Análise do filme 300: abordagens sobre realidade e ficção baseadas na antiguidade clássica
Por: Carla Marsola • 4/6/2016 • Resenha • 805 Palavras (4 Páginas) • 2.230 Visualizações
Análise do Filme 300
Por Carla Marçola
300 foi publicado em 2007, nos Estados Unidos, pelo diretor Zack Snyder, que se baseou na graphic novel: ‘Os 300 de Esparta’, de Frank Miller. O filme recebe este nome por retratar a Batalha de Termópilas, na qual 300 espartanos vão à luta contra os invasores persas.
A iluminação do filme é predominantemente escura, com cores vermelhas, preto e cinza, o que traz sentimentos fortes ao expectador, causando angústia, tensão, mistério e certo medo, situações normais perante o gênero do filme, caracterizado como fantasia e guerra.
O roteiro consiste na narração inicial do guerreiro espartano Dilos, que conta os atos heroicos do Rei espartano, Leônidas, que foi tirado de sua mãe, ainda quando criança, e levado para o treinamento que os espartanos eram submetidos, situação que revela a importância que estes davam ao exército e à guerra, que tinha por função proteger o Estado ou a Polis.
Leônidas, casado com Gorgo, ao descobrir através de um mensageiro enviado pelo Rei Xerxes da Pérsia, que pretendia invadir seu território, reuniu 300 soldados que enfrentaram os persas. O filme segue baseado neste enredo, então, os soldados espartanos dirigem-se ao desfiladeiro de Termópilas, que os favorecia, já que a geografia local diminuiria o número de inimigos. Os espartanos vencem várias batalhas, através de cenas fantásticas de lutas destes contra os persas. A música presente nos momentos de ataque, os gritos dos soldados, os diálogos curtos, momentos de silêncio e o choque dos metais das lanças nos escudos mostram a ação do filme, indicam momentos de tensão no expectador, que se aflige ao querer descobrir o fim da história, que a princípio mostra que a braveza dos gregos humilhará os persas.
O forte Rei espartano, segura os persas por três dias, mostrando novamente a força e preparação deste exército, que contou também com a participação de povos gregos que não eram de Esparta. Entretanto, um traidor informa aos inimigos um caminho secreto, fazendo com que os 300 soldados sejam encurralados por estes últimos, fazendo com que os gregos percam a batalha, mas não a guerra.
O longa dispõe de edições e efeitos fantásticos que evitam o cansaço do leitor. Cenas de ação e movimento são constantes, acompanhadas de muito sangue e efeitos sonoros. O filme apresenta intercalos de cenas longas e curtas, sendo que, as primeiras, por conterem muita ação e diálogos sem demasia não são cansativas ou tediosas.
Como já mencionado, o filme trata da Batalha de Termópilas, em 480 a.C., relatando o problema das disputas entre espartanos e persas, em que, os primeiros buscavam proteção territorial, pois, os segundos, almejavam a ampliação de sua área, ameaçando a invasão do território grego. Esta situação é abordada com favoritismo aos guerreiros gregos, derrotados na batalha. Pode-se dizer também que o filme é neoconservador, pois a produção norte-americana buscou assimilar os espartanos com os soldados americanos que lutam contra os povos localizados na região da antiga Pérsia.
Em suma, conclui-se que, a obra cinematográfica apresenta êxito ao seguir a proposta do diretor/produtor, que buscou seguir fielmente as histórias em quadrinhos de Miller, mas divergiu em certos pontos do real acontecimento, como no decorrer de algumas cenas em que a figura de Xerxes aparece caracterizada como um andrógeno, usando pouca roupa e, em certas cenas, como covarde, o que se pode contestar, pois naquela época, segundo historiadores, a figura do rei não se apresentava desta maneira. Outro ponto em que o filme diverge do real é na encarnação do deus persa na figura do Rei, deus este que, historicamente, não é humano. Outra divergência apresentada é em relação às mulheres, pois, naquele tempo, a mulher não tinha direitos políticos e nem era valorizada como no filme, que representa a exuberância, autoridade e beleza feminina nas cenas da Rainha Gorgo, que tenta buscar apoio para seu esposo Leônidas, mostrando sua influência e poder, inviáveis naquela época. Vale lembrar que a importância e função feminina era a reprodução de bons guerreiros.
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