História Da Enfermagem

Resumo: Uma história do processo de enfermagem nas publicações da revista brasileira de enfermagem no período 1960-1986

Wanda de Aguiar Horta incentivou o processo de enfermagem no Brasil, trazendo como referencial teórico a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Maslow, assim que privilegiava cinco etapas: levantamento de dados, diagnóstico, planejamento, execução e avaliação. Mas o enfermeiro tem enfrentado vários obstáculos externos e internos à enfermagem para aplicar a metodologia da assistência de enfermagem. O trabalho fez uma análise histórica da implementação da metodologia da assistência de enfermagem no Brasil, nas décadas de 60 a 80, no início da implementação da sistematização da assistência na literatura da enfermagem, o artigo usou como fontes artigos publicados na REBEn. O primeiro artigo publicado sobre o tema é de autoria de Wanda Horta, nele ela define que diagnosticar é aplicar o método científico, ou seja, utilizar os processos lógicos pelo pensamento, na busca da verdade ou na sua exposição. Ela trazia a ideia de sistematizar o pensamento, o raciocínio, para levantar os problemas do paciente, o que já era realizado pelas enfermeiras, mas de forma intuitiva. Ela apresenta três justificativas para a aplicação do diagnóstico de enfermagem, na primeira, o enfermeiro delegava os cuidados diretos do paciente ao pessoal auxiliar, necessitando de uma sistematização desta assistência, e na segunda ela diz que é antieconômico o uso de medidas empíricas; cabe ao enfermeiro o diagnóstico de enfermagem e aplicar o tratamento específico, e a terceira aponta que o progresso das ciências do Homem em especial das ciências médicas exige do enfermeiro maior soma de conhecimentos, capacidade de reflexão, análise e síntese. Depois ela propõe um plano para o tratamento de enfermagem, com cuidados higiênicos, atividades físicas, observação e controle das atividades vitais. No mesmo ano, Wanda Horta et al. publicaram o artigo O ensino do Plano de Cuidados em Fundamentos de Enfermagem, que tinha como estrutura, roteiro de aulas teóricas compostas de : Anamnese de enfermagem; diagnóstico de enfermagem; plano de cuidado de enfermagem; pessoas relacionadas à elaboração e execução do plano; objetivos gerais e específicos e fonte de informações e elaboração do plano.

O editorial da REBEn de 1968 revela a preocupação com a delimitação de funções da equipe de enfermagem e a busca do cuidado direto que já suscitava questionamentos na massa crítica da Enfermagem brasileira, as indagações quanto à delimitação de atividades da equipe já figuravam em estudos desde o início da década de 1960. Um artigo de 1968 permite a identificação do processo de trabalho do enfermeiro, as autoras apontam a escassez de enfermeiros na instituição, o salário insuficiente e o número reduzido de vagas destinadas a esse profissional, como determinantes. Nos anos de 1970, Horta continuou propagando a necessidade do planejamento da assistência em três artigos, o primeiro é O ensino dos instrumentos básicos de enfermagem; o segundo A observação sistematizada como base para o diagnóstico de enfermagem e o terceiro A metodologia do processo de enfermagem, que defende a necessidade da enfermagem de se desenvolver técnica e cientificamente, e o enfermeiro deverá assistir o indivíduo, família ou comunidade, no atendimento de suas necessidades básicas, utilizando metodologia científica. O diagnóstico de enfermagem estendeu as perspectivas profissionais ao âmbito da investigação científica, avançando para a estruturação de uma ciência da enfermagem, Horta publicou um artigo em 1972, Estudo básico da determinação de dependência de enfermagem, mostrando que a enfermagem precisaria determinar seu grau de dependência do atendimento em natureza e em expansão para determinar o diagnóstico.

A preocupação na década de 1970 consiste, portanto, na eficácia da competência técnica como meta a ser perseguida por todos os profissionais de enfermagem, com vistas a contribuir com o avanço tecnológico, com o desenvolvimento, numa preparação parcial, voltada exclusivamente para o atendimento hospitalar, e ao mercado de trabalho. Por sua vez o reflexo na educação foi a criação dos primeiros cursos de pós-graduação voltados preferencialmente para as áreas médica e cirúrgica, que ofereciam maior número de vagas no mercado de trabalho. Na análise dos artigos da Revista Brasileira de Enfermagem, observou-se pluralidade de termos utilizados com o mesmo significado, como: planejamento de cuidados, plano assistencial e plano de cuidados; anotações e registros; sistematização da assistência, processo de enfermagem e metodologia da assistência, o que pode ter contribuído para dificultar a socialização do conhecimento. Nos anos de 80, surgiu a proposta de trabalho para o Sistema de Serviços de Saúde, iniciando o movimento de prevenção e extensão da cobertura de cuidados de saúde à população. A implementação da metodologia da assistência de enfermagem prosseguiu com a publicação de artigos de relato de experiências de enfermeiras na aplicação do processo de enfermagem, com adequações.

Por fim, o artigo mostra que a implantação da metodologia da assistência de enfermagem esteve contextualizado nos caminhos percorridos para a profissionalização de enfermagem no Brasil, e as dificuldades e resistências experimentadas não podem ser contabilizadas apenas à vontade dos profissionais, mas, sim, permearam-se pelos interesses da sociedade brasileira.

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