governo para que tal hipótese tivesse sido fundada, vista a falta de recursos financeiros, armamento em grande escala e nem refinamento na área de navegação, além da adequação de táticas de guerra por se tratar de um novo ambiente diferente da Europa.

Guerreiros invisíveis – O mito do conquistador branco o terceiro capítulo, mito do conquistador europeu branco, que tratava a si mesmo como excepcional para validar sua presença nas novas terras e justificar as concessões régias. Debate-se a tese que os espanhóis sempre foram minorias, porém tiveram constantes ajuda dos grupos nativos, visto que estes nunca foram grupos unidos, havia rivalidade – alguns obrigados a pagar impostos aos que dominavam – o que justifica acordos firmados com os espanhóis para defesa de interesses comum, o apoio massivo dos nativos aos espanhóis foi decisivo na derrocada dos Astecas, mas esta costuma ser minimizada pelas fontes do período. O avanço dos europeus em relação aos povos indígenas é um dos fatores que semearam o terror e a morte entre os nativos. A expedição de Hernán Cortéz foi uma das primeiras a desembarcar da Europa com a finalidade de extrair e se apropriar de riquezas das terras americanas e devido à sua superioridade, este conquistador submeteu a civilização mexicana ao poder da coroa espanhola, uma vez que a sua cultura já conhecia o aço, as armas de fogo e meios de transporte como o cavalo, embora os povos que ali viviam possuíam população muito maior que a dos invasores. O historiador Ruggiero Romano explica que, considerando o violento poder e o uso de cavalos pelos espanhóis, como essencial para consolidar a conquista, chamado este de “La espada”, conquista pelas armas. Apesar dos índios serem em quantidade maior que os espanhóis em número de guerreiros, o armamento este acima desta realidade, uma vez que os tiros de canhões e a presença do cavalo causaram o pavor entre os índios, que os associavam com demônios.

O autor traz ainda à tona trabalhos anteriores ao seu e fontes que revelam que os espanhóis tiveram uma importante ajuda de negros, na maior parte escravos que lutaram nessa conquista e que caíram no esquecimento, o que para ele merecem a atenção dos historiados por se confrontarem ao discurso oficial que omite e oculta a participação negra na chamada conquista espanhola, Considerados pelos espanhóis ótimos combatentes e auxiliares pessoais, os escravos africanos exerceram diversas funções tanto nos campos de batalha como na organização administrativa.

O mito seguinte, título do quarto capítulo Sob o domínio do rei – O mito da conclusão o autor questiona através de diversos argumentos a rapidez da conquista e da colonização realizada no continente americano. O autor traz, que para que as missões de conquista fossem vistas como viáveis pela coroa, os conquistadores citavam de maneira exagerada a qualidade das terras, as riquezas e as facilidades para domina-la, motivo pelo qual estes teriam levado à criação deste mito da conquista rápida e fácil. Entretanto Matthew Restall enfatiza que houve muita diferença entre as diversas localidades da América, sendo única de cada lugar a quantidade de resistência à colonização e a velocidade as quais foram submetidas, apontando ainda que o argumento utilizado pelos espanhóis foi o de que os conflitos de resistência à conquista eram na verdade rebeliões, uma vez que segundo eles a conquista já havia acontecido.  O historiador hispânico John Elliott, no ponto de vista de seus estudos voltados para historiografia espanhola, traz a visão do conquistador, argumenta que é importante para a conquista também como um fator superestrutural, que auxiliou numa união do individualismo presente nas conquistas em si, com um senso de comunidade que viria a possibilitar a conquista da América.

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