Filme a Batalha de Argel
Por: DiogenesSantana • 31/7/2017 • Trabalho acadêmico • 976 Palavras (4 Páginas) • 352 Visualizações
O enredo do filme, A Batalha de Agel, conta a história de um nativo, Ali La Pointe, analfabeto e criminoso, que depois de preso assisti à execução de um preso político, momento em que ele ativa um sentimento de militância contra a presença francesa, é recrutado pela Frente da Libertação Nacional (FLN). É através da história deste personagem que os idealizadores deste filme transmitem o histórico de lutas e resistência argelina frente a colonização francesa. Onde estão presentes todas as camadas da população argelina, como crianças e mulheres, que são colocados como ativas nos conflitos, atentados e recrutamentos.
O filme é ambientado na cidade de Argel entre os anos de 1954 e 1960 e tenta remontar os conflitos que ocorreram entre os nativos, colocados como conduzidos pela Frente de Libertação Nacional, e a força colonial francesa, representada pela polícia, que tentava desmantelar e destruir a organização de resistência capturando e executando seus membros. Uma das primeiras cenas mostra uma visão panorâmica de Argel, onde aparecem nitidamente as diferenças entre os bairros europeu e Casbah, o bairro dos nativos. O primeiro com ruas largas e casas grandes com boas condições sanitárias e de fluidez no trânsito. O segundo com um amontoado de casas mal construídas, habitações precárias e poucas condições sanitárias. A separação entre classes social é nitidamente mostrada por Gillo Pentecorvo, que diante dessa desigualdade se forma um grupo chamado FNL (Frente de Libertação Nacional), que se organiza e tenta através de ataques terroristas e técnicas não convencionais de combate conquistar a liberdade e independência da nação argelina. De um lado, atentados terroristas, de outro, uso de tortura para desmantelar o movimento rebelde e permanecer no poder. Fica expresso que a FLN busca mostrar o seu caráter de resistência ao que eles consideram opressão do colonialismo que lhes toma os direitos essenciais como o de casar-se, de transitar livremente. E é ela quem teria conduzido este processo. Ela teria conduzido ou aberto os olhos do povo argelino, mas era o próprio povo que deveria tomar as rédeas de sua nação.
Não muito distante desse período, a ditatura militar no Brasil a partir de 1964, fez com que o Brasil se modernizasse, porém a desigualdade social/racial aumentou. Assim como no filme, percebemos em ambos os contextos a repressão política, setores militares e da polícia se especializarem em torturar, matar e esconder cadáveres. A censura barrava o acesso a informação e forçava muitos a viver em exílio. E assim como os povos argelinos que se organizaram em prol da liberdade do povo e independência do país, a população brasileira no período da ditadura demorou para retomar o hábito de ir as ruas para se manifestar e lutar pelos seus direitos, principalmente, por liberdade.
Sobre a desigualdade racial, vale lembrar que a luta dos negros brasileiros contra a discriminação racial não se iniciou na ditadura militar. Trata-se de uma luta que remonta aos tempos da escravidão qeu conheceu múltiplas formas de ação, resistência e consciência. Fugas individuais e coletivas, organização de quilombos, revoltas, ex-escravos que se tornaram defensores jurídicos de escravos e libertos ou militantes da causa abolicionista. Quando veio a República, no final do século XIX, surgiram novas e sutis formas de construção de um apartheid racial pelas elites políticas e econômicas, que à época sonhavam em “branquear” a população brasileira. Por exemplo, a proibição do voto de pessoas não alfabetizadas e a promulgação de leis contra a “vadiagem” foram particularmente determinantes para confirmar a exclusão dos negros, muitos deles ex-escravos ou filhos de escravos que nunca haviam tido condições de frequentar a escola ou de conseguir empregos dignos depois da abolição. De acordo com as “leis de vadiagem”, quem não tinha trabalho ou moradia fixa poderia ser preso. Em grande parte, essa lei tentava manter os ex-escravos nas fazendas, sob o domínio de seus ex-senhores. Ao longo dos anos 1930, com os novos arranjos políticos da Era Vargas, a mestiçagem passou a ser valorizada como signo de brasilidade, ao mesmo tempo em que surgiram muitas organizações políticas e culturais de luta contra a discriminação racial, como a Frente Negra e o Teatro Experimental do Negro.
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