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Fim Da Monarquia No Brasil

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Por:   •  1/11/2013  •  1.996 Palavras (8 Páginas)  •  442 Visualizações

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fim da monarquia no Brasil

No dia 15 de novembro de 1889, no paço da Cidade o aspecto da praça à beira do cais Pharoux era o mesmo de dias normais. Nas docas embarcações erguiam seus mastros. O Arco de Teles dava a passagem para o mercado de peixe. O Hotel Machado abria as janelas para a rua do Mercado, apinhada de gente. Funcionários públicos entravam e saiam da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas ao lado da igreja de São José.

Tendo chegado à capital por volta das 13hs, D. Pedro II e D. Teresa Cristina tomaram sua carruagem puxada por 6 cavalos e rumaram direto para o paço da Cidade. Isabel e o marido foram juntar-se a eles. Foram recebidos com as honras habituais pela guarda do palácio: toque de corneta, rufos de tambor, continência. Em poucas horas, uma multidão reunia-se inquieta à volta do prédio. Gente de todo tipo se misturava, da ralé aos grandes do Império. Dentro do palácio, D. Pedro II parecia manter a maior serenidade. Parecia não estar compenetrado da gravidade dos fatos. Foi indagado pelo almirante chileno Bannen se queria que lhe colocasse a disposição o encouraçado Almirante Cochrane para fugir ou resistir. D. Pedro respondeu:

•" Isto é fogo de palha, eu conheço meus patrícios ".

Os brasileiros eram assim mesmo. Acreditava sinceramente, que no dia seguinte estaria tudo terminado.

A conspiração

Uma vasta conspiração militar organizada com ramificações nas Províncias. Tramada por oficiais e insuflada por um grupo de ideólogos explorando o descontentamento que lavrara no Exército a propósito de certas medidas imprudentes do governo. Não foi difícil contaminar o ânimo de Deodoro, militar valoroso, mas também vaidoso, induzindo-o a afrontar o ministro, e se preciso a própria monarquia que o general acusava de inimiga da classe militar.

No meio da tarde, um piquete de cavalaria, com 40 praças, cercou o palácio. O comandante se apresentou, dizendo-se "as ordens" de Sua Majestade por ordem de Deodoro da Fonseca. D. Pedro reagiu na hora, não reconhecia no velho marechal qualidade para dar tal ordens. Julgava necessário dissolver os grupos revoltosos. Acostumado a centralizar as decisões do gabinete, D. Pedro falou: "Eu não aceito a demissão". O genro, conde d'Eu, explicou-lhe que Ouro Preto e os demais estavam presos. "Ouro Preto virá falar comigo!", retrucou, olímpico o imperador. E o ministro Ouro Preto foi liberado por Deodoro a fim de ir ao palácio conferenciar com D. Pedro, sob condição de voltar ao quartel. Correu a notícia, que por sua sugestão o imperador teria indicado Silveira Martins para construir um novo conselho. Ministro aos 44 anos, ex presidente de província, o colosso gaúcho, barba branca e pele muito vermelha, chamava atenção por suas ideias e não tinha boas relações com Deodoro.

A Princesa Isabel lutava para não entregar os pontos e o imperador resistia a enxergar a realidade. O imperador ia se mostrando, ensimesmado, secreto e inabordável. Era um homem de seu tempo, romântico. Ser romântico era algo mais do que ter uma estética e uma filosofia. Era também, um modo de morrer, como extinguir-se politicamente. Quanta decepção em saber que Deodoro era o centro dos acontecimentos. Abatido o monarca se deixou levar por um fatalismo pessimista. Achava-se desgostoso diante da ingratidão do velho marechal, antes um interlocutor. Condecorara-o meses antes com uma das mais altas comendas do Império, a 'Ordem da Rosa'. Cansado o soberano se fechava em sofrimento e perguntas. Talvez uma repetição; repetição infeliz do que acontecera a seu pai quando da renúncia ao trono brasileiro. Como o pai, ele também se sentia desertado e atraiçoado. Isabel ficou chocada ao saber que José do Patrocínio, abolicionista com quem mantinha as melhores relações dirigia-se à Câmara Municipal à frente de populares, decidido a proclamar a República. E também chocados com a notícia que Deodoro secundado por Boacayuva, assinara a moção redigida por Benjamim Constant, lida ao povo : "Estava extinta a monarquia no Brasil!".

O adeus

Na noite de 15 de novembro para 16, tudo desmoronou. Não apenas o regime. A família também. Seus membros se digladiavam numa guerra interna. Irrompia a luta de gerações. Fora do paço, um Governo Provisório se estabelecera e o movimento militar iniciado contra um ministério terminara com a derrubada da monarquia. Mas não só: a república atingira membros da família imperial em cheio. Nunca mais seriam os mesmos. O golpe roubara-lhes o sorriso, o olhar e a alma.

Alta noite, enviou-se uma carta a Deodoro. A ideia da família imperial era convencer o chefe revolucionário a voltar atrás. Às 11 horas um major serviu de pombo correio. Às 2 da madrugada, ele voltou com a resposta verbal do velho marechal…

– a República é um fato consumado.

Não aceitava propostas, nem cedia coisa alguma. E Deodoro também disse que o culpado de tudo era o conde d'Eu, opressor do Exército.

Passados os discursos e a volta das tropas aos quartéis, o novo governo que derrubara o poder com facilidade e sem derramamento de sangue tinha um problema: desembaraçar-se da família imperial. Tendo a simpatia de alguns republicanos, como Bocayuva, Constant e Deodoro, os Bragança não contaram com a simpatia de Rui Barbosa, que achava que a família imperial não podia coexistir com a República. Era perigoso demais. Como fazer se ninguém tinha coragem de enfrentar o imperador?

Na tarde do dia 16 de novembro, no salão da Damas, interior do paço, uma comissão composta pelo major Frederico Sólon, comandante das tropas que cercavam o paço, e dois oficiais de baixa patente se apresentou. Portavam a terrível mensagem de banimento do país(*). Invocando o "voto nacional", Deodoro ordenava à família imperial que deixasse o território em 24 horas. O imperador se dirigiu a um canto do salão e o barão de Loreto que o acompanhava leu em voz alta o texto intimidante da mensagem. Ao se inteirar do conteúdo, o velho monarca exclamou:

•"Eu parto e parto já!"

A imperatriz e a filha desabaram em choro. Ficava combinado que a família imperial embarcaria no dia seguinte, às 17 h. O imperador escreveu, trêmulo, apesar de sua fisionomia serena, a resposta aos golpistas:

Após haver

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