O Ofício do Históriador
Por: Erik Souza • 30/10/2016 • Ensaio • 3.279 Palavras (14 Páginas) • 351 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
ERIK SOUZA SILVA
Ensaio Bibliográfico: O Ofício do Historiador
Feira de Santana - Bahia
Outubro de 2016
ERIK SOUZA SILVA
Ensaio Bibliográfico: O Ofício do Historiador
Ensaio apresentado ao Curso de Licenciatura em História, cumprindo às exigências legais, sob a orientação da Professora Daniela de Jesus Ferreira, na disciplina de Oficina de Metodologia do Estudo, no semestre vigente 2016.1.
Feira de Santana
Outubro de 2016
O Ofício do Historiador
O Seguinte ensaio tem como objetivo discutir o ofício do historiador. Serão apresentados os conceitos acerca de História, pesquisa historiográfica, o campo de atuação do historiador e sua amplitude, história como campo disciplinar, as ferramentas e métodos utilizados para a realização da pesquisa historiográfica, os paradigmas enfrentados pela História, entre outras coisas. Debater sobre o trabalho do historiador é uma tarefa impossível de ser cumprida sem a necessária menção ao movimento dos “Annales” no século XIX, por isso, ele também será abordado.
Quem queira interrogar-se sobre a função do historiador e da história não pode evitar a reflexão sobre a história dos Annales, O que está em jogo é de importância, pois se trata da própria existência da história, da sua capacidade de evitar a dupla tentação suicida, primeiro, a da fuga diante da diluição entre as outras ciências sociais e segundo, a do recuo à velha história positivista do século XIX. (DOSSE, 2003, p. 28)
Diante de uma realidade em que as transformações mundiais são registradas em ritmos cada vez mais velozes, diante da contínua mudança dos valores e ações do homem e diante do constante resgate do tempo e do espaço, a escrita da história vai de encontro a novos desafios e propostas cujo objetivo é abordar as mais diversas intervenções do homem nos mais diversos períodos e situações, sem privilegiar personagens ilustres. Questionamentos como, “Qual o papel do historiador em uma sociedade em que tudo está em constante renovação e descarte?” Mostram-se inevitáveis e bastante recorrentes principalmente nas salas de aula em que o professor de História atua. Por isso, é de grande importância ressaltar que a carreira de historiador sofreu expansão nos últimos anos muito além da tão tradicional atividade de magistrado, e os caminhos e abordagens que qualificam o fazer historiográfico atualmente.
A História é um campo disciplinar que estuda e analisa o desenvolvimento do homem no tempo, e tem como “pai” o historiador grego Heródoto, nascido em meados de 485. a.C. Um campo disciplinar é formado vários elementos, entre eles está o olhar sobre si, os aspectos teóricos, o campo de interesse (aquilo que ela se empenha em estudar, no caso da História, o homem no tempo) e suas singularidades.Segundo José D’Assunção, historiador e musicólogo brasileiro
Cada disciplina possui a sua Singularidade, aqui entendida como o conjunto dos seus parâmetros definidores, ou como aquilo que a torna realmente única, específica, e que justifica a sua existência – em poucas palavras: aquilo que define a disciplina em questão por oposição ou contraste em relação a outros campos disciplinares.
(D’ASSUNÇÃO; BARROS, 2013, p. XXII)
Antes de Heródoto, já havia existido crônicos e épicos que também serviam para preservar o conhecimento do passado, porém, Heródoto foi o primeiro a não apenas gravar o passado, mas também considerá-lo uma questão filosófica ou um projeto de pesquisa que podia revelar conhecimento sobre o comportamento humano. A História analisa os procedimentos históricos, personagens e fatos para conseguir compreender um demarcado período histórico, civilização ou cultura.
Para a realização do estudo da História, a mesma foi dividida em dois grandes períodos: ao primeiro foi nomeado como Pré-História, que pode ser definida como o período em que não há registros históricos apresentados na forma de escrita. Para que seja possível um estudo relacionado a este período, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (como ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e fontes artísticas (arte rupestre, que pode ser encontrada nas paredes de cavernas e paredões de pedra, esculturas e até mesmo adornos); o segundo período é nomeado História (período que se inicia logo após o surgimento da escrita, fato ocorrido por volta do ano de 4.000 a.C.) que foi geralmente é recortada em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna ou Contemporânea (sendo que a História Contemporânea é uma história de narrativa acumulativa, pois ainda não foi encerrada e está sendo construída dia após dia sendo influenciada por motivos contemporâneos) porém, tais recortes são questionáveis, já que tem como base estudos e paradigmas europeus. O estudo da História conta com um conjunto maior de fontes que podem ser analisadas pelo historiador, estas fontes podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações, etc.
Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar. Quem não consegue isso será apenas, no máximo, um serviçal da erudição. Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça (BLOCH, 2001, p.54).
O estudo da história implica três diferentes conceitos, mas que são propícios a ser confundidos entre si: a historiografia, que pode ser definida como o conjunto de técnicas e de métodos que são utilizados para descrever os feitos históricos acontecidos, é o registro escrito da história. Entre os métodos científicos utilizados para o estudo e pesquisa historiográfica, os principais são o Método Indutivo, o Método Dedutivo, o Método Fenomenológico e o Materialismo Histórico. Pode-se dizer que é a arte de escrever e registrar os eventos do passado. Ela tem como principais correntes historiográficas o Positivismo, o materialismo Histórico, e a escola dos Annales; a historiologia, que são as explicações, os métodos e as teorias sobre como, por que e em que medida os feitos históricos aconteceram; e a história por si só, ou seja, os eventos realmente acontecidos.
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