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Memórias de Sanehet - Relações Egito/Ásia

Por:   •  4/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.288 Palavras (10 Páginas)  •  245 Visualizações

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Memórias de Sanehet - Relações Egito/Ásia

      Sanehet, após a morte do faraó Amen-em-hat I, fugiu em direção a Ásia (Morte de Amen-em-hat P.103) (provavelmente por ser um local conhecido por ele), pois Sanehet era administrador dos domínios do soberano nas terras dos asiáticos. E ao norte do Egito, Sanehet encontrou as muralhas do Soberano, local feito para repelir os asiáticos (Fuga de Sanehet- P.105). Continuando a sua fuga, o egípcio passou pela importante cidade de Biblo, no Líbano, que mantinha muitas relações comerciais com o Egito (Sanehet estabelece-se em Retjenu – P.106).

       Sanahet encontrou-se com Amunenshi, governante do Alto Retjenu, que falava a língua do Egito (mostrando que o idioma não se retia apenas em terras egípcias) e lhe deu terra para se estabelece e com maior prova disso, ainda ofereceu sua filha para se casar. (A opulência de Sanehet - P.109) A terra se chamava Iaa e se localiza na fronteira com outro país, terra descrita pela sua opulência e que “tinha mais vinho que água.” (A opulência de Sanehet – P.109). Outro aspecto interessante é que Sanehet costumava hospedar todos os egípcios que passavam por ali, além de deter o próprio mensageiro egípcio, de forma que forma querer manter contato com sua terra natal e mostrar hospitalidade para com seus compatriotas mesmo em terras e comunidade estrangeira. (A opulência de Sanehet – P.109)

       Pode-se assim mesmo se ter talvez um prelúdio do que viria a ser as relações interculturais entre civilizações diferentes, Sanehet se vê imerso na cultura asiática, tão descrita pelos egípcios como inimiga e inferior na sua forma de batalhar como descreve o Hino de Sem-usert I (P.107) Porém é plausível interpretar que essa passagem em que destaca a retenção do mensageiro e oferecer hospitalidade não é de aspecto apenas de retratação desse ato em si, mas também o seu poder simbólico, ele continua obtendo informações e convivência com um conterrâneo, mas o mesmo também por receber tal hospitalidade daquele povo que Sanehet agora é um patriarca, também está entrando em contato com a cultura deles.

       Na sua luta contra um bravo de Retjenu, Sanehet mostra-se não querer inicialmente o conflito, porém vendo-se sem escolha pois o bravo insistia em provoca-lo, por fim Sanehet o vence tal qual um egípcio valoroso como ele se descreve, se portando como um guerreiro de distância curta de seu inimigo. “Deixei que lançasse suas armas, fiz com que passassem por mim sem me atingirem, uma após a outra. Então ele correu em minha direção. (Só aí) atirei e minha flecha cravou-se em seu pescoço.” (Luta contra o desafiante de Retjenu – P.110) E então Sanehet fez que como ele diz “O que ele queria fazer-me, fiz a ele.” Apoderou-se de seus bens e se tornou poderoso em riquezas e respeito. Vemos então que sua participação foi fundamental para defender a tribo que o acolheu, mesmo sendo egípcio.

      Em seguida desse relato, ele reflete sua situação “Antes, um fugitivo de seu meio, hoje minha fama chega à Residência. Antes um errante que se arrastava presa da fome, hoje dou pão ao meu vizinho.” (A saudade do exilado – P.111) É de se interpretar que possivelmente o “vizinho” se referia ao Egito, como anteriormente na passagem em que relata deter o mensageiro egípcio e dar-lhe hospitalidade ele deixa claro a sua vontade de manter contato e mostrar boa vontade com os de lá. Porém se vê tomado por uma saudade e envia uma mensagem ao soberano do Egito para que lhe perdoasse e que aceitasse de volta. No caminho de volta o rei enviou um diligente supervisor dos camponeses dos domínios reais, com barcas carregadas de presentes do rei para os asiáticos que escoltaram Sanehet até os Caminhos de Hórus (mostrando compaixão com os asiáticos) (O retorno de Sanehet –P.116).

Relações de poder no trono egípcio

       Memórias de Sanehet tem um fator primordial em sua narrativa, falar sobre o reinado egípcios e sua superioridade aos estrangeiros, pois o próprio local, o Egito é regido como local de nascimento verdadeiro para o soberano e não apenas em suas terras como também nas demais que a circundava. Tanto que logo no início de suas memórias, Sanehet descreve; “O nobre dignitário, administrador dos domínios do soberano nas terras dos asiáticos.” (Títulos e função – P.103) Sahenet possuía alto cargo dentre os subordinados do faraó, era servidor de seu harém real e seu acompanhante.

      Através das batalhas travadas contra os asiáticos, Sanehet descreve seus líderes militares como o co-regente do trono Sen-usert I e sua forma de batalhar com vigor e também descreve as “Muralhas do Soberano”, porém se viu perturbado com o cenário da guerra devido talvez à morte do faraó Amen-em-hat I com a conspiração contra o seu filho mais velho e co-regente Sem-usert pelos seus dois irmãos mais novos. Vale salientar que Sanehet tomou conta de todos esses acontecimentos no próprio acampamento de batalha, portanto se viu tão abalado que fugiu em busca de exílio.

      Porém, mesmo em terras estrangeiras como relata na passagem em que se estabelece em Retjenu (P.106) e em meio aos próprios asiáticos, Sanehet que inicialmente peregrinou com fome e sede, acaba se encontrando em destaque mesmo em meio à um povo estrangeiro, se tornando o patriarca daquela tribo, opulento de posses, riqueza e respeito e o relato não deixa de destacar que isso foi possível devido à suas virtudes como guerreiro egípcio. Possuindo as características dignas de um soberano egípcio pelo menos em meio àquela terra estrangeira. Não nega suas raízes e nem suas conexões com sua terra natal como deixa claro na passagem em que retem o mensageiro e lhe dá hospitalidade. (Opulência de Sanehet – P.109)

     Na trama central da história em torno da conspiração que parte à partir da morte de Amen-em-hat I fica clara as hierarquias em que o co-regente assumiria, porém seus irmãos conspiram contra ele, deixando claro que a sucessão se segua na ordem de nascimento dos filhos do faraó. E após tantos anos de Senehet peregrinar e prosperar no Egito, ele escreve ao que era então no seu tempo o co-regente, que se tornou rei do Egito, Sen-usert I a quem envia sua carta e o manda buscar dando-lhe todas as graças de um egípcio de alta posição, como uma forma de responder a esse intercâmbio cultural que seu súdito passou dando resposta superior, tal qual é a perspectiva que a narrativa dessas memórias busca dar ao reinado egípcio: superioridade.

Sucessão Imperial

      Podemos observar algumas passagens que nos dão algumas noções de como ocorria a sucessão imperial no Antigo Egito. “Ora, sua majestade enviara um exército à terra dos tjemehu com seu filho mais velho no comando, o bom deus Sen-usert”. (A conspiração - P. 104) O filho mais velho do Faraó era o herdeiro legítimo do trono Egípcio, por isso, nessa passagem, ele é chamado de “o bom deus Sen-usert”, pois o faraó era considerado a própria reencarnação do deus Hórus. “Porém (mensageiros também) haviam sido despachados aos príncipes que estavam com ele na nessa expedição”. (P. 104) Os príncipes citados eram filhos do faraó, porém estavam atrás do irmão mais velho na linha de sucessão do trono. Foi deles que partiu a tal conspiração que tanto assustou Sanehet, daí o corpo de toda a trama se forma e assim também mostrando de forma bem explícita como funcionava a sucessão imperial.

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