Fichamento Ginzburg
Pesquisas Acadêmicas: Fichamento Ginzburg. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: carlinho1964 • 2/11/2013 • 1.153 Palavras (5 Páginas) • 614 Visualizações
Universidade Federal de Santa Catarina
Curso: História
Disciplina: Introdução aos Estudos Históricos
Professor: Paulo Pinheiro
Acadêmico: Carlos Alberto Silveira
Fichamento das páginas 64 a 79 do livro Relações de força: História, retórica e prova.
GINZBURG, Carlo. Relações de força: História, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
64 O autor comenta sobre o eficiente texto de propaganda antipapal protagonizado por Lorenzo Valla ao redigir o “Discurso sobre a falsa e enganadora doação de Constantino”. Relata que Valla tinha por objetivo favorecer seu protetor, Afonso de Aragão, cuja ascensão ao trono de Nápoles estava ameaçada pela ação armada promovida pelo papa Eugênio IV. O documento certificava que o imperador Constantino se convertera ao cristianismo após sua cura da lepra e, em gratidão, promoveu a doação de um terço do império a Igreja de Roma.
65 É comentado que o documento que atestava a doação de Constantino pudesse estar vinculada as pretensões papais ao poder temporal, embora tal fato tenha passado incólume por muito tempo. Entre os que aceitavam o documento estava Dante Alighieri, que ainda assim associava doação como a base para estabelecimento da corrupção da igreja. Entre os que o questionavam, estava o jurista medieval João de Paris, que havia “declarado ilegítima a doação, uma vez que Constantino não podia, por meio de um ato privado, dispor do império no qual era apenas administrador”. Entre os que o repeliam estava o cardeal e filósofo Nicolau de Cusa, principalmente influenciado pelo poder da linguagem empregada por Valla. Mencionado que nos séculos XVII e XVIII o texto de Valla havia sido considerado um modelo precoce de investigação crítica.
66 O autor comenta sobre a conotação política que se podia atribuir ao texto de Valla no século XIX e faz um link entre essa vertente e a dos séculos anteriores. Também inicia uma análise interpretativa própria, destacando que a “auto-interpretação" de Valla e nossa leitura são, inevitavelmente, divergentes. Para esse validar esse comentário, lembra a fórmula de Kant, que arbitra que “nós podemos tentar entender Platão mais profundamente que ele próprio compreendia a si mesmo”. Em sua visão, o autor comenta que Valla impõe dois juízos sobre seu próprio texto, o primeiro falando sobre o conteúdo e o segundo sobre as características formais da obra, tratando de argumentos do direito canônico e da teologia com armas da retórica.
67 O autor pondera que Valla rejeita a doação de Constantino pela improbabilidade psicológica desse ato, ao tentar imaginar diálogos entre este e o papa e do primeiro com seus filhos. Também questiona os erros grosseiros, anacronismo e contradições que fundamentam a doação.
68 É mencionado a dificuldade de juntar o Valla polemista e Valla iniciador da moderna crítica histórica devido à forma na qual seu documento foi escrito. Destacado que a noção de prova é um traço característico da histografia positivista e que existe, pelos conservadores, a contraposição em dar importância à dimensão da retórica na historiografia.
69 É destacada a gradual, consistente e relevante importância que a retórica vai adquirindo dentro da historiografia mundial, citando passagens de Nietzsche e depois da autora Nancy Struever.
70 O autor pontua, referenciando o ensaio “Humanismo e Escolástica no Renascimento Italiano” de Kristeller, que o humanismo italiano se identificava com a “tradição retórica ocidental”, atenuando as conotações negativas atribuídas ao termo retórica, fenômeno que carregava, até então, marcas puramente literárias, verbais, vazias e que tinham em Delio Cantimori um defensor desse rótulo.
71 O autor menciona as posições divergentes sobre o significado da retórica para a compreensão do humanismo entre Kristeller e Struever. O primeiro não defende essa relevância, enquanto o segundo afirmava que a retórica, “sob muitos aspectos, é hostil à noção moderna de filologia”.
72 É destacado que Valla não hesitava em misturar na mesma obra retórica e filológica, diálogos fictícios e discussões minuciosas de provas documentais. Referenciado, através de Hanna H. Gray, que Valla definira o seu texto sobre a doação de Constantino como “declamatio”, vocábulo que Quintiliano designava como sendo “um exercício oratório baseado na demonstração alternada de teses contrapostas, incluindo a veracidade e falsidade de um determinado escrito”. Contudo, conforme observara W.Setz, a palavra “declamativo”
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