RESENHA SOBRE A INTRODUÇÃO DO LIVRO “ APOLOGIA DA HISTÓRIA, OU, O OFÍCIO DO HISTORIADOR”
Por: Camile Barros • 23/11/2018 • Trabalho acadêmico • 772 Palavras (4 Páginas) • 366 Visualizações
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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
CAMILE BARROS DOS SANTOS
RESENHA SOBRE A INTRODUÇÃO DO LIVRO “ APOLOGIA DA HISTÓRIA, OU, O OFÍCIO DO HISTORIADOR”
Salvador
2018
Apologia da história
BLOCH, Marc Leopold Benjamin, Apologia da história, ou, O ofício de historiador (Introdução). 159 páginas. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
Tendo em vista identificar o objetivo do estudo da história, Marc Bloch em seu livro Apologia da história, apresenta uma escrita cativante e apaixonada sobre o tema. É possível identificar o seu prazer pela ciência histórica em suas palavras meticulosamente elaboradas e envolventes. Bloch, em sua obra esclarece de forma eficaz que o estudo histórico é a produção do homem e não fruto da natureza, utilizando ainda da antropologia para apresentar a fundo os princípios desse estudo.
A princípio, o livro aborda o questionamento do filho do autor sobre o que é a história, a indagação poderia ser vista como pueril, contudo Bloch apresenta uma visão de admiração, ele demonstra interesse pela dúvida da criança no trecho “Alguns, provavelmente, julgarão sua formulação ingênua. Parece-me, ao contrário, mais que pertinente.” Tal interesse, segundo o autor, é devido à pergunta representar a genuidade que é a história, retratando assim a essência do estudo.
“A história é portanto, a ciência dos homens no tempo” é o trecho onde Bloch oferece uma reflexão respeitosa. O que seria a história, se não o homem no decorrer de sua evolução tentando sempre compreender e aprender culturas, sociedades e acontecimentos? É este o objetivo dessa ciência, a compreensão dos eventos humanos, e devido a isso houve momentos em que a própria história como estudo foi vista como algo dispensável e sem importância, pois o conhecimento acabou por ser subestimado e desvalorizado.
A visão positivista de Augusto Comte é abordada no texto, tratando-se da escola metódica, que visa objetividade absoluta no estudo, Bloch considera como rígida, indo contra ao pensamento comtiano. A escola metódica transforma a ciência histórica em “historizante”, o estudo fica embasado em documentos e fatos escritos, e o pensamento do autor é mais incrementado, afirmando que a história é muito mais além que uma ciência restrita.
Torna-se imprescindível concordar que ao seguir os pensamentos comtianos, seria como já citado por Marc Bloch - em uma outra situação da introdução de seu livro - “Infligir à humanidade uma estranha mutilação recusar-lhe o direito de buscar, fora de qualquer preocupação de bem-estar, o apaziguamento de suas fomes intelectuais.” Acreditando-se que o estudo restritivo não é nutritivo, por não permitir a pesquisa e a busca intelectual da história, mas algo fixo naquilo que se está escrito e já explicado, resultando então em uma insaciedade em mentes ociosas.
O estudo abrangente é a chave para um conhecimento notório. Em A teoria da história de José d’Assunção de Barros - onde o livro traz a reflexão da constituição do campo disciplinar - é possível correlacionar suas ideias com a de Bloch, quando Barros afirma no capitulo I de seu livro “O exterior de um campo de saber é tão importante para uma disciplina como aquilo que ela inclui”, ou seja, não é apenas utilizar de redes humanas (contribuintes com pesquisas, textos, comentários), mas também da relação interdisciplinar, que é de fundamental importância para o desenvolvimento da ciência histórica.
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