A discriminação racial no Brasil
Artigo: A discriminação racial no Brasil. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Nayara555 • 19/9/2013 • Artigo • 898 Palavras (4 Páginas) • 391 Visualizações
A ideia de um Brasil mestiço passa a fazer parte do discurso oficial a partir dos anos de 1930.
Entre os elementos apropriados como parte de uma identidade nacional estão, por exemplo, a
feijoada, a capoeira e o samba. A feijoada deixa de ser uma comida de escravos para se converter
em um prato nacional. Já a capoeira, que havia sido reprimida criminalmente até o século XIX,
torna-se um esporte oficial em 1937. O samba, por sua vez, passa da repressão à exaltação,
contando com patrocínios oficiais também a partir desse período. Mesmo no campo religioso, a
escolha de Nossa Senhora da Conceição Aparecida como padroeira nacional na década de 1930
alimentava essa ideia de um Brasil mestiço. Encontrada imersa no rio Paraíba do Sul, a imagem
escurecida da virgem tornava a santa meio branca meio negra, como os próprios brasileiros. Assim,
muitos elementos associados às culturas africanas trazidas pelos escravos, que eram anteriormente
reprimidos, passam a compor a definição do que seria a identidade nacional brasileira. A unidade
dessa identidade era dada pelo pressuposto de que as diferenças raciais não seriam relevantes, já
que o Brasil era uma nação que exaltava justamente sua mestiçagem.
Você sabia que embora o termo
democracia racial seja, em geral,
associado à obra de Gilberto Freyre,
ele foi, na verdade, cunhado pelo
médico e antropólogo Arthur Ramos,
um dos idealizadores do Projeto
Unesco?
Essa imagem da democracia racial, que passa a
vigorar com grande força, mostrava o Brasil como
uma sociedade inclusiva capaz de integrar de
modo harmonioso as diferenças. Esse mito foi,
ainda, reforçado pelo fato de não ter havido no
país o racismo institucionalizado, tal como houve
nos Estados Unidos ou na África do Sul, por
exemplo. Como consequência, durante muitas
décadas, a discussão sobre raça foi banida dos
debates públicos. Em termos teóricos, o efeito
positivo da adesão à ideologia da mestiçagem era 7
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que ela punha fim às justificativas científicas para o racismo; por outro lado, contudo, isso não
alterava o fato de que o preconceito racial permanecia na vida social brasileira.
No início dos anos de 1950, após o fim da Segunda Guerra Mundial e ainda sob o enorme
impacto do genocídio nazista, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) apoiou a realização de uma série de pesquisas sobre a questão racial. Depois
das atrocidades cometidas na Alemanha em nome da superioridade racial, o objetivo da UNESCO
era tomar o Brasil como o exemplo privilegiado, porque sua experiência em termos de miscigenação
e assimilação era vista como um caso bem sucedido. As pesquisas foram realizadas no Nordeste e
no Sudeste do país por um conjunto de cientistas sociais, principalmente antropólogos e sociólogos,
que chegariam aos mais variados resultados. As conclusões desses estudos convergiam, contudo,
para a ideia de que a democracia racial brasileira era apenas um mito. Os dados sistematizados
mostravam a correlação entre raça ou cor e diferenças socioeconômicas apontando para a existência
do preconceito e da discriminação racial no Brasil.
Uma das obras mais relevantes, realizada no âmbito do Projeto UNESCO, foi a de Florestan
Fernandes, que correlacionava a questão racial às desigualdades sociais. Diferentemente da
perspectiva culturalista, usada
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