Guerra do Contestado/ Análise do filme A guerra dos pelados
Por: Sophie Valentina • 16/2/2017 • Resenha • 864 Palavras (4 Páginas) • 1.953 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS
CURSO: HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I
PROFESSOR: ME. JOSÉ LINS DUARTE
DISCENTE: JANAYNE DE MOURA FERREIRA
ANÁLISE DO FILME “A GUERRA DOS PELADOS”.
PICOS - PIAUÍ
2017
A GUERRA DOS PELADOS. Direção: Sylvio Back. Brasil, Santa Catarina: 1970, son., color., 98 min.
Denominada de guerra ou batalha do Contestado, o conflito ocorreu na área fronteiriça entre Santa Catarina e Paraná que se deu em decorrência da ausência de regularização da detenção de uma faixa de terra que se localizava entre um estado e outro, e por essa razão, ambos os estados se digladiavam constantemente, muitas vezes nos tribunais, assim como em outras vezes também de forma armada e sangrenta. Era uma luta constante por uma fronteira que se mostrasse mais favorável para um ou outro estado, esse estica e puxa desfavorecia os pequenos agricultores e o estopim foi quando o governo federal fez uma doação de extensa área de terra para uma empresa inglesa, a Southern Brazil Lumber & Colonization Company, esta ficaria responsável pela construção de uma estrada de ferro, e consequentemente essa desapropriação de terra deixou os caboclos agricultores sem nenhum meio de sustento. Dava-se início a Guerra do Contestado, que segundo Antonio Pedro Tota em Contestado: A guerra do novo mundo, foi um movimento que possuía em sua tela de fundo o cunho messiânico.
Esse conflito foi representado em uma obra cinematográfica A guerra dos pelados, dirigida pelo cineasta catarinense Sylvio Back, os sertanejos receberam a denominação de pelados por conta do de terem raspados suas cabeças como representação de seu messias que havia sido o monge São João Maria que desencarnou, e reencarnou na forma de São José Maria, também desencarnado e comunicava-se agora através da virgem Ana, uma menina de 15 anos também apelidada de Joana D’arc, esta era vista como uma espécie de oráculo ao qual fazia-se uma pergunta e adquiria uma resposta misteriosa. Em uma dessas visões, a jovem Ana profetizou sobre uma tal “Dragão de ferro” que destruiria suas terras, e fora interpretado como o trem que passaria agora pela região. É nessa deixa que o personagem cômico Neném, ao tentar matar tal besta, acaba sendo atropelado e morto.
Os sertanejos encontraram na esperança de serem salvos pelo “monge”, uma razão para continuar lutando contra os poderosos fazendeiros, o que já me parece uma vitória ter esse fio de esperança na finitude dessa situação de miséria ao qual poderiam estar acostumados. Apegando- se a fé nesse “ monge” que misturava traços do clássico cristianismo ao que entendiam ser justo, como a canonização do seu próprio messias, sem ligações fortes com a igreja ou o poder que esta poderia significar. O filme mostra em raros momentos a referência a Jesus, ainda que sem muito êxito, o foco e a fé eram mais fortes em relação aquele em que eles próprios canonizaram, uma pequena quebra com os laços com a igreja católica. Uma força foi encontrada na fé, mas em enorme medida essa fé não compartilhava dos dogmas do cristianismo. Jacqueline Hermann: “Através do catolicismo popular, os sertanejos construíram uma identidade ao mesmo tempo marginal e autônoma”.[1]
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