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Charles Baudelaire

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Por:   •  29/11/2014  •  477 Palavras (2 Páginas)  •  425 Visualizações

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Talvez Baudelaire tenha sido privilegiado por essas transformações, talvez não. O fato é que ele foi capaz de tornar tácito esse conjunto de mudanças sociais e o transpôs ao pensamento. Por exemplo, a solidão bucólica dos homens, a propagação da vida noturna, a evidência do anormal e até mesmo o surgimento do progresso são inerentes em suas obras. Já é possível perceber essas nuances na obra Le coucher du soleil romantique. Sempre, Baudelaire tenta evidenciar de forma artística onipotente a beleza existente no lixo socialista e urbano. Para Baudelaire, as cidades permitem “junta a luz a gás e o céu do crepúsculo, o perfume das flores e o odor de alcatrão”. Esses caracteres urbanos, “extraídos da banalidade como drogas das plantas venenosas, tornam-se, na metamorfose lírica, antídotos contra o vício da banalidade”. Nesse sentido, “o repugnante se une com a nobreza do acento”.

Vale ressaltar que, muito embora Baudelaire tenha falado sobre a beleza, em sua lírica ele limitou-se às formas métricas e à vibração da linguagem. Começa a surgir, então, o paradoxo e o inequívoco nas obras de Baudelaire a partir do momento que começa a utilizar a “dotar a beleza de um encanto agressivo”. Então, há a introdução da feiura como equivalente do novo mistério que serve como pressuposto para se penetrar na nova realidade capaz de ascender à realidade. Como ele diz, “do feio, o poeta desperta um novo encanto”. Nesse sentido, o feio se torna a nova beleza, no sentido antagônico e até mesmo ontológico.

Juntamente com essa realidade, passo a passo surgem os tratamentos de novas concepções como o anormal, o jocoso e o absurdo, que passam a integrar o elenco de sentimentos e concepções dos poetas posteriores.

Aproveitando a ruptura entre autor e público que Rousseau introduziu de forma que conduzisse ao tema melódico favorito no Romantismo, Baudelaire traz essa questão do poeta solitário e atribui a dramaticidade agressiva às obras, resultando no que ele próprio chamaria de “gosto apaixonado de oposição” e “prazer aristocrático de desagradar”.

Há, ainda, o estudo da dissonância entre satanismo e realidade presentes nas obras de Baudelaire. As palavras de Baudelaire e a sua clareza crítico-objetiva faz com que seja possível perceber dois grupos opostos: um composto por termos como obscuridade, abismo, angústia etc.; por outro, ímpeto, ideal, luz, pureza... Esses dois grupos, intercalando-se entre si nas fábulas de suas obras geram a chamada “dissonância lexical” que nos leva ao “oxymoron” (antiga figura do discurso poético, apropriada para exprimir estados complexos da alma). Toda essa análise nos permite perceber que, por trás de todo o discurso poético de Baudelaire há traços escondidos do Cristianismo. Muito embora Baudelaire não seja cristão, segundo o autor não há Baudelaire sem o Cristianismo quando diz “o satanismo de Baudelaire é a sobrepujança do mal simplesmente animal pelo mal engendrado pela inteligência, com o fim de dar o salto à idealidade”. É dessa conjuntura ideológica.

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