GERAL CAMPOS, de ocupação
Artigo: GERAL CAMPOS, de ocupação. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: camilo987 • 24/10/2013 • Artigo • 1.957 Palavras (8 Páginas) • 232 Visualizações
CAMPOS GERAIS, OCUPAÇÃO DOS
A ocupação das terras dos Campos Gerais se iniciou na primeira década do século XVIII. Local propício para o desenvolvimento da pecuária (tendo o seu limite sul no vale do rio Iguaçu e o extremo norte demarcado pelo rio Itararé), os Campos Gerais tornaram-se, então, paragem obrigatória na rota do comércio que levava gado e muares do Rio Grande para o abastecimento de São Paulo e das Minas Gerais. A necessidade de abastecimento colonial tanto impulsionou o mercado interno brasileiro, possibilitando a gradativa integração das economias regionais, como favoreceu, ainda, a ocupação de regiões do interior paranaense. A ligação inter-regional se fazia pelo Caminho do Viamão, que compreendia três rotas, sendo a via mais utilizada denominada Estrada Real, passando pelos campos de Vacaria, de Lages, Campos Gerais e Itararé, chegando a Sorocaba. Motivados por um interesse na exploração do comércio pecuário, os pedidos para concessão de sesmarias nos Campos Gerais atingiram um total superior a 90 até meados do século XVIII. Tais pedidos, porém, não indicavam necessária intenção dos sesmeiros em estabelecer residência fixa na região. Isso se comprova pelo alto índice de absenteísmo dos sesmeiros que, não residindo em suas terras, entregavam a administração aos "fazendeiros". As sesmarias se diferenciavam pela extensão e localização, formando fazendas, sítios e chãos urbanos. O recenseamento de 1772 indicou a existência de 50 grandes fazendas e 125 sítios na região dos Campos Gerais. Foi o gradativo processo de partilha dessas sesmarias, por venda, herança e doação, que contribuiu para a valorização da terra e fixação das populações campeiras. A respeito da origem dos sesmeiros, as diferentes análises existentes permitem concluir que tinham procedência múltipla - São Paulo, Santos, Paranaguá e Curitiba - pertencendo a famílias ricas e poderosas desses locais. As sesmarias eram concedidas pela Coroa portuguesa, através de seus representantes na administração colonial. Impunha-se como condição para a doação que o pretendente comprovasse dispor de cabedais. Sua concessão conferia o direito de uso da terra, reforçando o prestígio e poder das famílias proprietárias e ampliando as distinções sociais. As primeiras sesmarias dos Campos Gerais foram concedidas a vários integrantes da família de Pedro Taques de Almeida: o latifúndio compreendia as áreas dos atuais municípios de Jaguariaíva, Piraí do Sul, Castro e parte de Ponta Grossa. Dos seus beneficiados, membros da sociedade paulista, apenas Inácio Taques de Almeida passou a residir na região.
O BOM NEGÓCIO DA PECUÁRIA - Nas fazendas desenvolveu-se uma economia quase autárquica, voltada ao mesmo tempo para a subsistência e para o comércio de gado. Ali, os trabalhadores se ocupavam de atividades diversas, como a moagem de trigo, a fabricação de laticínios, o artesanato de couro, a criação de pequenos rebanhos de ovelhas, cuja lã era destinada à confecção de cobertores e tecidos grosseiros. Nos sítios também se dedicavam à produção de subsistência, complementando ou substituindo a produção das fazendas. As fazendas dos Campos Gerais estavam, principalmente, voltadas para a economia pecuária, envolvidas com o criatório e a invernagem do gado trazido do sul. Contudo, a ambição pelos possíveis lucros, assim como a menor exigência de capital e mão-de-obra, fez com que a invernagem se sobressaísse àquela atividade de criação. A invernagem consistia na engorda do gado, durante os meses de inverno, em campos alugados. Com sua generalização, passou a ocorrer durante o ano inteiro, ocupando a maior parte das pastagens na região campeira. Essa possibilidade de lucro atraiu novos investimentos, tanto de proprietários locais, quanto de outros profissionais, como médicos, burocratas, clérigos, comerciantes, os quais também financiaram parte da atividade tropeira. O trabalho nas fazendas era realizado pela família proprietária (quando esta ali residia), pelos agregados e, sobretudo, pelos escravos, força de trabalho que incluía negros, índios ou seus mestiços. Os agregados eram homens juridicamente livres e compunham uma camada intermediária entre proprietários e escravos: "...eram camaradas, conforme a denominação que se dava ao seu trabalho de jornaleiros. Residiam em terras da fazenda, em pontos mais distantes da sede, como vigilantes das invernadas mais longínquas; eram feitores, capatazes, capangas, compadres, formando uma rudimentar clientela dos donos de fazenda". (BALHANA, 1969, p.93) Entre os agregados, os chamados "fazendeiros" ocupavam-se das questões administrativas; constituíam uma camada social flutuante e, muitas vezes, tornaram-se arrendatários, ou posseiros de terras vizinhas. A maioria dos serviços da fazenda era executada por escravos. Ocupavam-se das atividades artesanais, havendo escravos oficiais carpinteiros, sapateiros, alfaiates e arrieiros. Do trabalho com o couro resultavam os apetrechos utilizados na lida dos rebanhos, como arreios, aperos, lombilhos, xergas, buçais, cinchas e botas. Outros se dedicavam aos trabalhos domésticos, cuidando da rouparia e da cozinha.
ENTRE ARREIOS, LAÇOS E SELAS - No âmbito dessas propriedades, tinha destaque o trabalho dos escravos domadores e peões campeiros. Em documentos do último quartel do século XVIII, ressalta-se sua função como capatazes nos trabalhos de condução de tropas; o viajante Auguste de Saint-Hilaire, que percorreu a região em 1820, também fez referência a escravos atuando na peonagem. Muitas vezes, o trabalho era conjunto: escravos e camaradas saíam em grupos ao amanhecer, seguindo para as invernadas. Também aos filhos varões cabiam as responsabilidades próprias desse trabalho. Tanto podiam ter ao seu cargo a administração da fazenda, quanto participar dos trabalhos de doma, apartação e rodeio. Acompanhar um grupo de campeiros nessa sua jornada rotineira podia despertar grande entusiasmo, como o demonstrou o inglês Thomas Bigg-Whiter, em 1875: chegando ao sítio onde estavam reunidas 300 mulas bravas, observou ali a distribuição da ração de sal. Os animais, que até então se encontravam dispersos em pequenos grupos, ao serem abertos os sacos de sal e esse distribuído em pequenos montes, empreenderam verdadeira batalha na disputa pelo alimento. Enquanto se dava tal disputa, os escravos observavam os animais em busca de possíveis ferimentos, para então laçar os escolhidos. Após a imobilização dos animais suas feridas eram tratadas com uma solução de mercúrio. "Terminada essa tarefa, fiquei com ligeira noção da natureza das exigências requeridas por uma grande fazenda pastoril. O laço é o elemento principal no trabalho todo e o terror que
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