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Análise do artigo Zumbi dos Palmares

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Por:   •  25/2/2015  •  Resenha  •  2.593 Palavras (11 Páginas)  •  329 Visualizações

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O artigo, ou estudo, ou trabalho, com o título acima, apresentado no site http://www.vidaslusofonas.pt , em prosa muito bem redigida, contém no entanto alguns detalhes, importantes demais para que se lhes chame somente detalhes, que levam a fazer as observações que se seguem.

Em primeiro lugar, mostrando-se bem documentado, estará possivelmente demasiado bem informado, porquanto, de acordo com pesquisadores e historiadores, ninguém sabe:

- quando terá nascido o homem que ficou na história como o famoso Zumbi dos Palmares;

- também ninguém sabe, porque não há qualquer registro disso, que Zumbi fosse sobrinho de Ganga Zumba;

- muito menos que Ganga Zumba fosse filho de uma Princesa chamada Aqualtune;

- do mesmo modo como não há qualquer confirmação sobre a hipótese de Zumbi ter sido o menino que o padre Antônio Melo recolheu e educou. Sabe-se unicamente que este padre educou um garoto que um dia fugiu e se terá tornado um dos chefes ou capitães de Palmares;

Seguindo os historiadores, que se baseiam em documentos da época,

- no final da Guerra dos Palmares, um membro do exército luso-brasileiro escreveu que viu Zumbi jogar-se do alto de um penhasco para não ser aprisionado;

- outro afirma que o feriu e matou durante um dos combates;

- um terceiro garante que depois de morto cortou a sua cabeça e a levou para Recife;

- ninguém afirmou que Zumbi tenha levado dois tiros mas conseguido escapar;

o que nos leva a concluir que haveria vários Zumbi em Palmares, ou que o termo Zumbi designasse por exemplo um capitão ou chefe de um quilombo.

Ainda as mesmas fontes afirmam que para acabar com a resistência - heróica, sem dúvida - dos palmarinos, foi pedido ao Governo que mandasse canhões, mas quando estes finalmente chegaram, tinha já acabado a guerra e nem um só tiro de canhão foi disparado.

A serem fidedignas as fontes apresentadas pelos estudiosos, que não vão citadas para não tornar esta análise fastidiosa, constata-se que a introdução ao artigo sobre Zumbi dos Palmares, parte de premissas erradas, para não dizer demagógicas.

A seguir, o texto malha, forte e feio, em Gilberto Freyre. É moda. Agora é moda bater em Gilberto Freyre. É demagógico. A chamada vertente política esquerdista descobriu mais alguém em quem descarregar a sua amarga verve. O Senhor (com letra maiúscula) já morreu, e não tem como se defender. Nem sequer da afirmação sobre a mútua simpatia entre Gilberto e Salazar!

Que tremenda inverdade! Basta consultar a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira" e tentar encontrar o grande mestre sociólogo. Nem em Freyre, nem Freire. Não aparece. E a enciclopédia, letra F, é de 1946, quando "Casa Grande e Senzala" tinha já 14 anos e 5 edições. Não aparece simplesmente porque o seu amigo Salazar não gostava de Gilberto Freyre.

Gilberto Freyre nunca teve a menor necessidade da compreensão ou amizade de Salazar.

O seu curriculum é demasiado extenso, mas só para avivar um pouco a memória, basta dizer que em 1954 foi feito Sir pela Rainha Mãe na Universidade de Columbia, onde recebeu o título Honoris Causa, bem como em Oxford, Cambridge, Harvard, Salamanca, Sorbonne, Heidelberg, etc., etc., além dos muitos prêmios e honrarias que o seu país, o Brasil, lhe havia já atribuído.

Muitos Salazares amigos haveria nessa época, ou... ?

Só em 1962 é que Salazar compreendeu a importância das teses de Gilberto Freyre para a continuação da sua política colonial, e então solicitou à Universidade de Coimbra que, para compensar todos os anos que Portugal tinha perdido em reconhecer o grande Mestre, lhe conferisse o título de Doutor Máximo. Aliás justíssimo.

Depois, em 1967, ainda no tempo de Salazar foi-lhe conferida uma alta condecoração - Grã Cruz da Ordem de Cristo - e bem mais tarde ainda, o tal Salazar bem morto e enterrado, em 1984, sendo Primeiro Ministro o socialista (e muito perseguido pela famigerada PIDE) Mário Soares, novamente Portugal se sentiu honrado ao conferir-lhe outra condecoração, a Grã Cruz da Ordem de Santiago.

Sou um admirador de Gilberto Freyre? Sem dúvida.

Prosseguindo na análise sobre o trabalho em questão, só mais umas linhas sobre o lusotropicalismo:

- nos democráticos Estados Unidos da América, só em 1958 é que os negros tiveram assegurado o direito de andar de ônibus (autocarro), para o que foi necessária uma sentença da Corte;

- na África do Sul, um prolongamento das democráticas Holanda e Inglaterra ...

Naquele tempo, no Brasil como em todo o resto do mundo, a escravatura era uma situação considerada normal. De facto. Hoje reconhecemos que era uma aberração. Uma monstruosidade como foi a divisão de África, patrocinada pela Inglaterra, França e o rei dos belgas, em que acabou entrando a Alemanha e Itália para não perderem a possibilidade de comer uma parte do bolo. Portugal, a muito custo ficou também com a sua parte. Já por lá circulava há muito tempo.

Muito antes disso, desde vários séculos antes, já havia padres não brancos, como o primeiro Bispo do Congo, e não só, a explicar a Bíblia ao povo negro.

Mais adiante o texto diz que, lá nos quilombos, de escravos não precisam eles. Outra inverdade ou falta de informação, quando se sabe que muitos dos próprios quilombolas tinham seus escravos, como também, por incrível ou caricato que pareça, até escravos havia que tinham escravos de sua propriedade!

Daí a dizer que em Palmares todos eram iguais, como terá sido a utopia do comunismo ou do socialismo científico, tão em voga na primeira metade deste século XX, que está a terminar, vai uma distância imensa. Aliás não vai sequer qualquer distância porque no fundo os homens, sejam eles pretos, brancos, amarelos, vermelhos, azuis, socialistas, democratas, comunistas, animistas, cristãos, candomblistas, islamitas, judeus... são todos iguais. Sempre houve, e haverá, os mais fortes que viverão da exploração dos mais fracos.

Só houve Um que não pensava assim. Acabou pregado num madeiro.

Tem

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