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AS RELAÇÕES ENTRE O ENVOLVIMENTO INGLÊS NA GUERRA DOS 30 ANOS E SUA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICO-BURGUESA

Artigo: AS RELAÇÕES ENTRE O ENVOLVIMENTO INGLÊS NA GUERRA DOS 30 ANOS E SUA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICO-BURGUESA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/11/2014  •  3.353 Palavras (14 Páginas)  •  408 Visualizações

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RESUMO

O século XVII é definido por Eric Hobsbawm como um período de crise, tanto na esfera econômica, quanto social e politica. Um dos maiores símbolos deste período é a Guerra dos 30 anos, guerra que se estende de 1618 a 1648, envolvendo as principais potências europeias, destruindo cidades e campos e dizimando populações, ao ponto de tal poder destrutivo só poder ser comparado às duas guerras mundiais do século XX.

Concomitantemente a Inglaterra, mesmo com sua posição peninsular no continente europeu, não foi poupada de tais circunstancias que afligiam o continente. Durante este século, a ilha passou por intensos conflitos econômicos, políticos, entre a Coroa e o Parlamento, e religiosos, envolvendo os protestantes e católicos. Além dos problemas de ordem interna, no cenário externo a Inglaterra também se envolveu na Guerra dos 30 anos, participando da aliança anti-Habsburgo. Essas disputas culminaram na Revolução Inglesa, em 1640, que pôs fim ao regime absolutista inglês.

Portanto, o presente artigo procura analisar a influência dos fatores externos, ou seja, a Guerra dos 30 anos nos acontecimentos que levaram a Revolução Inglesa. Em um primeiro momento será feito um panorama geral do conflito 1618-1648, e posteriormente será analisada a Inglaterra e as condições que levaram a guerra civil, focando nos efeitos da Guerra dos 30 anos na sociedade e na politica inglesa.

PALAVRAS CHAVES: Guerra dos 30 anos, Revolução Inglesa.

O SÉCULO XVII

Caracterizado por Hobsbawm como um século de crise em seu texto “A Crise Geral do Século XVII”, cuja ideia central afirma que este período é marcado pelo surgimento dos fatores característicos do capitalismo, como emprego de mão-de-obra assalariada e a competição entre produtores, em um meio cujas estruturas do feudalismo, como a servidão e o monopólio comercial, entrave a competição entre produtores, consistiam fortes barreiras para a expansão capitalista. De modo que a crise era resultado do surgimento e expansão do capitalismo em um meio caracterizado pelo predomínio da ordem feudal, assim sua força produtiva, baseada na subsistência, limitava a expansão deste novo modelo, baseado na produção em massa.

A crise tomou forma com a queda da produção agrícola, na redução do envio de metais preciosos oriundos das Américas, no colapso monetário e consequentemente a diminuição nas trocas comerciais, destacando as regiões do Mediterrâneo e do Báltico, conflitos armados e pestes. Ainda deve-se destacar a Contrarreforma católica, resposta da Igreja a reforma iniciada por Martin Lutero, responsável pelo fortalecimento da Santa Inquisição, tamanha era sua força que até mesmo parte da nobreza e da Igreja passou a temê-la.

Neste cenário, o papel desempenhado pela Guerra dos 30 anos não foi de ser o causador desta crise, mas um dos elementos intensificadores de um clima marcado pelo medo, intolerância e pela violência generalizada.

A GUERRA DOS 30 ANOS

A Europa do século XVII é retratada por Geoffrey Parker, em seu livro “La Guerra de los Treinta Años”, e por Paul Kennedy, em seu livro “Ascensão e Queda das Grandes Potências”, pela falta de uma hegemonia, revelando assim, um relativo equilíbrio entre os principais atores europeus, a França, Holanda, Inglaterra e o Império Habsburgo. Este último era formado pelas coroas espanhola e austríaca, abrangido o México, Peru, Filipinas, Portugal, Espanha, Lombardia, Nápoles, Sicília e parte da Costa da África. Devido a tamanho poder, naturalmente os Habsburgos despertavam inimigos.

O Velho continente do período também é caracterizado pela intensificação das questões religiosas, derivadas da revolta iniciada por Lutero e da Contrarreforma católica, permitiram acrescentar mais este elemento nas disputas entre as casas dinásticas, refletindo o surgimento de uma profunda divisão na sociedade europeia.

Ambos os fatores, a própria lógica dos estados europeus, ou seja, a busca por poder, e o conflito religioso, entre protestantes e católicos, transformaram um potencial conflito em realidade. Tais elementos coincidiam, pois

... os mais destacados e poderosos monarcas Habsburgos (...) foram também os mais militantes na defesa do catolicismo. Em consequência, tornou-se virtualmente impossível separar o poder politico das tendências religiosas existentes nas rivalidades que assolaram o continente nesse período (...) as rivalidades nacionais e dinásticas se tinham agora combinado com o zelo religioso para fazer os homens lutarem quando antes poderiam inclinar-se a concessões...

Assim a característica marcante da politica europeia no século XVII é a forte correspondência entre religião e politica, sendo uma tarefa quase impossível separa-las quando se procura analisar as tomadas de decisão dos estados europeus do período.

Antecedentes do conflito

A Guerra dos 30 anos não é um episódio isolado na historia europeia, ela faz parte de um conjunto de guerras que devastaram a Europa. Os Habsburgos possuíam poderosos inimigos, de modo que a paz era um período de exceção. Paul Kennedy destaca a extensão de suas batalhas, eles travavam constantes guerras contra o Império Otomano; tentaram por fim a Revolta da Holanda da década de 1560 persistindo até 1648, citada por alguns autores como a Guerra dos 80 anos; havia também disputas com a França, devido às pretensões desta sobre territórios na península italiana, gerando uma serie de conflitos no século XVI.

A Inglaterra, por sua vez, também possuía rivalidades com a casa dinástica dos Habsburgos. O envio de tropas espanholas para os Países Baixos em 1560 e a anexação de Portugal e suas colônias pela coroa espanhola, passaram a preocupar os ingleses, já que o equilíbrio no continente era necessário para manter a autonomia da ilha, levando a rainha Isabel I a enviar ajuda militar aos holandeses. Paralelamente, durante o século XVI, corsários ingleses interceptavam navios espanhóis carregados com ouro e prata oriundos da América Espanhola, aumentando a tensão entre ambos os lados.

Com o inicio do século XVII, houve uma escalada nos conflitos religiosos entre os principados germânicos, assim

Com o avançar do século XVII, a rivalidade entre a União Evangélica (fundada em 1608) e a Liga Católica (1609) intensificou-se. Além disso, os Habsburgos espanhóis apoiavam fortemente seus

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