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Marx E Weber

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Por:   •  12/10/2013  •  1.517 Palavras (7 Páginas)  •  303 Visualizações

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As idéias de Max Weber e de Karl Marx nunca perdem a validade. Durante grande parte do século XX ambos foram colocados em campos opostos, em que suas reflexões sobre a sociedade moderna eram entendidas como interpretações antagônicas, sendo uma, a weberiana, classificada como conservadora e burguesa, e a outra, a marxista, como sendo progressista e fundamentalmente baseada nos ideais revolucionários. Esse suposto dilema já não é mais importante, pois vamos encontrar nesses dois pensadores uma convergência de análise do capitalismo que se tornaram clássicas no campo das ciências sociais e da história. Daí decorre a possibilidade de diálogo entre eles.

Em longos trechos das obras de Marx e Weber as questões postas são as mesmas, e ambos têm, como pensadores, muito mais em comum entre Marx e muitos autores que se dizem seus fiéis seguidores. Um dos elementos centrais que os aproxima está a preocupação de ambos sobre o destino do homem dentro da moderna sociedade capitalista.

No Manifesto Comunista, escrito em parceira com Engels, Marx identifica a história da modernidade como a história do trabalho revolucionário da burguesia que “destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas”, despedaçando “sem piedade (...) os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus ‘superiores naturais’, para deixar subsistir, entre os homens, o laço do frio interesse”. Além disso, a burguesia “afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta”. Fazendo da dignidade pessoal um simples valor de troca, temos nos tempos modernos uma substituição das numerosas liberdades, que foram conquistadas com tanto esforço, “pela única e implacável liberdade de comércio”. Isto significa que no lugar da “exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal” (MARX, 1984: 11).

Esse processo revolucionário, despoja de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com um profundo respeito. O processo histórico em curso, ao levar a burguesia à condição de classe dominante, segundo a análise de Marx, “rasgou o véu de sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias”, subvertendo a produção, abalando o sistema social e dissolvendo todas as relações sociais. Como diz Marx: “tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado” (Cf.,1984 : 12).

Todavia, ao criar o mundo à sua imagem e semelhança, a burguesia promove e acirra ainda mais o antagonismo social, o que pode levar à sua própria superação. As armas das quais ela lançou mão para destruir as relações feudais tendem a voltar contra si. Segundo Marx, a burguesia não forjou apenas as armas que lhe darão morte, mas também os homens que manejarão essas armas – o proletariado. “A burguesia produz seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis” (1984: 24). Se Marx analisa a sociedade moderna, procurando entendê-la conceitualmente, por outro lado, ele vislumbra a possibilidade de transformá-la, criando as condições para uma nova ordem social. Isto quer dizer que, se pretende captar a realidade como ela é, ao mesmo tempo coloca em seu horizonte o como ela deveria ser. A sociedade verdadeiramente humana deve ser um dia uma sociedade sem exploração e opressão, e esta possibilidade está dada já agora, na sociedade presente. É por isso que precisamos compreendê-la o mais satisfatoriamente possível. A luta de classes, como lei da história, deve favorecer a construção do futuro desejado, já contido no presente odioso e iníquo.

A transformação de uma forma a outra, de um modo de produção a outro, se dá pelos conflitos abertos por causa da luta entre a classe dominada e a classe dominante em cada época” (RODRIGUES, 2000: 41).

O estudo que Marx fez sobre a sociedade burguesa moderna enraíza-se não no assim chamado desenvolvimento geral do espírito humano, nem a partir de si mesma, mas nas relações materiais de vida. Desse modo, ele pôde encontrar um fio condutor que possibilitou a construção de uma utopia. No prefácio de Para a crítica da economia política, diz que esse fio condutor corresponde ao seguinte:

na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais (...) Em uma certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes (...) Sobrevém então uma época de revolução social” (1987: 29-30).

Com isso em mãos, passou a acreditar que o capitalismo, como modo de produção burguês, pode ser destruído, edificando, assim, em seu lugar uma sociedade sem classes. Ele punha a maior fé na capacidade da ciência em formular uma utopia que pudesse dar conta da sociedade do futuro. Acreditando haver descoberto as leis da história – o seu fio condutor -, Marx vislumbrou a superação da sociedade capitalista e a construção de uma nova sociedade, no qual o homem se reencontraria consigo mesmo, seria um ser autônomo e autoconsciente, trabalhador manual e intelectual ao mesmo tempo. Enfim, os homens e as mulheres seriam seres humanos inteiros, completos.

Portanto, para Marx, é a partir do caráter conflituoso da sociedade, sobretudo a moderna, que podemos edificar um novo mundo, um mundo que será o resultado da abolição da propriedade privada e da extinção do trabalho assalariado.

O que queremos é suprimir o caráter miserável desta apropriação que faz com que o operário só viva para aumentar o capital e só viva na medida em que o exigem os interesses

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