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Análise Metodológica: MONTEIRO, Charles. Imagens sedutoras da modernidade urbana reflexões sobre a construção de um novo padrão de visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950.

Por:   •  14/12/2021  •  Ensaio  •  1.864 Palavras (8 Páginas)  •  132 Visualizações

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ANÁLISE METODOLÓGICA

MONTEIRO, Charles. Imagens sedutoras da modernidade urbana: reflexões sobre a construção de um novo padrão de visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 27, nº 53, p. 159-176, 2007

Autora: Marieli Fernandes,

graduanda em história

pela Universidade Federal

de Santa Maria (UFSM)

O artigo “Imagens sedutoras da modernidade urbana: reflexões sobre a construção de um novo padrão de visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950” foi escrito por Charles Monteiro e publicado na Revista Brasileira de História, v. 27, nº 53, p. 159-176, em 2007. O ensaio é o resultado parcial da análise da representação da cidade de Porto Alegre em fotorreportagens da Revista do Globo entre 1950 e 1960. Posteriormente, tais estudos fizeram parte do “Fotografia, História e Cultura Visual: Pesquisas Recentes”, organizado por Charle Monteiro e publicado em 2012 pela EdiPUCRS.

Charles Monteiro concluiu seu doutorado em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 2001, com bolsa CNPQ e bolsa sanduíche CAPES, 1998-99, na Université Lumière (Lyon 2/ França). Posteriormente, de 2013 a 2014 fez pós-doutorado (Estágio Sênior com bolsa CAPES) em História Cultural e Social da Arte na Université Paris Panthéon - Sorbonne (2013-2014) sob supervisão de Michel Poivert. Suas principais áreas de estudo são: História e Imagem, Fotografia e Cultura Visual, História e Memória, História e Literatura, História Urbana do Brasil nos séculos XIX e XX. Atualmente é coordenador do Núcleo de Pesquisa Arte, Imagem e Cultura Visual e coordenador de Pesquisa da Escola de Humanidades da PUCRS.

O contexto histórico no qual as fontes estão inseridas, a Porto Alegre de 1950 a 1960, foi marcado por modernizações urbanas nas regiões centrais da cidade. Concomitantemente, com

  • falta de políticas públicas dos meios urbanos para receber a grande migração das populações de áreas e estados mais agrícolas para os industrializados, exacerbou condições de trabalho em os problemas de infraestrutura enfrentados nas periferias (MONTEIRO, 2007, p.172).

No mesmo intervalo as revistas não só expandiram-se, mas também passaram a adotar modelos de reportagens mais rápidos e dinâmicos, apoiados no uso da fotografia, como vinha acontecendo na europa e nos EUA desde os anos 20 (MONTEIRO, 2007, p.163). E é a partir dessa inovação: as fotorreportagens, que o estudo de caso de Monteiro estrutura-se. O corpus documental principal da pesquisa completa foi composto pelas fotorreportagens de 135 Exemplares da Revista do Globo que faziam referência à cidade de Porto Alegre entre 1950 e 1960, contudo, somente uma amostra está presente no ensaio, considerando que este apresenta

resultados parciais. A escolha da revista Revista do Globo, fundada em 1929, deu-se em especial, por esta ter configurado-se como o periódico quinzenal mais consumido no Rio Grande do Sul na época analisada, cujo público, segundo Monteiro (2007, p.173), em geral, era composto pelas elites e classes médias urbanas..

A partir desse corpus documental Charles Monteiro realizou um Estudo de Caso cujo o objetivo era estabelecer uma análise crítica da imagem de um país em constante modernização, desenvolvimento e progresso vendida pelas fotorreportagens e “compreender a construção de uma nova visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950” (MONTEIRO, 2007, p.159).

Em relação às metodologias utilizadas na análise de fotografias, o autor encontra um campo ainda em pleno processo inicial de sistematização. Sobre isso Solange Carvalho e Vania Lima Afirmaram que:

Apesar da disseminação das máquinas instantâneas e do aumento considerável de pesquisas relacionadas a fontes fotográficas, até os anos 2000 ainda existia uma grande heterogeneidade nos métodos de análise imagéticos (CARVALHO; LIMA, 2000, p. 24., apud, MAUAD, 2005).

Nesse sentido, o Monteiro, por meio deste artigo e, principalmente, de “Fotografia, História e Cultura Visual: Pesquisas Recentes”, livro que organizou, esforçou-se, no sentido de compilar diferentes metodologias. Em “Imagens sedutoras da modernidade urbana: reflexões sobre a construção de um novo padrão de visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950”, especificamente, ele utiliza majoritariamente uma interpretação da metodologia do artigo Na mira do olhar: um exercício de análise da fotografia nas revistas ilustradas cariocas, na primeira metade do século XX, de Ana Maria Mauad, publicado em 2005, nos Anais do Museu Paulista. São Paulo. Todavia também inspire-se em diversos outros autores, como Vilém Flusser, Roland Barthes e Philippe Dubois.

Para Mauad (2005, p.150) a metáfora melhor corresponde à ideia de metodologia é a de uma receita de bolo: existem passos a serem seguidos, mas também existe liberdade para o confeiteiro adicionar algum ingrediente à gosto. Pois é exatamente isso que Monteiro faz, ele pega a receita de Mauad e vai adicionando a ela seus próprios temperos segundo as necessidades específicas de sua pesquisa.

O autor analisa os três principais aspectos das imagens visuais: a questão da produção, a questão da recepção e a questão do produto (MAUAD, 2005, p. 135). Na questão da produção está implicada a natureza híbrida da produção fotográfica, que é parte tecnológica parte

subjetiva, em relação a esse aspecto, Monteiro busca como referência o filósofo checo-brasileiro Vilém Flusser (FLUSSER, 2002, apud, MONTEIRO, 2007, p. 160). A

questão da recepção, por sua vez, está ligada tanto ao valor dado à imagem pela sociedade que a produz, como pela sociedade que a recebe, contudo, Monteiro (2007, p.173), acredita que ainda faltam estudos para compreender como as revistas eram recebidas pelo público porto-alegrense. Por fim, a questão do produto trata da imagem como processo narrativo, estabelecendo diálogo com outras referências culturais, verbais ou não verbais (Mauad, 2005, p. 135). Para analisar as minúcias da imagem com produto Monteiro seguiu o sistema de “espaços” de Mauad dividido em cinco categorias: espaço fotográfico, espaço geográfico, espaço do objeto, espaço de figuração e espaço de vivência (MONTEIRO, 2007, p.172).

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