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HISTÓRIA COMPARADA DA AMÉRICA LATINA

Por:   •  8/7/2015  •  Resenha  •  1.570 Palavras (7 Páginas)  •  562 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

RELAÇÕES INTERNACIONAIS - 3° SEMESTRE

HISTÓRIA COMPARADA DA AMÉRICA LATINA

Professora Maria de Fátima Bento Ribeiro

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COGGIOLA, Osvaldo - Governos Militares na América Latina

Matheus Tomás Rosa

Pelotas, Julho de 2015

        Osvaldo Coggiola, historiador de influência trotskista, é o autor do livro “Governos Militares na América Latina”. O Argentino, exilado de seu país por uma das próprias ditaduras tratadas na obra em questão, publicou-o em 2001.

        O livro começa com Coggiola dedicando-o “[...] a todos os mortos e desaparecidos na luta contra as ditaduras militares na América Latina.” [COGGIOLA, Osvaldo, “Governos Militares na América Latina” – página 5] o que dá o tom de denúncia que a obra tomará em sua forma. O livro é divido em introdução, quatro capítulos e uma conclusão (seguida de uma “cronologia”, uma linha do tempo dos grandes acontecimentos do período tratado). A introdução começa numa nota dura, citando o genocídio perpetrado pelos nazistas, não igualando os dois acontecimentos, mas utilizando sua imagem para estabelecer as características da repressão das ditaduras deste continente como de “[...] um caráter mais seletivo, mas não menos horroroso: [...]” [COGGIOLA, Osvaldo, “Governos Militares na América Latina” – página 9] prosseguindo com uma aproximação do número de mortos/desaparecidos em razão desta.

        O primeiro capítulo começa traçando paralelos e diferenças entre os regimes militares do Cone Sul. No tanto que os regimes militares nacionalistas e populistas se diferenciaram dos entreguistas e repressivos, eles podem não ter uma pletora de pontos comuns, mas claramente compartilham dessas características “[...]dissolução das instituições representativas, falência ou crise aguda dos partidos políticos tradicionais, militarização da vida política e social em geral[...]Um outro aspecto em comum é o crescente poderio econômico, social e político a partir das décadas de 1950-60 da instituição militar.” Neste primeiro capítulo também entra um dos pontos de interesse do livro: A questão da imputabilidade e impunidade dos Estados Unidos na consolidação dos regimes instaurados nos anos 60 no Cone Sul e América Central, que na tentativa de pender a balança internacional da guerra fria a seu favor deu suporte e instigou os golpes. O autor destaca que desses golpes, três foram os que “mudaram o jogo”: O da Bolívia, do Brasil e da Argentina.  Prossegue então, a história que antecede o golpe. Do caso boliviano ocorre uma descrição menos detalhada dos acontecimentos desde a derrubada do “regime da rosca”, até a reconstrução do exército(com apoio americano) pelo regime revolucionário e subsequente golpe de estado militar, não entrando em detalhes do início do regime militar em questão. O autor dá um detalhado relato, no caso do Brasil, das maquinações internas da embaixada norte-americana na política brasileira, da situação de instabilidade social do governo Jango, não só derivada de fatores econômicos e sociais internos mas também alimentada pela política de “ajuda às ilhas de sanidade administrativa”, e por fim da operação Brother Sam, cuja existência só foi recentemente  revelada, um plano militar completo de suporte ao golpe. Então procede a explicação dos Ais e sua utilização para o desmantelamento do aparato democrático, da mancumunação dos setores reacionários em apoio a máquina de repressão política, institucionalização da mesma e da doutrina de segurança nacional, etc. O detalhamento do golpe argentino é par com o brasileiro, explicando todo o pano de fundo político que antecedeu, e novamente focando no papel estadunidense neste mesmo, nesse caso focando no panorama geral de deposição de governos civis como política de “estabilização” na América do Sul, para o bom andamento de seus negócios e controle da subversão comunista e da atuação decepcionante do plano militar na economia argentina. Então o capítulo segue focando principalmente nos conflitos dentro de Argentina e Brasil, conflitos da sociedade civil, passeatas, greves e negociatas com a burguesia que ocorreram para garantir os governos militares, e no final do capítulo, fala dos governos instaurados mais ao fim da década de 60, do Uruguai, Chile e Bolívia novamente, que começariam um novo tipo de regime militar.

        No segundo capítulo, são tratadas as “novas” ditaduras (que não são sóa penas regimes novos, mas também mudanças na forma de fazer a repressaõ dos regimes mais antigos), início do capítulo de maior brutalidade do período. Essas novas ditaduras tratam seus adversários políticos com mais violência, mas não só isso que diferencia ela das “antigas” ditaduras, já que o próprio panorama Interno mudou, e essa mudança na forma de reprimir é uma “reação” a ações de caráter revolucionário e guerrilheiro. “O ciclo golpista latino-americano da década de 1970 marcou a passagem definitiva do “caudilhismo” militar(característico das ditaduras típicas da primeira metade do século xx, que assumiam o poder através de um lider e não como instituição) para o domínio institucional das forças armadas(por todas parte governavam as “juntas” militares). Os novos governos militares evitaram a todo custo a palavra revolução[...]”[COGGIOLA, Osvaldo, “Governos Militares na América Latina” – página 36]. 

O capítulo três fala da segunda metade da década de 70, ou seja do uso do “terrorismo de estado” por parte dos governos militares, e do envolvimento da CIA e abono dos EUA a esse “terrorismo de estado”. Essa doutrina do estado terrorista foi a responsável pelo desaparecimento, tortura e morte pelos quais ficaram conhecidas as ditaduras da América Latina. Fatos interessante sque raramente são mencionados em outros textos falando de ditadura militar são como a corrupção junto do uso indiscriminado da máquina de terror estatal para o ganho próprio, via compra, roubo, venda das posses dos “desaparecidos”, do apoio que  igreja católica deu aos regimes, esses dois sendo fatores mais fortes na ditadura argentina, aquela que fez uso mais indiscriminado da tortura e assassínio. Nesse capítulo também se trata da Operação Condor onde “[...]Os exércitos de Bolívia, Argentina, Chile, Uruguai, Brasil e Paraguai estabeleceram um pacto ára coordenar forças e operações repressivas e unificar a informação policial, com o fim de exterminar qualquer oposição ou resistência. Essa associação influiu o sequestro, o roubo, o assassinato, a tortura, o desaparecimento de pessoas, a destruição de dezenas de milhares de seres humanos e suas famílias, aos que ademais se roubaram centenas de recém-nascidos para entregá-los a repressores sem filhos ou a seus amigos.”[COGGIOLA, Osvaldo, “Governos Militares na América Latina” – página 68]. Embora essa aliança tentasse se justificar como contra-terrorista/comunista, as guerrilhas ja´estavma demasiadas enfraquecidas, e então o autor toca em uma série de estatísticas interessantes,que lhe permitem atribuir a aliança outros objetivos, de destruição de associações proletárias e sindicais, agremiações estudantis, variando o foco dependendo do grupo mais socialmente ativo e relevante dentro de determinado país, visando destruir a resistência social ao regime, e “[...]deixar a população trabalhadora, suas organizações e associações em estado de paralisia, de terror e sem defesa diante da privatização dos bens públicos, do empobrecimento geral e do enriquecimento obsceno do grande empresariado, da redução drástica dos salários e do desmantelamento dos contratos coletivos de trabalho, normas laborais e outras conquistas sociais, do desemprego” [...]”[COGGIOLA, Osvaldo, “Governos Militares na América Latina” – página 70]. Esse 3° capítulo é um dos mais taxantes emocionalmente, pois além de tratar de um dos períodos mais brutais, trata este de forma relativamente impessoal, até o que se refere aos movimentos dos parentes dos desaparecidos, que traz mais fotos e citações diretas das famílias afetadas que lutaram por justiça aos desaparecidos, muitas vezes me vão.

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