O PROJETO HISTORIA
Por: mcjordani • 7/7/2015 • Projeto de pesquisa • 739 Palavras (3 Páginas) • 270 Visualizações
Analisando semanticamente as palavras monumento e documento, Le Goff diz que monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, exemplo: escritos e uma obra comemorativa de arquitetura ou de escultura. O monumento seria um legado à memória coletiva e está ligado ao poder de perpetuação das sociedades históricas, e essa perpetuação pode ser voluntária ou involuntária. O documento está ligado à noção de prova e no final do século XIX e início do século XX, ganhará com a escola histórica positivista o papel de fundamento do fato histórico e que ainda que resulte da escolha/ decisão do historiador, parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica. O documento prova era o documento escrito. Le Goff nos demonstra a maneira como eram pensando os documentos históricos pelos positivistas através de Fustel de Coulanges, que nos diz que a leitura dos documentos não serviria, pois, para nada se fosse feita com ideias preconcebidas. E que a única habilidade do historiador é tirar dos documentos tudo o que eles contêm e em não lhes acrescentar nada do que eles não contêm. O melhor historiador era aquele que se mantinha o mais próximo dos textos. Fustel de Coulanges como outros historiadores de sua época, envolvidos com o espírito positivista, via como documento o texto.
Os fundadores da École des Annales, pioneiros de uma história nova, insistiram na necessidade de se ampliar a noção de documento, afirmando que a história faz-se com documentos escritos, mas que também pode fazer-se e deve fazer-se sem documentos escritos quando os mesmos não existem. A necessidade de se pensar os processos históricos de maneira mais ampla, a partir de múltiplos olhares e de maneira mais total, buscando compreender as diversas formas como uma sociedade pode falar de si mesma através dos silêncios, das relações de poder, dos índices econômicos, da cultura, dos lugares sociais ocupados pelos sujeitos, dos discursos, da arquitetura e vários outros, tornaram-se objeto de análise dos historiadores. A memória coletiva e a história passaram a não cristalizar o seu interesse apenas nos grandes homens, nos grandes acontecimentos, na história política, diplomática e militar. Todos os homens tornaram-se interesse da história, os documentos foram ampliados, a capacidade de trabalho e o espírito do historiador foram inovados.
Da confluência das duas revoluções (documental e tecnológica com o surgimento do computador), nasceu a história quantitativa, que pôs mais uma vez em análise a noção de documento e o seu tratamento. Foco principal da história econômica, a história quantitativa modificou o estatuto do documento que passou a não ser mais analisado a partir de si mesmo, mas através de uma relação com a série de documentos que os precede e que os segue, além da utilização do computador que comportou uma nova periodização na memória histórica através de estatísticas e relações quantitativas dos documentos. Cabe ao historiador problematizar o documento e a sua produção a partir de um olhar lúcido, que entenda que a presença ou ausência do documento depende de causas humanas, e que essas não devem escapar à análise da História. Além de buscar através de uma crítica interna a intencionalidade consciente e/ou inconsciente do documento, as condições de sua produção histórica e as relações de poder ali estabelecidas.
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