Aromaticidade - Evolução Histórica Do Conceito E Critérios Quantitativos
Artigo: Aromaticidade - Evolução Histórica Do Conceito E Critérios Quantitativos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: AmandaKell • 8/4/2014 • 855 Palavras (4 Páginas) • 485 Visualizações
Alguns registros históricos indicam que a palavra “aromático” começou a ser utilizada por volta de 1800 para classificar as substâncias e os óleos essenciais provenientes de algumas plantas de utilidade medicinal.1 Entretanto, o termo “aromático” só foi utilizado pela primeira vez na literatura em 1855 por Hofmann2 em seu trabalho com ácidos orgânicos. Desde então, os termos aromaticidade/aromático têm sido encontrados em inúmeros trabalhos, tornando-se um dos mais recorrentes da química moderna.3,4,5,6,7,8,9 Por exemplo, a realização de uma busca pelas palavras aromaticidade e aromático junto ao sítio Web-of-Science,10 revelou que entre 2005 e 2007 foram publicados mais de 24 trabalhos/dia na literatura geral sendo mais de 15 trabalhos/dia somente na área de química. Nesta busca, foi considerada a localização destes termos em qualquer local do texto. Além disso, revistas renomadas como o Chemical Reviews e o Physical Chemistry Chemical Physics já dedicaram alguns de seus fascículos especialmente à aromaticidade e temas relacionados.11
Ao longo da história da química foram realizadas inúmeras tentativas de explicar o fenômeno da aromaticidade, no entanto, grande parte destes esforços acabaram sendo questionados ou complemen- tados por contra-argumentos, a exemplo de tantas outras situações na história das ciências. Pode-se assim dizer que o fenômeno da aromaticidade é de fato complexo e multidimensional, ou seja, apesar de não ser uma observável física, pode ser caracterizado através de diferentes critérios (geométricos, energéticos, magnéticos e topológicos) que apresentam certo grau de correlação.11 A classificação dos compostos em aromáticos ou não-aromáticos e a quantificação de suas propriedades físicas e químicas podem ser consideradas como um dos grandes impasses travados ao longo da história da química.
Em 1960, durante a Conferência de Jerusalém,1 chegou-se a um consenso de que os compostos aromáticos deveriam ser planares, cíclicos e possuir um sistema de elétrons π deslocalizados; esta des- localização seria manifestada por algumas características moleculares típicas, como aumento da estabilidade termodinâmica em comparação com os análogos não cíclicos, equalização dos comprimentos de ligação, propriedades magnéticas associadas com a indução de corrente cíclica de elétrons π, quando a molécula é exposta a campo magnético externo e, tendência de manter a estrutura π, e com isso realizar preferencialmente reações de substituição.1 Estas foram algumas premissas para classificar os compostos aromáticos. No entanto, ainda hoje é cada vez mais comum o surgimento de novas propostas para a avaliação da aromaticidade nos sistemas moleculares orgânicos e organometálicos. Podemos nos perguntar: Por que os compostos aromáticos despertam tanto interesse e curiosidade de pesquisadores no mundo todo? O que os tornam, de fato, tão interessantes? Quais propriedades devem ser destacadas? Qual a melhor maneira para classificar um composto em aromático, não-aromático ou antiaromático?
Do ponto de vista da ocorrência de compostos aromáticos na natureza chegamos à conclusão de que há milhares de estruturas orgânicas de origem natural que contêm núcleos aromáticos e que apresentam atividades biológicas significativas, justificando, portanto, o tamanho interesse por esses compostos. Um exemplo é o da aspirina,12 sintetizada através de uma derivatização simples do ácido salicílico, que é de origem natural. No entanto, é evidente que o interesse dos químicos pelos compostos aromáticos vai além das suas ocorrências naturais. As peculiaridades das estruturas eletrônicas destes compostos despertaram e ainda
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