AS DIFERENTES VIVENCIAS DE USUÁRIOS DE CANNABIS SATIVA NA PRATICA DO CONSUMO EM PONTA GROSSA
Por: Alexandre Witkowski • 25/10/2018 • Artigo • 2.729 Palavras (11 Páginas) • 412 Visualizações
AS DIFERENTES VIVENCIAS DE USUARIOS DE CANNABIS SATIVA NA PRATICA DO CONSUMO EM PONTA GROSSA
Dalleska lopes[1]
Resumo
A cannabis sativa ou maconha é uma planta que é sempre posta em discussão como um assunto muito polemico, pois apesar de na sua descoberta ter sido muito usada como matéria-prima para muitos produtos e obtendo uma importância econômica forte em todo o mundo, toda a sua carga cultural foi o estopim de um preconceito e uma construção social negativa.
E mais polemico ainda é o fato de se ser usuário, seja recreativa ou medicinalmente existe todo um debate em torno disso, geralmente, por ser uma planta criminalizada e proibida por lei no país, esse debate na maioria das vezes também é negativo. Mas a partir de quando uma planta, assim como o alecrim e muitas outras legais, ganhou tal peso? A partir de quando ser usuário de uma planta se tornou crime? E como uma cidade de menos de meio milhão de habitantes lida com essa planta tão famosa e ao mesmo tempo tão repudiada?
Palavra-chave: Cannabis sativa, usuário, Ponta grossa
Introdução
Procura-se a partir da questão de partida “as diferentes vivencias de usuários de cannabis sativa na pratica do consumo em ponta grossa” visando aspectos de relatos de usuários da cidade princesina de diferentes idades e classes sociais.
Justificativa
Objetivos
Analisar historicamente como se construiu a criminalização da cannabis sativa no Brasil e como ela é vivida por usuários de ponta grossa.
Compreender a cannabis sativa cultural e socialmente no Brasil, bem como entender a criminalização da planta no Brasil e mais especificamente em ponta grossa, Paraná. Também compreender quem são os usuários de cannabis em ponta grossa e perceber através dos relatos dos usuários como acontece a criminalização do seu ato.
Origem
Vamos começar pelo começo, a origem da planta cannabis sativa se da em algum ponto da Ásia Central, entre o Mar Cáspio e o Himalaia e só saiu daquela região devido ao Homo sapiens, inclusive, segundo Danis Russo Burgierman, sativa em latim quer dizer “cultivada”, então desde o seus primórdios o homem planta e se beneficia da cannabis. Por ser uma planta muito adaptável, onde o homem levou as sementes ela crescia, seja para se valer dos nutrientes de suas sementes, seja a confecção de cordas com suas fibras resistentes, ela participou da historia por milhares de anos. Na china já havia o conhecimento do seu poder curativo, pelo imperador Shen-Nung, o fundador mítico da medicina chinesa. Na índia a planta faz parte da medicina ayurvédica, no hinduísmo o alimento preferido do deus shiva seria a maconha, por isso que tomar chá das folhas e flores da planta seria uma forma de entrar em contato com shiva. No Budismo, também se faz o uso das sementes da planta para se encontrar com Buda. No oriente médio, com a proibição do álcool, o clamor pela maconha foi fortíssimo, faziam uso através do narguilé, seus famosos cachimbos de água, de lá a maconha entrou em contato com a África onde também prosperou e entrou pras tradições medicinais e religiosas. Na Grécia era feito seu uso em forma de fibras nos navios e do seu uso recreativo, segundo Heródoto, o povo cita tinha o costume de fazer saunas secas com maconha, esse seria o primeiro registro do uso psicoativo da maconha no ocidente. Inclusive esse mesmo povo foi o que levou a sementes para a Europa, fazendo com que na Rússia a produção de tecidos de cânhamo se transformasse na principal atividade econômica e ao longo da idade média ela se espalhou por todo o continente.
Estado de consciência
Chego agora num ponto crucial, o uso psicoativo da planta. A cannabis Sativa seria uma planta comum como outra qualquer, se não fosse a sua produção de THC – delta-9-tetrahidrocanabinol – que serve de protetor solar para a planta, por ela ser originaria de lugares quentes, tipo desertos, ela se cobre toda de THC para se proteger. Porém, além de barrar raios nocivos de luz, ela gruda em algumas moléculas do cérebro de animais, como por exemplo, o homem. Essa molécula é conhecida como receptor de canabinoides que quando acontece essa ligação acarreta em mudanças químicas que provoca efeitos no raciocínio e percepção. Segundo Burgierman “Em 1992 um pesquisador, Ralph Mechoulam descobriu a razão pela qual temos o tal receptor. Ele serve para se ligar a outra molécula, fabricada pelo próprio cérebro, muito parecida com o THC”, ou seja, nosso cérebro produz maconha , não exatamente maconha, mas uma substancia com efeitos iguais a do THC presente na planta. O fato é que o usuário dessa planta sofre efeitos, que ate hoje são complexos de serem explicados. Primeiro que quem faz uso tem o hipocampo afetado prejudicando a memoria de curto prazo, seria o lugar das lembranças recentes serem armazenadas, tornando difícil o registrar do passar de tempo, com isso tendo como consequência o foco exclusivo no presente, sem se ocupar com o passado, deixando o usuários com sentidos mais aguçados, vendo, sentindo coisas que normalmente passam despercebidos se o foco não esta todo no presente, assim acarretando outra consequência, a dificuldade em manter uma linha de raciocínio, ficando mais propenso a associação livre de ideias, dai a sensação do aumento da criatividade e do melhoramento do humor (humor é a capacidade de encontrar ligações inesperadas entre os fatos). Enfim, o usuários não tem sua inteligência afetada, mas sim seu ambiente químico cerebral alterado, facilitando seu raciocínio para algumas atividades e dificultando para outras, assim como o café, o cigarro e o álcool.
Criminalização
Agora pra contextualizar a criminalização da planta no Brasil, vamos falar de Estados unidos no começo do século XX, onde a onda de proibição estava chegando, com a proibição do álcool vinha a vontade do Estado proibir outras drogas.
Desde a primeira guerra o país estava numa onda migratória forte, segundo Burgaman, mais de meio milhão de mexicanos cruzaram a fronteira em 1914. E em 1929 a bolsa de valores quebrou dando origem a principal crise econômica do país, dessa forma a relação dos mexicanos com os americanos que já não era boa ficou pior e os preconceitos vieram à tona. A cannabis era a planta que os mexicanos e negros de classes baixas fumavam (inclusive as tropas de Pancho Villa eram adeptas de um baseado entre cada batalha) o que contribuía ainda mais para o desprezo por parte das classes altas em cima da maconha e aos hábitos mexicanos e causando rumores absurdos ligando tal habito a força sobre humana ( o que causava certa desigualdade na procura de empregos) a promiscuidade e ao crime ( apesar de na época o trafico ser inexistente e a planta nascer nas ruas e não chegar a custar 5 centavos).
...