Fórum Romano
Por: catarinandre • 28/5/2017 • Trabalho acadêmico • 4.746 Palavras (19 Páginas) • 356 Visualizações
Uma breve análise da organização dos mais importantes órgãos públicos no Fórum Romano desde o período régio até decadência do Império de Roma Antiga
Catarina Sobral André
Resumo: Desde o início até ao fim da sua construção passaram dez séculos. O Fórum Romano foi responsável por conferir identidade à cidade emergente de Roma. Era o centro socioeconómico da cidade para o qual gravitavam as mais diversas pessoas das mais distintas classes. Com o decorrer dos séculos e aquando do declínio da fortuna imperial e da abolição de todos os rituais pagãos, a cidade de Roma sofreu uma massiva desintegração urbana, o que levou ao abandono deste centro. Apesar disto, permaneceu um local importante; não pelas mesmas razões, é claro. Foram as ruínas dos seus monumentos que permitiram estudar e imaginar como seria o quotidiano numa das cidades mais antigas do mundo.
Palavras-chave: Fórum; Roma Antiga; República; Império Romano.
- Fundação de Roma e os diferentes regimes governamentais na Antiguidade
A atual cidade de Roma foi outrora o centro civilizacional romano por doze séculos. Frequentemente referido como Roma Antiga, existem evidências arqueológicas que sugerem que já seria habitado no ano 1000 a.C.[1] Todavia, apenas no século VIII a.C., viria a surgir os primeiros indícios de grandes estruturas urbanas em pedra, a fim de dar resposta ao quase instantâneo aumento populacional.
Não obstante, a data rigorosa da fundação da cidade de Roma ainda hoje é controversa, dado que existem inúmeras lendas acerca da mesma, referidas nas mais famosas obras literárias, como por exemplo, a Ilíada de Homero, a Eneida de Virgílio ou mesmo ainda a Ab urbe condita de Tito Lívio. Uma das versões mais conhecidas surgiu pela primeira vez em 200 a.C. e centra-se nos irmãos gémeos Rómulo e Remo filhos do deus Marte que teriam sido lançados ao rio Tibre pelo tio para morrer.[2] No entanto, seriam encontrados por uma loba que cuidaria de ambos até um pastor os encontrar e os criar até à idade adulta. O pastor contar-lhes-ia mais tarde as circunstâncias em que os havia encontrado e, foi então que ambos regressaram a Alba Longa, destituindo o rei. Acordaram em erigir uma nova cidade no sítio onde a loba os descobrira. Não chegando a acordo em quem seria o rei da nova urbe, Rómulo colérico viria a assassinar o seu irmão Remo. A etimologia do nome da cidade de Roma, no seguimento desta história, dever-se-ia ao nome do seu primeiro rei, Rómulo. É importante referir que tanto esta versão como muitas outras de forte carácter mitológico não são consideradas fidedignas de um ponto de vista histórico.
Como supracitado, a data da fundação de Roma é incerta. Apesar disso, existe um consenso entre vários autores, tais como, o historicista britânico Tim Cornell, que afirmam que terá sido circa 800 a.C. A data tradicional foi estabelecida muito antes destes estudiosos do século XX como 21 de abril de 753 a.C. Esta foi baseada em estudos do astrólogo Lúcio Tarúcio Firmano (fl. 86 a.C.) a pedido do historiador também romano Marco Terêncio Varrão (116-27 a.C.)
A civilização romana atravessou três períodos distintos de um ponto de vista governamental. O período régio define-se tradicionalmente desde a fundação de Roma em abril de 753 a.C. até à expulsão do rei Tarquínio, o Soberbo, em 529 a.C. por desejar reduzir a importância do Senado na vida política. No transcorrer deste período, Roma não passaria de mais uma pequena cidade sob o domínio dos etruscos e terá sido governada por sete reis que criaram diversas instituições religiosas e culturais. A queda da monarquia deu lugar a um regime republicano. Roma passou a ser governada por dois cônsules aconselhados pelo Senado e escolhidos anualmente pelo povo romano, numa tentativa de desenvolver uma constituição que se baseasse nos princípios de separação de poderes, a fim de nenhum indivíduo exercer poder absoluto sobre os seus concidadãos. Foi durante este período que Roma passou de uma pequena cidade-estado para cumprir uma agenda de expansão massiva. Através de uma combinação entre conquista e aliança, os romanos apoderavam-se das cidades e dos seus cidadãos, garantindo-lhes cidadania parcial ou total e, assim, dando-lhes poder. Exigiam em troca que estas cidades contribuíssem com força militar para as suas tropas. Com este método, os romanos conquistaram por volta do século III a.C. o restante da Península Itálica e, nos séculos seguintes, expandiram-se para o norte de África, a atual França, Península Ibérica e Grécia. A influência helenística que a conquista da Grécia trouxe a um nível cultural (arquitetura, literatura, escultura, etc) para a civilização romana, fez-se acompanhar de riqueza (ouro) pela qual generais e senadores lutavam. A República entrou numa crise pontuada por guerras civis entre um pequeno número de líderes romanos que almejavam mais poder. Com o assassinato de César, que se havia estabelecido como um ditador após vencer a guerra contra Pompeu, seguiu-se a última ronda de guerra civil, ganha, em 31 a.C., pelo filho adotivo de Júlio César, Caio Octávio. A este último foi atribuído, por parte do Senado em 27 a.C., o poder de nomear os próprios senadores, a autoridade sobre os governadores de província e ainda o título Augusto, nome pelo qual viria a ser conhecido. Augusto assumiu as responsabilidades do cargo que mais tarde viria a ser conhecido como imperador. Um novo sistema político foi instaurado no qual Augusto era o foco do Império e do Povo Romano. Augusto detinha poderes semelhantes aos de um rei e chegou mesmo a implementar princípios de sucessão dinástica. Todavia, rejeitou os títulos monárquicos e acabou por ficar conhecido como Princeps Civitatis, ou seja, “Primeiro Cidadão do Estado”. Estes acontecimentos de reorganização política e militar marcaram o início do período pós-republicano; mais especificamente, a primeira época do período imperial que viria a durar até ao ano 285 com a mudança do Principiado para o Dominato. Durante os primeiros dois séculos de período imperial houve a chamada Pax Romana, uma época sem precedentes de estabilidade social e prosperidade financeira. No final do século I, os romanos já ocupavam território desde a Síria até à Espanha, passando pelo Norte da Europa até ao Egito. Foi sob o governo do imperador Trajano que o Império atingiu as suas fronteiras máximas. Roma, neste momento histórico, encontrava-se no seu auge com uma população a ultrapassar os números de qualquer outra cidade. A partir deste período próspero, o Império começou a atravessar crises económicas e invasões por parte dos bárbaros. Ultimamente foi no século IV, com a conversão do primeiro imperador ao cristianismo, que o Império se dividiu definitivamente numa metade oriental, governada por Roma, e outra ocidental governada por Constantinopla[3]. O Império Ocidental acabou por sucumbir um século depois, em 476, aos bárbaros devido a pressões financeiras, declínio urbano, tropas mal pagas e fronteiras excessivamente estendidas. Apesar disso, o Império Oriental centrado em Constantinopla, continuou a existir até 1453 aquando da sua conquista por parte do Império Otomano.
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