A utilização do futebol na Espanha como forma de subordinação das regiões “periféricas” (País Basco e Catalunha) e centralização do poder ditatorial no Regime Franquista (1939-1975).
Por: Emerson Ribeiro • 9/11/2020 • Trabalho acadêmico • 807 Palavras (4 Páginas) • 168 Visualizações
TEMA: A utilização do futebol na Espanha para desintegrar as regiões “periféricas” (País Basco e Catalunha) e centralizar o poder ditatorial no Regime Franquista (1939-1975).
INTRODUÇÃO
O recorte temporal desse artigo busca se ater, principalmente, ao período ditatorial espanhol, conhecido como Regime Franquista (1939-1975), que teve início ao final da Guerra Civil Espanhola, onde estabeleceu um estado autoritário e corporativo e que foi um sistema político ditatorial constituído na Espanha entre os anos de 1939 a 1976, aos moldes fascistas, e liderado Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde, mais conhecido como Francisco Franco. A problemática deste mesmo tem como foco principal as seguintes situações: as constantes tentativas por parte do Generalíssimo de repressões e demonizações às culturas ditas como periféricas (como o exemplo da região das Astúrias, o País Basco e a região da Catalunha); a concentração do comando governamental e monopolização cultural na região madrilenha; a utilização do artifício “futebol” para manipular a sociedade da forma que lhe aprouve, apoiando e financiando em toda sua trajetória ditatorial um único time (Real Madrid) no meio desportivo e a luta pela relevância social, especificamente no regionalismo espanhol. É importante mencionar que as contribuições desta pesquisa trazem um sentido de respeito às diferenças, sejam elas sociais, culturas, religiosas, políticas e esportivas. O caminho do fascismo nunca é o melhor a se trilhar.
Nesse sentido, o futebol foi utilizado tanto como ferramenta manipulatória, pelo ditador, para fomentar seu poder e status, como reação e objeto de orgulho para as regiões deslocadas na centralização desse governo. O futebol serviu confronto sócio-político para expressar as diferenças entre as regiões, mostrando o “orgulho à camisa” dos clubes, como é o exemplo dos clubes do País Basco Athletic Bilbao e Real Sociedad e o clube catalão Barcelona. Esse primeiro com uma ação ainda mais intensa: todos os jogadores que vestem a camisa devem ser ou espanhóis ou franceses, países ao qual a região está inclusa geograficamente, como explica a historiadora espanhola Mariann Vaczi, em sua obra “Futebol, Cultura e Sociedade na Espanha: A Etnografia do País Basco” (em inglês Soccer, Culture and Society in Spain: An Ethnography of Basque Fandom) de 2015.
Manter a política de contratações, no futebol atual, tem uma série de implicações ao Athletic. Antiga potência nacional, já não consegue competir da mesma maneira com Barcelona e Real Madrid. Não obstante, os “leonês” (como é chamado o clube basco) fazem um trabalho incrível dentro de suas possibilidades. Mantêm categorias de base fortíssimas e não precisam vender os seus grandes destaques para fazer caixa – a exemplo de Ander Herrera e Javi Martínez, que saíram após o pagamento da multa rescisória, ou de Fernando Llorente, que esperou o fim do contrato – e, apesar das alternativas limitadas, os bascos seguem competitivos. Porém, todo esse esforço vai para além das questões desportivas, pois esse empenho os conecta ainda mais a sua própria identidade. A forma como Bilbao existe gera um sentido único no País Basco: traz um sentimento carnavalesco de participação comunal, solidariedade, modernidade industrial, localismo, tradição, ritualismo e emoção. O clube funciona como um motor para a região. Sem Bilbao, ela seria incompleta, inconsistente e estéril. Assim, o Athletic Bilbao mostra fidelidade à suas raízes.
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