Guerras mundiais e o poder americano
Tese: Guerras mundiais e o poder americano. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: amandaantuness • 8/5/2014 • Tese • 2.941 Palavras (12 Páginas) • 434 Visualizações
A guerra de 1914/19 promoveu mudanças radicais na geopolítica da Europa, cujos efeitos se fazem sentir até hoje e marcou também a entrada em cena de um novo poder mundial: os EUA. Estes compareceram às negociações da Paz de Versailles como poder arbitral, mas retiraram-se unilateralmente. O projeto wilsoniano da Liga das Nações foi rejeitado pelo Congresso norte-americano. O poder econômico-financeiro dos grandes trusts
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americanos regressou à tradição do business as usual. Os EUA abriram mão (ou não puderam) de estabelecer uma nova "ordem mundial".
As Guerras Mundiais e o Poder Americano.
No final do século XIX os EUA já eram a economia industrial mais poderosa do planeta, alem de ostentar — graças à excepcional dotação de recursos naturais — a posição de grande exportadora de matérias primas e alimentos, e de contar com Nova York, um centro financeiro e de negócios, capaz de promover simultaneamente o investimento de alto risco em novos setores e a rápida centralização de capitais [6 Nota de Rodapé].
Em 1913, a capacidade industrial americana havia ultrapassado com folga a de seus principais competidores europeus, Alemanha e Inglaterra. Mas, a constituição da hegemonia americana não pode ser compreendida sem a avaliação dos efeitos das duas grandes guerras — a de 1914-1918 e a de 1939-1945.
Os historiadores reconhecem que a guerra de 14-18 foi inovadora nos aspectos tecnológico, econômico, social e político, se comparada com os conflitos anteriores. A conflagração não foi apenas mundial, por conta do número de países envolvidos, mas também, total: pela primeira vez o chamado "esforço de guerra" comprometeu a quase totalidade dos recursos materiais e humanos das sociedades envolvidas, ou seja, exigiu a mobilização do conjunto das forças produtivas. Tal mobilização impôs o abandono drástico dos cânones da economia liberal, o que significou, então, a substituição dos mecanismos de mercado pela centralização das decisões nos órgãos estatais de coordenação; o abandono, de fato ou de jure, das regras de conversibilidade do padrão-ouro; e a adoção de esquemas de financiamento do gasto governamental, apoiados na elevação da carga tributária e, sobretudo, na colocação de dívida junto ao público e ao sistema bancário.
Na primeira Grande Guerra, o potencial tecnológico e econômico desenvolvido a partir da 2a Revolução Industrial foi colocado a serviço dos combatentes nos campos de batalha. Esta circunstância representou um salto no poder destrutivo dos armamentos e uma ampliação das vantagens competitivas da indústria norte-americanas que, desde o final do século dezenove vinha liderando, juntamente com a Alemanha, as inovações nos setores químicos, metalúrgico, metal-mecânico e transportes. Estes setores foram "convertidos" para a produção canhões de longo alcance, fuzis, metralhadoras, carros de combate, navios, submarinos, aviões, para não falar de munições de alto teor letal, além de armas químicas.
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Na I Guerra, sob o comando do Council of National Defense, organismos como o War Industrial Board, o United States Shipping Board e o Director General of Railroads estabeleceram o controle generalizado de preços, o planejamento da rede de transportes, o racionamento de alimentos e de carvão para aquecimento, a programação de compras do governo e a sustentação de um nível elevado de dispêndio público. Estas formas de controle e coordenação foram compatíveis com a subida expressiva dos lucros do setor privado e com a elevação dos salários reais, a despeito da duplicação do nível geral de preços entre 1913 e 1918. Tal como ocorreria também depois da II Guerra, a acumulação de poder de compra "represado" por parte das famílias consumidoras teve impacto significativo no desempenho da economia americana no imediato pós-guerra.
Provedores de material bélico, os Estados Unidos saíram da 1a guerra na condição de país credor, o que afetou profundamente, como já foi dito, as negociações de Versailles e o encaminhamento das tentativas frustradas de "normalização" econômica ao longo da década dos 20.
Na Europa, as dívidas de guerra e as reparações exigiram um esforço adicional de obtenção de recursos fiscais que as populações — principalmente as classes abastadas — não estavam dispostas a conceder aos governos. Os níveis de preços foram multiplicados por quatro ou cinco e os países submetidos ao ônus de reparações e sobrecarregados com a reconstrução do aparato produtivo, sofreram o flagelo da hiperinflação. A generalização do sufrágio universal e a percepção da natureza "imperialista" da guerra — atribuída à insensatez das elites econômicas e políticas — concederam um peso maior à opinião das classes subalternas.
Neste quadro, na primeira metade dos anos 20, tornou-se impossível restaurar o regime monetário que prevaleceu no período anterior à guerra. Os primeiros anos da paz permitiram que se observasse e avaliasse o funcionamento de um sistema de "flutuação livre" das taxas de câmbio. A experiência foi negativa e só aumentou a ansiedade pela restauração de um padrão monetário estável.
Em sua ressurreição, no entanto, o padrão-ouro foi incapaz de reanimar as convenções e de reproduzir os processos de ajustamento e as formas de coordenação responsáveis pelo sucesso anterior. O último país a declarar oficialmente sua adesão ao padrão-ouro foi a França em 1928. Antes dela, entre 1923 e 1925, retornaram a Alemanha e seus parceiros na hiperinflação, Áustria, Hungria e Polônia. A Inglaterra retornou em 1925. O estabelecimento da paridade da libra com o ouro no mesmo nível que prevalecia antes da guerra foi a causa de muitos dos problemas de coordenação que se apresentaram durante os conturbados anos 20 e 30.
O regime do Gold Exchange Standard permitia — diante da escassez de ouro — a acumulação de reservas em moeda "forte" (basicamente o dólar e a libra). A decisão da Inglaterra, tornada em 1925, de voltar à paridade do período anterior à guerra, era claramente incompatível com o novo nível de
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preços internos e tampouco reconhecia o declínio de seu poderio econômico e financeiro.
A "sobrevalorização" da libra e a "sub-valorização" de outras moedas, principalmente do franco, causou, ao longo do tempo, o aprofundamento dos desequilíbrios
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