Apologia da História ou Oficio do Historiador Capítulo II
Por: Thais Lima • 15/8/2016 • Resenha • 1.275 Palavras (6 Páginas) • 770 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DE TRÊS LAGOAS
CURSO DE HISTÓRIA
INTRODUÇÃO À PRÁTICA DE ENSINO E DE PESQUISA EM HISTÓRIA
PROF. VITOR OLIVEIRA
ALUNO(A): THAIS FERREIRA LIMA
ANÁLISE TEMÁTICA
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001
Três Lagoas-MS, 01 de agosto de 2016
CAPÍTULO II – A observação histórica
Nesse segundo capítulo, o autor nos introduz a concepção das características gerais da observação história, que consiste em constatar elementos que possam vir a complementar a investigação ou até mesmo questiona-la. Apresenta os conceitos de testemunhas e vestígios e, principalmente, mostra que a busca por fatos, de forma alguma, consiste apenas em documentos escritos.
Já em seu segundo tópico, irá apontar os variados tipos de testemunhos e como eles podem contribuir para a investigação de forma intencional ou não, chamando atenção para a necessidade de uma boa percepção para intermediar um diálogo entre os mais diversos materiais, fontes e testemunhos.
Por fim, Bloch nos mostra a dificuldade em transmitir tais testemunhos e que esses, muitas vezes, são impossibilitados de serem transmitidos. No entanto, expõe a beleza intrínseca na dificuldade de transmitir tais conhecimentos e assinala a importância de compreender a fundo o que se pesquisa para que essa transmissão possa, de alguma forma, encantar e despertar sempre o anseio pela investigação histórica a fim de sempre aperfeiçoar e manter a história em seu movimento constante.
- Características gerais da observação histórica
Nesse primeiro tópico, Bloch inicia introduzindo a ideia de que o historiador sempre estará impossibilitado de constatar os relatos sobre o objeto que estuda pelo fato de que, dificilmente, presenciara tal ocorrido. Com essa concepção, o autor induz o leitor a observar o historiador como um investigador que busca reconstruir um crime ao qual não assistiu e, portanto, necessita de testemunhas para que consiga captar as mais variadas observações sobre um mesmo fato histórico. Assim, ressalta a suma importância da coleta desses diversos testemunhos, mostrando-nos que a visão e percepção de um espectador nunca terá uma total amplitude pois, talvez, não seja algo que lhe desperte o interesse ou atenção “porque no imenso tecido de acontecimentos, gestos e palavras de que se compõe o destino de um grupo humano, o indivíduo percebe apenas um cantinho, estreitamente limitado por seus sentidos e sua faculdade de atenção” (BLOCH, 2002, p.70).
Outro apontamento importante do autor é o peso desses testemunhos na construção do conhecimento histórico, porque segundo Marc Bloch (2002, p. 70) “[...] todo conhecimento da humanidade, qualquer que seja, no tempo, seu ponto de aplicação, irá beber sempre nos testemunhos dos outros uma grande parte de sua substância”.
Ainda sobre testemunhos, somos apresentados a experiência de testemunhos indiretos que transcorrem através do tempo. Para Bloch, quanto mais recuamos no tempo, mais questionamos sobre a veracidade desses testemunhos, pois em sua visão, observar um passado distante “Fica como que no fim de uma fila na qual os avisos são transmitidos, desde a frente, de fileira em fileira. Não é um lugar muito bom para se ser informado com segurança” (BLOCH, 2002, p. 71).
Com base nisso, o autor nos chama a atenção para os vestígios deixados através do tempo que podem, de alguma forma, complementar o entendimento ou até mesmo sobrepor-se a testemunhos. Vestígios, para Bloch (2002, p. 73), nada mais é que “[...] a marca, perceptível aos sentidos” e esses vestígios proporcionam ao historiador, de certa forma, um contato direto com o passado do objeto estudado, podendo enriquecer ainda mais o conhecimento do passado, pois segundo o autor, encontrar vestígios faz com que a história esteja sempre em progresso, renovando e aperfeiçoando-se.
No entanto, apesar de todos os benefícios que vestígios e testemunhos podem oferecer para o entendimento do passado, esses mesmos podem vir a ser tiranos. Segundo Bloch, o passado tirano nada mais é do que aquilo que se escolhe deixar ou que se deixam revelar, fazendo com que a compreensão acerca do objeto de estudo possa ter, de certa forma, tendenciosa.
Apesar da dificuldade na busca por conteúdos que enriqueçam o fato estudado, é de suma importância entender que nem sempre o historiador obterá a resposta de todas as perguntas, mesmo após muita busca. Para o autor, é necessário compreender que existe honra em manter-se na ignorância mesmo após a avidez por conhecimento.
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