A Trajetória Da Criança
Exames: A Trajetória Da Criança. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Condrasisen • 26/3/2015 • 3.114 Palavras (13 Páginas) • 262 Visualizações
A TRAJETÓRIA DA CRIANÇA
Infância e família no Brasil Império.
Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 2, Volume jan., Série 24/01, 2011, p.01-09.
Pensando na história da família e infância no Brasil, desde seus primórdios até os dias atuais, sem duvida, os educadores podem visualizar de forma mais completa conceitos que interessam ao exercício de seu oficio.
Foi com este intuito que, anteriormente, publicamos artigos que abordaram esta temática durante o período colonial.
Agora, dando prosseguimento ao estudo da sensibilidade brasileira, tentaremos estabelecer uma ponte entre a origem mais remota do modo de lidar com as crianças e o contexto presente, através da época imperial.
Assim esperamos contribuir para a construção de uma visão panorâmica do passado que venha a servir para construir um futuro sobre bases mais solidas.
A importância de conhecer a história esta inserida, justamente, em uma tentativa de compreender melhor o presente e a realidade de hoje, para poder planejar melhor o futuro, espelhar-se nas experiências que deram certo no passado e evitar os mesmos erros que foram cometidos.
Além disto, poderemos observar como o tratamento da sociedade para com as crianças foi também sendo modificado.
Embora as práticas contemporâneas em voga possuam raízes em um passado que parece muito distante, na verdade estão próximas.
Disciplina e brincadeiras no período Imperial.
Durante a colonização do Brasil, entre 1500 e 1822, o cotidiano das crianças esteve envolto na exploração da mão de obra infantil.
No entanto, a educação entre os indígenas foi diferenciada, depois assimilada pelo sistema educacional implantado pelos jesuítas.
A expulsão deles do Brasil e a reforma do ensino implantada pelo Marquês de Pombal, fez com que os padres fossem substituídos por sargentos, então atuando como professores.
Por maior que fosse o esforço pombalino em instituir nos colégios uma disciplina militar, entre as crianças, graças à influência indígena e africana, na esfera privada, as brincadeiras e peraltices nunca foram abolidas.
Ao contrário, as reformas pombalinas instalaram uma anarquia que mergulhou o sistema educacional oficial brasileiro no caos.
Sem escolas, tornou-se crescente o número de crianças pobres a perambularem pelas ruas, terminando por contribuir para que ganhassem mais tempo e liberdade para brincar durante o período Imperial.
Os viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, por esta altura, ou ainda os tutores e professores de origem estrangeira de colégios particulares que surgiram, costumavam considerar as crianças brasileiras como endiabradas.
Existem depoimentos de professoras alemãs que consideravam que era impossível ensinar crianças brasileiras, pois nossas enxergavam brincadeiras até nos castigos que eram impostos depois de alguma peraltice.
Os tutores ingleses ficavam estupefatos diante da indisciplina das crianças, principalmente quando comparado com a rígida disciplina britânica em que as crianças inglesas cresciam.
Os franceses também se espantavam com o corre-corre das crianças, mas consideravam compreensivo diante do clima quente e das moscas que infestavam o Brasil, além dos hábitos portugueses.
Existe, por exemplo, uma imagem do Imperador D. Pedro II ainda criança, ao lado de um tambor, um brinquedo, que mostra como no Brasil brincar era permitido até mesmo a um futuro rei.
Algo que era inconcebível na Europa, onde os filhos da nobreza eram retratados somente em poses mais solenes.
Alias, falando em brinquedos, para demonstrar como o caráter da infância foi se alterando e moldando durante o período Imperial, só no Rio de Janeiro existiam doze casas de brinquedos, um numero que não existia nem mesmo nas maiores capitais européias.
Infância e adolescência.
As melhorias nas condições de vida e os avanços da medicina no século XIX, elevaram a expectativa de vida e diminuíram ainda mais a mortalidade infantil, principalmente entre aqueles de renda mais elevada, alteraram o conceito de infância e o momento em que as crianças passavam a idade adulta.
A infância, que antes englobava, ao mesmo tempo, o que entendemos hoje por infância e adolescência, ganhou um novo status, dando direito as brincadeiras, uma vida descompromissada e maior afeto por parte dos pais, outros parentes e demais adultos.
Os indivíduos até 14 anos de idade passaram a ser considerados crianças, ao passo que surgiu um novo termo para expressar a transição para a vida adulta: adolescentes.
Atributos físicos, tal como a fragilidade, passaram a demarcar melhor a divisão entre adultos e crianças, mas diferente de nossa época, eram considerados adolescentes aqueles entre 14 e 25 anos.
Isto porque passou a ser levado em conta também o desenvolvimento intelectual na divisão entre adolescentes e adultos.
De qualquer modo, tanto crianças quanto adolescentes eram envolvidos por toda uma gama emocional que nasceu a partir da afetividade indígena e africana, sendo expressa pelo hábito de posar para fotos que eram oferecidas aos parentes e amigos.
Nestas fotos as crianças aparecem vestidas como pequenos adultos, o que poderia fazer pensar que a sensibilidade em torno da infância sofreu um retrocesso durante o Brasil Império, mas na realidade não foi o que aconteceu.
O advento da fotografia, que era algo recente, fez surgir um hábito que só foi se tornando mais acessível aos pobres aos poucos.
Por aquela altura o objetivo dos fotógrafos era fazer arte, tal como se faz um quadro, alcançando a perfeição que a pintura não podia atingir, daí vestir as crianças com as melhores roupas ou comprar roupas novas para a ocasião.
Um exame mais detalhado sobre os anúncios de jornal da época, os quais ofereciam o serviço de fotógrafos, expressam bem como as fotografias da época não demonstram de todo o caráter da infância no Brasil.
Em quase todos estes anúncios era o texto deixava claro que fotos de
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