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Confrarias de Buenos Aires resistência e desintegração cultural

Por:   •  19/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.238 Palavras (9 Páginas)  •  378 Visualizações

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FICHAMENTO:

Confrarias de Buenos Aires: resistência e desintegração cultural

Elaborado por Jonathan dos Passos de Lima,

Acadêmico do Curso de História da FURB

  1. Referências: 

GOMES NETO, Álvaro de S.. Confrarias de Buenos Aires: resistência e desintegração cultural. Revista Eletrônica da ANPHLAC, São Paulo, v. 3, p. 26-49, 2003.

  1. Biografia do Autor:

Álvaro de Souza Gomes Neto, leciona atualmente, como professor substituto, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Faculdade de Biblioteconomia - FABICO - Departamento de Ciências da Informação. Foi professor dos cursos de História e de Administração da FAPA - Faculdade Porto Alegrense entre 2010 e 2011. Foi coordenador dos Cursos de Tecnólogo em Comércio Exterior e de Bacharelado em Relações Internacionais da Faculdade Anglo-Americano, unidade Passo Fundo, RS entre fevereiro de 2009 e julho de 2010. Foi Coordenador do curso de Bacharelado e Licenciatura em História da UNIVESC (Lages-SC) entre 2004 e 2008. Professor de História do Brasil do Curso de Especialização em História da UNIVESC (2005-07). Possui graduação em História (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1985), Mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1997) e Doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002). Avaliador de Cursos de Graduação do INEP/MEC entre 2007 e 2011. É membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Lages (SC). Criou a revista Tempo de História (1806-8715), e a revista ROHIA-Revista On-Line de História Ibero-Americana, É Consultor da revista História Catarina, Tem experiência na área de História, com ênfase em História Ibero-Americana e Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: História e Escravidão Latino-Americana, Teoria da História e História da América. Desenvolve pesquisas sobre populações de origem africana na Argentina e no Brasil.[pic 1]

  1. Tema Principal: 

As confrarias como um “meio” de inclusão do negro escravo ou livre, em um certo grau de subsistência na sociedade no período colonial.

  1. Palavras-Chave:

Confraria – Negros - América Espanhola – Escravos – Religião

  1. Resumo do Texto:

Este artigo trata de descrever o convívio dos negros, mulatos e crioulos através das confrarias e das sociedades africanas para que pudessem manter um “universo de valores”, de certa forma fora das regras que deveriam seguir. Mesmo desta forma, tais confrarias estavam sujeitas a regulamentos e vontades advindas do Estado ou dos senhores, apesar das imposições, os “afroportenhos” ainda conseguiam subsistir, momentaneamente, com suas culturas e segundo as suas próprias decisões, por mais que através de uma invisível causa, suas raízes africanas fossem desaparecendo.            

Estas confrarias não foram, um privilégio criado aos negros escravos e livres, “[...] mas sim de grupos crioulos pertencentes, na maioria das vezes, às elites locais, existentes em todo o continente colonial espanhol e português”. (GOMES NETO, 2003, p.28) normalmente estas confrarias eram “...dedicadas a um santo específico, associados a igrejas paroquiais locais, proporcionando vínculos de união espiritual e social”, deste modo as confrarias “[...] revelavam-se como meios de preservar também a estratificação social, na medida em que delimitavam sua formação a critérios seletivos. Isto aconteceu não apenas na área urbana, mas também na rural”. (GOMES NETO, 2003, p.28)  

  1. Passagens Fundamentais:

Os assassinatos, as fugas, as revoltas, o roubo, a dissimulação e outros atos são apresentados como formas primárias, encontradas pela população negra de oferecerem resistência àqueles que os escravizavam. Essas formas de resistência, concretamente, funcionam como meios iniciais de identificação dos grupos discriminados, na medida em que se materializam nessas várias reações. (GOMES NETO, 2003, p.27)

Assim, no curso do processo escravista, originou-se a conscientização do oprimido, pensada enquanto grupo explorado, e materializada na tentativa de preservação das raízes africanas, através da identificação das nações, e da conservação de certos traços culturais transplantados. A partir daí, o negro escravo tratou de acalentar e proteger, mesmo contra a diluição causada pelo tempo, sua linhagem cultural africana. (GOMES NETO, 2003, p.27)

Eram dedicadas a um santo específico, associados a igrejas paroquiais locais, proporcionando vínculos de união espiritual e social.  Assim, num primeiro momento, participavam das confrarias os membros crioulos, ou seja, os confrades eram os que compunham a parcela social dominadora, que vivia da extração do trabalho escravo, e praticava a discriminação das castas. (GOMES NETO, 2003, p.28)

A confraria teria a Virgem Maria como padroeira, e seria aberta a sacerdotes e seculares, homens e mulheres, de Regla y norma. As mulheres, no entanto, não teriam direito de voto, nem poderiam assistir as reuniões dos confrades. Além disso, para ser aceito na confraria, o membro deveria ter sangue limpo, ser de bons costumes e não realizar ejercicio vil. Essa confraria tinha três pontos básicos: culto e glorificação da Virgem, a ajuda às almas do Purgatório, e fornecer conforto espiritual aos seus membros. (GOMES NETO, 2003, p.28-29)

O referido capítulo, intitulado “De las personas que han de admitirse a la hermandad”, vê-se que entre os critérios estabelecidos para ingresso de membros da confraria, o principal refere-se à limpieza de sangre. O dito texto afirma que, para um corpo qualquer subsistir, é necessária a proporção e correspondência de seus membros, sem a qual lhe faltaria toda a beleza que deveria ter, e este se tornaria ingrato e até monstruoso. Diz ainda que seria fundamental que as pessoas (de ambos os sexos) admitidas na irmandade, não somente fossem cristãs, piedosas e devotas, mas também de qualificada limpeza de sangue e qualidade. (GOMES NETO, 2003, p.29)

Socolow (1991) aponta como causa principal desse declínio, o crescente interesse que as confrarias despertavam na população negra da cidade. Porém, outra instituição religiosa aparecia para substituir as confrarias, nas ligações dos brancos com a Igreja: era a Terceira Ordem. Esta instituição englobava, paulatinamente, comerciantes de status alto e médio, oficiais militares e empregados públicos. A diferença era que estas não estavam vinculadas a paróquias, nem sob o controle do clero secular, mas colocavam-se sob a égide da ordem provincial regular. (GOMES NETO, 2003, p.30)

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