As questões Homéricas
Por: Claudio Cox • 12/9/2015 • Resenha • 750 Palavras (3 Páginas) • 157 Visualizações
AS QUESTÕES HOMÉRICAS
Muitas são as questões que envolvem a obra creditada a Homero, poeta da Grécia Antiga que teria vivido entre os séculos 9° e 8° a.C. Não possível afirmar categoricamente ao menos a sua própria existência, e partindo desse pressuposto, quando nos deparamos com os textos a ele creditados mergulhamos literalmente em um oceano de suposições e teorias que atravessam séculos, desde a Antiguidade até os dias atuais, e que muito dificilmente terão soluções definitivas.
As obras que originaram todos esses estudos são: Ilíada e Odisséia. Supostamente compostas pelo poeta grego citado acima, os textos, considerados o marco zero da literatura ocidental, “reconstituem” (acredita-se que reconstituem) com enorme grandeza de detalhes – oferecendo-nos traços da economia e da estrutura da sociedade grega de uma época – a Guerra de Tróia (Ilíada) e a volta para casa da mesma feita pelo herói Odisseu (Odisséia).
Desde a Antiguidade essas obras são colocadas em cheque, a autoria de ambas é uma dessas interrogações. Aristarco, estudioso grego do 3° século a.C., afirmava que as duas obras, Ilíada e Odisséia, haviam sido compostas por Homero, mas defendia que ao longo dos tempos outros poetas foram acrescentando versos aos originais e fazendo com que as mesmas se diferenciassem na linguagem.
Outras linhas de estudos se desenvolveram com o passar dos anos (séculos) e algumas apontam que Homero tenha apenas as compilado (uma ou as duas) – uma das muitas lendas sobre o poeta grego é que ele era cego e daí vinha a sua extraordinária capacidade memorização. Sustentando essa teoria da compilação, o tradutor Carlos Alberto Nunes afirma em seu prefácio para Ilíada:
(...) tanto a Ilíada como a Odisséia representam a fase ultima do movimento épico da Grécia, firmando-se ambos os poemas em copioso material preexistente, isto é, em poemas de proporções menores, em sagas, lendas, mitos de origem variada, que iam sendo incorporados a conjuntos cada vez mais complexos. (NUNES, 2011).
Ainda sobre essa questão da autoria, Nunes é emblemático quanto ao gênero literário das mesmas, ponderando que Ilíada é uma epopéia, enquanto que Odisséia, um romance. Segundo o tradutor:
(...) na Ilíada vamos encontrar tradições militares das tribos do mundo helênico, em suas variadas etnias, com certa base histórica, ainda que transfigurada pelos mitos,ao passo que o tema de Odisséia é um tema universal, que ocorre na literatura de muitos povos e cuja ação se passa em toda parte e ao mesmo tempo em parte alguma (...) E tanto Odisséia é um romance universal que o seu enredo pode ser apresentado sem que se faça menção ao herói, conforme demonstrou Wilamowitz. (NUNES, 2011)
A época em que as obras são retratas também pode ser adicionada no caldeirão das questões homéricas. Se há divergências referentes ao período em que Homero viveu (ou supostamente viveu), portanto, é evidente que o período descrito em suas obras não escaparia ileso de tais questionamentos. O anacronismo revelase de diversas formas, por exemplo: informações que o poeta situa como anteriores
a sua época – pensamentos, características culturais, etc.–, mas que na verdade, segundo alguns estudiosos,
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