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Maria Antonieta

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Por:   •  4/9/2014  •  1.407 Palavras (6 Páginas)  •  490 Visualizações

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Guilhotinada pela Revolução Francesa em 1793, a controvertida Maria Antonieta não guardou a melhor das reputações entre os franceses, embora tivesse tido um início de reinado extremamente popular. E eis que, em pleno século XXI, surge, de Hollywood, uma Maria Antonieta encantadora, sofisticada, desafiadora e... simpática! Essa é a imagem da arquiduquesa austríaca apresentada no novo filme da diretora Sofia Coppola, que estréia nos cinemas brasileiros neste mês.

Maria Antonieta, o filme, estreou no festival de cinema de Cannes como favorito, e saiu vaiado por grande parte do público - franceses, em sua maioria. Nos Estados Unidos, fez sucesso. O longa-metragem não apenas reabilita a última rainha da França como a transforma numa personagem pop, lançadora de tendências, em plena Versalhes do século XVIII. O filme se inspira no livro escrito pela inglesa Antonia Fraser, autora de biografias históricas de sucesso na Inglaterra. A obra sobre a vida de Antonieta, publicada em 2001, acaba de sair no Brasil, pela Record. A transformação do livro de 500 páginas em roteiro de cinema foi assinada pela própria Sofia Coppola e contou com a consultoria técnica da historiadora francesa Evelyne Lever, autora de outra biografia sobre a rainha.

A versão de Sofia Coppola para o que se passou em Versalhes entre os anos de 1770 e 1789 - do casamento com o herdeiro do trono francês Luís XVI à transferência da família real para o centro de Paris, sob a revolução - cria uma inevitável empatia em relação àquela que foi condenada à morte sob acusação de traição, manipulação, articulação política, infidelidade, promiscuidade e até por manter uma relação incestuosa com o filho mais novo. A Maria Antonieta vivida por Kirsten Dunst (a loira que fez o papel de namorada do Homem-Aranha) está centrada principalmente no período de glória vivido pela estrangeira, recebida como a delfina da França (futura rainha consorte).

Retrato de Maria Antonieta

A decadência de sua popularidade, que a levaria à guilhotina, fica de fora da trama, assim como o panorama político da Revolução Francesa, que aparece só como um ruído de fundo responsável por alguns acontecimentos. A revolta popular não entra em questão quando se trata de abordar a jornada da jovem rainha em busca de prazeres e diversões para afastar o tédio das convenções e protocolos da corte. O foco está nos dias passados pela monarca a experimentar os mais variados modelos de vestidos, sapatos, jóias e penteados, assim como a degustar exageradas torres de macarons e outras delícias da colorida doçaria francesa.

Quem pretende, portanto, aproveitar o filme para reavivar na memória os eventos da revolução que destituiu a monarquia francesa no século XVIII sairá provavelmente frustrado do cinema. Idem para quem espera do filme uma reavaliação do papel da arquiduquesa austríaca na história da França. O longa adota como base a biografia assumidamente simpática à figura de Maria Antonieta e a transforma em uma heroína pop, adolescente incompreendida que se sente deslocada no estilo de vida da corte de Versalhes.

A arquiduquesa Maria Antônia Josefa Joana de Habsburgo, que foi enviada à França aos 14 anos para casar com o futuro herdeiro do trono, é mostrada como a menina que foi arrancada do ninho familiar para assumir um papel politicamente esquadrinhado por suas famílias. O casamento com o delfim Luís Augusto selava a união da França e da Áustria após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), interessante para as duas casas, tanto os Bourbon (reis da França) como os Habsburgo, da Áustria.

A poderosa e controladora imperatriz Maria Teresa da Áustria não tinha feito exatamente esse plano para sua décima quinta filha, Maria Antonieta. Mas a necessidade da aliança com a França e a morte de uma das irmãs mais velhas de Antonieta a transformaram na principal pretendente daquela geração dos Habsburgo. E, no entanto, ela havia sido muito pouco treinada para isso - certamente menos que as irmãs.

Assim, a imatura Maria Antonieta se viu cruzando a fronteira, em 1770, para assumir o papel de delfina francesa. Foi bem recebida pelo rei Luís XV, que, ao que consta, fez comentários elogiosos à sua beleza - enquanto seu neto, o noivo Luís Augusto, futuro Luís XVI, não parecia muito preocupado com esses detalhes.

Divulgação

O requinte da corte de Versalhes fascinou e ao mesmo tempo assustou a jovem austríaca. Maria Antonieta sofreu para se enquadrar nas rígidas regras e etiquetas do palácio, onde a vida privada da esposa do herdeiro do trono era tratada como um assunto de Estado. Essa crise, da passagem da adolescência à vida adulta da jovem que se tornou rainha da França aos 19 anos, é o grande mote do filme de Coppola. Com belo figurino e rica reconstituição de época, a trama se desenvolve em torno dessa garota, amante da música, do teatro, dos jogos e bailes, que fazia de tudo para afastar o tédio e a solidão que a assolavam na pomposa corte. Antonieta foi, como considerou a historiadora Evelyne Lever, a monarca que antecipou, em dois séculos, a figura de Lady Diana.

A futura rainha da França manteve a popularidade em alta mesmo tendo demorado mais de dez anos para concretizar o objetivo de seu enlace com o também jovem Luís XVI: a geração de um herdeiro. O que o filme de

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