COMO SE DEVE ESCREVER A HISTORIA DO BRASIL
Por: Edson Parente • 10/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.583 Palavras (11 Páginas) • 431 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE FORMAÇÃO E PROFESSORES
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO LICENCIATURA EM HISTÓRIA
COMPONENTE CURRICULAR HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA I
PROFESSORA DR.ª MARIA LUCINETE FORTUNADO
DISCENTES: ANTONIO EDSON PARENTE DA SILVA
CARLOS AUGUSTO DA SILVA NASCIMENTO
DAMIANA BRASIL ROLIM
FRANCISCO DE ASSIS BATISTA FERNANDES
LUCIANA ABRATES NOBRE
MANOEL ALVES NETO
NATALIA GONÇALVES DOS SANTOS
TEOFILO DE OLIVEIRA NETO
JOSÉ THIAGO FELIX DE OLIVEIRA
ANALISE HISTORIOGRÁFICA – COMO SE DEVE ESCREVER A HISTORIA DO BRASIL
CAJAZEIRAS - PARAÍBA
2018
COMO SE DEVE ESCREVER A HISTORIA DO BRASIL
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) foi criado com intuito de esboçar um projeto de nação para a jovem Monarquia brasileira, visando integração territorial e identitárias à Corte brasileira. Ao mesmo tempo em que visavam um projeto de identidade nacional, também precisavam agir contra o espírito republicano que surgia nas províncias a partir de países vizinhos. Desde então, para se constituir uma memória nacional e eleger os grandes vultos da pátria para protagonizarem a escrita da história, o IHGB passou a coletar documentos nas províncias e no exterior.
No ano de 1840 o secretário-perpétuo da instituição, Januário da Cunha Barbosa, lançou um projeto histórico nacional e definiu um prêmio de 300 mil réis para o trabalho que melhor elaborasse um plano para se escrever a história do Brasil. O texto premiado em 1847, do alemão Carl Friedrich Phillip von Martius, fora publicado na Revista em 1844 e se revestia de um caráter pragmático, como o próprio nome sugere: “Como se deve escrever a história do Brasil”. Nesse artigo, Martius define as linhas mestras de um projeto historiográfico capaz de garantir uma identidade, especificidade à Nação em processo de construção.
Carlos Frederico Felipe de Martius foi um médico, botânico, antropólogo e um dos mais importantes pesquisadores alemães que estudaram o Brasil, nasceu em Erlagen, na Baviera, a 17 de abril de 1794. A sua família era tradicionalmente vinculada as ciências naturais. Martius estudou na Universidade de Erlagen, porém foi transferido para Universidade de Munich. Por ordem do rei Maximiliano José I Martius veio ao Rio de Janeiro em julho de 1817, acompanhado do zoólogo Johann Baptiste von Spix (1781-1826), como pano de fundo histórico as articulações das dinastias europeias que tinham por finalidade garantir a sua sobrevivência face às ameaças independentistas e republicanas. Os dois faziam parte da expedição austro-bávara que veio ao império brasileiro por causa do casamento da princesa Leopoldina de Habsburgo com Pedro I.hMartius havia sido encarregado de estudar a fauna e flora brasileiras, as riquezas do subsolo e as populações primitivas do Novo Mundo que despertavam grande interesse nos meios científicos da Europa, ainda que fossem mal conhecidas e a partir desse ano Martius e Spix fizeram uma expedição pelo Brasil que durou três anos tendo como resultado obras de fundamental importância para o conhecimento da fauna e flora brasileiras como Flora Brasiliensis, obra onde o Martius catalogou cerca de 850 famílias de espécimes, os quais multiplicavam-se em mais de 8000 exemplares, capturados por seu olhar cientifico e catalogadas em mais de 1000 estampas; além da obra Reise in Brasilien; narrativa de suas viagens pelo Reino.
Além das já citadas, existe outras obras importantes do autor, porém neste momento cabe a análise da dissertação intitulada “Como se deve escrever a História do Brasil”, oferecida ao IHGB.O seu trabalho constituiu-se enquanto uma espécie de “manual”, criado por quem esteve em diversas partes do Brasil e fora endossado pelos intelectuais do IHGB. Trazia algumas “prescrições” para o historiador que se aventurasse a uma escrita de tal envergadura. Martius deixa bem claro o papel desse historiador brasileiro na Monarquia constitucional e a maneira de como este deveria escrever a HistóriaA obra é dividida em quatro partes: 1) ideias gerais sobre a história do Brasil; 2) Os índios (a raça cor de cobre) e sua história como parte da História do Brasil; 3) Os portugueses e sua parte na História do Brasil e 4) A raça africana em suas relações para com a História do Brasil (nessa parte o autor refere-se ainda à forma que deve escrever o historiador “philosóphico” do Brasil, apresentando-se como verdadeiro manual de metodologia da história para a escrita de uma história de caráter pragmático.)
Na primeira parte da dissertação, ideias gerais sobre a história do Brasil, o autorvai discutir sobre a democracia racial e sua importância na formação da figura do brasileiro. Em suas palavras: “... formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber: a de cor de cobro ou americana, a branca ou Caucasiana, e enfim a preta ou etiópica.” Em sua teoria, o brasileiro é formado por essas três raças, pegando as características positivas de cada um. Do homem branco português, a inteligência e civilidade, e do negro e índio a força. Nessa perspectiva, o português, como descobridor, foi quem criou condições para o desenvolvimento da nação, porém não poderia negar a importância das forças indígenas e negras para o desenvolvimento físico da nação.
Ainda sobre a teoria de miscigenação, Martius a justifica como obra de uma providência divina “Jamais nos será permitido duvidar que a vontade da Providência predestinou ao Brasil esta mescla. O sangue português, em um poderoso rio deverá absorver pequenos confluentes das raças índia e etiópica.” Portanto, o historiador filosófico não deveria ofender a suscetibilidade dos brasileiros, mas sim mostrar o desenvolvimento da nação quanto a questão das raças.
Portanto devia ser um ponto capital para o historiador reflexivo mostrar como no desenvolvimento sucessivo do Brasil se acham estabelecidas as condições para o aperfeiçoamento de três raças humanas, que nesse país são colocadas urna ao lado da outra, de urna maneira desconhecida na história antiga, e que devem servir-se mutuamente de meio e de fim.(Idem, Tomo VII, p. 393, 1845).
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