TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fichamento Le Duc

Pesquisas Acadêmicas: Fichamento Le Duc. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  26/2/2015  •  1.442 Palavras (6 Páginas)  •  458 Visualizações

Página 1 de 6

Em meio a um ambiente familiar freqüentado por intelectuais, arquitetos, pintores e historiadores, Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879) construiu sua formação profissional nas áreas da Arquitetura e do Desenho, onde seus estudos minuciosos e sua grande experiência em canteiros de obra lhe proporcionaram o domínio sobre as técnicas construtivas, os estilos arquitetônicos, e, principalmente, sobre a arquitetura da Idade Média.

No contexto cultural francês do início do século XIX, onde Quatremère de Quincy representava a figura da academia e dos ideais do classicismo, ressurgiram os interesses pela arquitetura medieval à medida que se identificou esse estilo como herança cultural do passado.

Viollet-le-Duc iniciou suas atividades como arquiteto nos anos de 1830 trabalhando no ateliê dos amigos Huvé e Leclère. Mais tarde, em 1836, participou das obras de restauração em Saint Chapelle, considerada pelo próprio Le-Duc como um laboratório experimental. A partir de então os trabalhos somaram-se a Igreja de Vézelay, de 1840, Notre-Dame de Paris, de 1844, Carcassone, de 1844, Saint-Sernin de Toulouse, de 1846, e Amiens, de 1849. Em 1853, Viollet-le-Duc foi nomeado Inspetor Geral dos Edifícios Diocesanos (1) ficando responsável pela tutela de várias igrejas em toda a França.

É neste contexto de atividades intensas que sua produção intelectual vai consolidando sua linha de ação e suas teorias sobre a restauração, confirmando, mais tarde, o que hoje conhecemos como “restauração estilística”, ou seja, um processo que, baseado na unidade formal e estilística das edificações buscava criar um modelo idealizado na “pureza” de seu estilo.

Suas maiores obras bibliográficas são o Dictionnaire Raisonné de l’Architecture Française du XI au XVI Siècle (2), publicado em dez volumes entre os anos de 1854 e 1868, e o Entretiens sur l’Architecture (3) escrito entre os anos de 1863 e 1872.

Viollet-le-duc concebeu um sistema teórico ideal entre os elementos da forma, estrutura e função, buscando a lógica do conjunto arquitetônico. Este sistema proporcionou a formação de um “tipo” característico que seria o “modelo” base para seus projetos de intervenção e restauração.

“Viollet-le-Duc [...] procurava entender a lógica da concepção do projeto [...] Não se contentava unicamente em fazer uma reconstituição hipotética do estado de origem, mas procurava fazer uma reconstituição daquilo que teria sido feito se, quando da construção, detivessem os conhecimentos e experiências de sua própria época, ou seja, uma reformulação ideal de um dado projeto” (4).

Desenvolvendo uma metodologia de trabalho onde, muitas vezes, o resultado final da intervenção proporcionava uma obra completamente diferente da original, Viollet-le-Duc acreditava que dominando o sistema construtivo da edificação e conhecendo profundamente seu estilo arquitetônico, conseguiria atingir plenamente os objetivos de um processo de restauração. Dizia que se as formas do passado fossem compreendidas em suas instâncias formais e espaciais, serviriam de base para esclarecer os problemas da arquitetura do presente.

Baseado em seu sistema de ação, Viollet-le-Duc formulou o seguinte postulado: “Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em um estado que pode não ter existido nunca em um dado momento” (5). Este pensamento fundamentou sua prática profissional mais intensa e inspirou as ações de intervenção de muitos países europeus.

O programa de restauração seguido pela Comissão de Monumentos Históricos, no século XIX, admitia que os edifícios fossem restaurados no estilo original de sua aparência e estrutura. Neste contexto, a “Comissão” se dedicava, principalmente, às edificações em estilo Gótico que apresentavam a peculiaridade de levarem décadas para serem construídas. Em decorrência disso, tornava-se inevitável a utilização de mais de uma técnica construtiva (6) na mesma edificação, assim como, a realização de acréscimos e modificações parciais no projeto.

Portanto, a Comissão de Monumentos Históricos, assim como, Viollet-le-Duc, desenvolveram um método rigoroso de análise e classificação com a finalidade de estabelecer claramente a idade e as fases de construção das edificações. A aplicação desse método resultava um relatório respaldado por uma enorme quantidade de peças gráficas que tinham o objetivo de inventariar e documentar o patrimônio sujeito à intervenção.

Nota-se que o caráter profissional de Viollet-le-Duc sofreu a influência direta da maneira como a arquitetura Gótica era construída, onde as mudanças faziam parte da essência do monumento lhe conferindo características próprias de readaptação e reformulação.

A partir de sua experiência prática, Viollet-le-Duc propôs o seguinte questionamento: “Em se tratando de restaurar as partes primitivas e as partes modificadas, deve-se não levar em conta as últimas e restabelecer a unidade de estilo alterada, ou reproduzir exatamente o todo com as modificações posteriores?” (7).

Podemos exemplificar o pensamento leduciano no seguinte trecho: “Em um edifício do século XIII, cujo escoamento das águas se fazia por lacrimais, como na catedral de Chartres, por exemplo, achou-se que se deveria, para melhor regular esse escoamento, acrescentar, durante o século XV, gárgulas aos canais. Essas gárgulas estão em mau estado, é necessário substituí-las. Colocaremos em seu lugar, sob o pretexto de unidade, gárgulas do século XIII? Não; pois destruiríamos assim os traços de uma disposição primitiva interessante. Insistiremos, ao contrário, na restauração posterior, mantendo seu estilo” (8).

Ao dissertar sobre os casos usuais de restauração, Viollet-le-Duc mostra certo descontentamento em relação ao programa seguido pela “Comissão”, alertando que a reprodução em cópia fiel de todos os elementos da edificação se traduzia em um equívoco conceitual, pois por melhor que fosse o profissional de ofício de que o arquiteto dispusesse

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.1 Kb)  
Continuar por mais 5 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com