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Novas perspectivas para a educação no século XXI

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Por:   •  29/10/2014  •  Tese  •  1.458 Palavras (6 Páginas)  •  580 Visualizações

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Novas Perspectivas para a educação no Século XXI. A Práxis

transformadora e a futuridade histórica

Moacir Gadotti

Currículo de Moacir Gadotti:

Licenciado em Pedagogia e em Filosofia, Doutor em Ciências da Educação

pela Universidade de Genebra é, atualmente, professor titular da

Universidade de São Paulo e diretor do Instituto Paulo Freire. Foi Chefe de

Gabinete da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo na gestão de

Paulo Freire. Tem um grande número de livros publicados onde desenvolve

uma proposta educacional orientada pelo paradigma da sustentabilidade.

Entre os livros publicados por Moacir Gadotti, traduzidos em diversas

línguas, destacam-se: História das idéias pedagógicas, Pedagogia da Práxis,

Paulo Freire: uma biobibliográfica, Pedagogia da Terra, Um legado de

esperança e Os Mestres de Rousseau.

O conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça do

futuro. Nesse contexto, as perspectivas para a educação no Século XXI são

otimistas. A pergunta que se faz é: qual educação, qual escola, qual aluno, qual

professor, qual currículo, qual sistema de ensino. A práxis transformadora visando à

futuridade histórica nos leva a refletir sobre a necessidade de superar a lógica

desumanizadora que tem no individualismo, na competitividade e no lucro seus

fundamentos. Nesta conferência buscarei compreender a educação no contexto da

globalização neoliberal e de sua alternativa, a planetarização. No ano em que

lembramos os 10 anos do falecimento de Paulo Freire, nossos corações e mentes,

como educadores, estão voltados à educação para um outro mundo possível, uma

educação para a sustentabilidade. Não se pode mudar o mundo sem mudar as

pessoas: mudar o mundo e mudar as pessoas são processos interligados. No Século

XXI, numa sociedade que utiliza cada vez mais as tecnologias da informação, a

educação tem um papel decisivo na criação de outros mundos possíveis, mais

justos, produtivos e sustentáveis para todos e todas.

Educar para um outro mundo possível é uma expressão cheia de significados.

Podemos começar por entender melhor alguns deles. Ela supõe que o projeto de

mudança do mundo implica uma visão educacional. O que é, então, educar para um

outro mundo possível. John Holloway, em seu livro Mudar o mundo sem tomar o

poder, nos mostrou que educar para um outro mundo possível é educar para

dissolver o poder, para democratizá-lo radicalmente. Esse é o objetivo da

revolução. Devemos superar as relações de poder pelo reconhecimento mútuo da

dignidade de cada pessoa. É entender o poder como capacidade de fazer, como

serviço, afirmando que nós é que podemos mudar o mundo, nós, as pessoas

comuns, temos essa capacidade de mudar o mundo. Por isso, educar para um outro

mundo possível é educar para conscientizar (Paulo Freire), para desalienar, para

desfetichizar. O fetichismo da ideologia neoliberal é o fetiche da lógica capitalista

que consegue solidificar-se a ponto de fazer crer que o mundo é naturalmente

imutável. O fetichismo transforma as relações humanas em fenômenos estáticos,

como se fossem impossíveis de serem modificados. Fetichizados, somos incapazes

de agir porque o fetiche rompe com a capacidade de fazer. Fetichizados apenas

repetimos o já feito, o já dito, o que já existe.

Educar para um outro mundo possível é visibilizar o que foi escondido para oprimir,

é dar voz aos que não são escutados. A luta feminista, o movimento ecológico, o

movimento zapatista, o movimento dos sem terra e outros, tornaram visível o que

estava invisibilizado por séculos de opressão. Paulo Freire foi um exemplo de

educador de um outro mundo possível, colocando no palco da história o oprimido,

visibilizando o oprimido e sua relação com o opressor. Educar para um outro mundo

possível deve incluir uma pedagogia das ausências (Boaventura Souza Santos), isto

é, mostrar o que foi ausentado historicamente pelas culturas dominantes, aquilo

que foi tornado estranho pela sobrevalorização do científico em detrimento do nãocientífico,

pelo não reconhecimento do saber de experiência feito, pela

sobrevalorização do produtivo em detrimento do não-produtivo. Não há justiça

social sem justiça cognitiva. Educar para um outro mundo possível é educar para a

emergência do que ainda não é, o ainda - não, a utopia.

Assim fazendo, estamos assumindo a história como possibilidade (Freire) e não

como fatalidade. Por isso, educar para um outro mundo possível é também educar

para a ruptura, para a rebeldia, para a recusa, para dizer não, para gritar, para

sonhar com outros mundos

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