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Breve Análise Sobre a Mulher Negra na Educação

Por:   •  16/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.844 Palavras (12 Páginas)  •  324 Visualizações

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3. Acesso e permanência das mulheres negras no Ensino Superior Público.

        

        A educação na sociedade brasileira sempre buscou padrões a serem seguidos, tanto no que se refere ao ideal de aluno quanto ao ideal de professor, sendo que nestes aspectos tomou-se como referencial o padrão branco europeizado.

        Se por um lado ao branco eram atribuídos aspectos positivos, aos negros eram designados aspectos negativos, transferindo-se também esta representação social para  espaço educacional que, de alguma forma, se responsabilizou por propagar a esses estereótipos negativos à população negra.

        Esse tipo de comportamento padronizado ainda encontra-se presente nos meandros das Universidades e isso é perceptível através das demandas de profissionais formados, em sua maioria não- negros.

[...], tal valorização contribui para não só configurar trajetórias educacionais e escolhas profissionais, mas, sobretudo reificar ulteriormente discriminar todos aqueles que não correspondem as disposições do arsenal, racista, sexista, homoficos e heteronormativo, (LOPES 2007, pp. 18).

        Dentro desse aspecto falar sobre a mulher negra no ensino superior é trazer a tona toda sua trajetória histórica em um país escravocrata e machista, bem como sua luta não só para ter acesso, mas, sobretudo para poder dar continuidade ao ensino superior uma vez que a educação para muitos é considerada  um meio de ascensão social.

        Segundo Joselina da Silva, em um estudo realizado por Queiroz (2006) antes da instituição das cotas na Universidade Federal da Bahia – UFBA - ficou constatado que as mulheres, pardas e pretas, estavam presentes nos cursos de menor status social bem como possuíam menores condições no mercado de trabalho, não obstante ocupavam os cursos tidos como femininos, destacando que 39,8% estavam nos cursos de ciências humanas.

        Talvez isso se dê, também, por uma questão de auto-estima, uma vez que o docente passa a vida inteira ouvindo a respeito da inferioridade negra, da incapacidade do negro, de sua indolencia. Dentro da disciplina de história pouco se fala do Continente Africano e muitas vezes quando isso acontece são os aspectos negativos que são abordados tais como fome, guerra e doenças, no campo simbólico isso acaba por condicionar a população negra a uma imobilidade em que o mesmo não se sente capaz de alçar vôos mais altos

        Ainda de acordo com Silva, dados do PNAD (2005) revelam a dificuldade das mulheres negras permanecerem nos estudos durante 15 anos ou mais. Os dados ficam ainda mais alarmantes quando se analisam o tempo de freqüência escolar de 4 e 7 anos de estudos.  Enquanto o percentual de mulheres brancas chega a 32,37, o de mulheres negras alcança apenas ao nível de 26,09. Dando continuidade à observação dos estudos vai-se perceber que esse número sofre alterações ainda maiores quando a escolaridade passa dos 15 anos de estudos.  O percentual de mulheres brancas alcança o índice de 11,42 restando às negras apenas os minguados 3,06 como pode-se analisar uma diferença gritante.

            Dados do PNAD (2008) demonstram que entre 5 e 8 anos de estudo a população feminina negra tem um percentual de ingresso maior do que a população branca. Enquanto essa alcança o nível de 19,1% aquela chega ao percentual de 24,4%. No entanto esse quadro passa a sofrer visíveis alterações quando se refere a 12 anos ou mais de estudos. O que se observa é que eleva-se o percentual das mulheres brancas que chega  26,7% e a presença das negras é de apenas 11,0%.

        O que esses dados revelam é que apesar de nos primeiros anos de estudo a população negra feminina ser maioria nas escolas com o passar dos anos o quadro é revertido demonstrando a dificuldade das mulheres negras darem continuidade a seus estudos.

Balizados nessas informações pode-se reconhecer a relevância das Políticas Públicas destinadas ao ensino fundamental, pois a finalidade delas é proporcionar aos excluídos condições de não só ingressarem mas, sobretudo, permanecerem freqüentando as escolas, visto que conforme as estatísticas é possível perceber a desistência de muitas alunas negras no ensino fundamental em virtude da presença das práticas discriminatórias e excludentes também nesse espaço.

        Devido a existência dessas práticas no ensino fundamental, atreladas às questões sociais, é que muitas mulheres negras acabam por abandonar as escolas mesmo sendo maioria nos primeiros anos de estudos, o que traz como conseqüência a estagnação sócio- econômica desse segmento populacional. Assim:

O sistema educacional brasileiro desempenha um papel preponderante no quadro de desigualdades raciais em nosso país e comparando a pequena quantidade de negros que conclui o segundo grau com o segmento branco da população, podemos perceber o quanto é mínimo a quantidade de mulheres negras que chegam ao magistério. Soma-se a esse fator a questão da escolha profissional, pois nem todas conseguem chegar ao 2º grau vão diretamente para o magistério.

No caso do 3º grau, a situação fica mais alarmante, pois o contingente de brasileiros que chega ao curso superior é mínimo. Se fizermos um recorte racial encontraremos um maior afunilamento na quantidade de negros (as) que freqüentam tais cursos e se tornam professoras “(GOMES 1995, pp. 147)

        

        De acordo com Silva, outro estudo realizado por José Jorge de Carvalho na USP, UFRJ, UNICAMP, UNB, UNRGS, UFSCAR e UFMG comprovou que dos 18.330 professores apenas 70 eram negros. Embora não aponte para questão de gênero o percentual de professores negros mulheres e homens constituem apenas 0,4% do total de discentes.

        De acordo com o SINAES (   ano) o total de docentes por titulação máxima de acordo a cor/raça é: doutorado - população branca 37.517, negra 625; mestrado - população branca 61.617, negra 1450; especialização - população branca 50.502, negra 1.328; graduação - população branca  18.864, negras 473 e  notório saber - população branca 32, negra 1.

        Dados de 2008 do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelam que entre os anos de 1993 a 2007 é registrado um aumento considerável da população negra com a conseqüente diminuição da população branca em que esta passou de 54,2% para 49,4% e aquela de 45,1% para 49,8%. No entanto esse fenômeno não acontece quando se toma como parâmetro a população exclusivamente feminina, visto que a mesma fonte revela que a população feminina negra é de 48, 5% enquanto que a branca é de 50,6% .

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