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O Que Faz A Sociedade Brasileira Ser A Sociedade Brasileira?

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Por:   •  4/12/2012  •  3.287 Palavras (14 Páginas)  •  1.640 Visualizações

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Introdução:

Este trabalho procura ampliar os conhecimentos a respeito da influência do enfoque na geração do valor aos acionistas sobre as práticas de gestão de pessoas, com ênfase no ambiente da produção.

Inicialmente, o trabalho resgata as origens e os fundamentos da concepção financeira e da concepção da geração de valor ao acionista das empresas, em que o principal foco é a valorização do preço das ações.

Em seguida, é analisada a interface que estas concepções possuem com as práticas de gestão de pessoas, explorando o caráter bidirecional desta interface, uma vez que a função recursos humanos não só é influenciada pelas diretrizes das empresas, mas também é tida como uma das principais formas para ajudar a difundi-las, tendo em vista seu papel de agente de mudança de comportamento nas empresas.

Neste sentido, são aprofundados três principais elementos que compõem, segundo a literatura, esta interface: a remuneração variável, a gestão de desempenho e a autonomia no trabalho.

Por fim, é apresentado um estudo de casos múltiplos que busca verificar como a concepção financeira das empresas vem influenciando, de fato, estas práticas relacionadas à gestão de pessoas no nível da produção de organizações que atuam no Brasil, assim como o quanto estas práticas têm contribuído para a difusão da mentalidade de geração de valor ao acionista.

O resultado deste estudo indica que, no plano conceitual, a influência da orientação à geração de valor ao acionista sobre as práticas de gestão de pessoas é nítida, mas que, na prática, ainda é pouco efetivada, apesar de mudanças já estarem ocorrendo nesta direção.

O presente trabalho tem como objetivo entender a influência da lógica da geração de valor ao acionista sobre as práticas de gestão de pessoas, dando enfoque no entendimento deste fenômeno ao nível da produção das empresas.

A lógica da geração de valor ao acionista vem ganhando força nas últimas décadas por uma série de fatores, sendo o principal a concentração das ações nas mãos de investidores institucionais, os quais exercem enorme pressão sobre os gestores das organizações em busca de um maior retorno sobre o investimento realizado nos papéis destas empresas.

Como consequência, instaura-se nas empresas abertas uma nova mentalidade, segundo a qual todas as práticas devem convergir para a valorização do preço de suas ações.

No entanto, a aplicação da remuneração variável, por si só, não garantiria a difusão da lógica da criação de valor. Para tanto, depreende-se da literatura pertinente, que este tipo de remuneração deve ser definido a partir de uma avaliação de desempenho preferencialmente individual e baseada em indicadores objetivos (financeiros, sempre que possível), que identifiquem os diferentes níveis de contribuição dos funcionários para a maximização de valor.

Além disso, autores como Dutra (2004) e Hipólito (2002) afirmam que, para que a remuneração variável atrelada à avaliação de desempenho surta o efeito desejado, ela deve ser aplicada num ambiente em que haja autonomia suficiente a ponto de permitir esta busca por maiores patamares de desempenho.

Neste contexto, uma análise especialmente interessante a ser realizada é a respeito da prática de remuneração variável, das formas de avaliação de desempenho e da autonomia existente na produção das empresas.

Apesar da aplicação da remuneração variável nos níveis executivos e em áreas comerciais já ser bastante difundida, nas áreas de operações, tem-se a percepção de que a adoção desta prática - principalmente com o objetivo explícito de maximizar o valor ao acionista - é menos intensa.

Apesar disso, autores que advogam pela mentalidade da criação de valor ao acionista deixam clara a necessidade de se criar os corretos incentivos financeiros para o chão de fábrica (STERN et al., 2001).

Uma chave para este impasse é o desdobramento do conceito da autonomia no trabalho na produção.

Quando é conferida a possibilidade de tomada de decisão ao funcionário (ou ao grupo de funcionários) acerca de temas da produção, uma alternativa é criada em termos de diferenciação de resultado e, consequentemente, de avaliação de desempenho e remuneração.

Apesar de terem surgido por outros motivos, as novas formas de organização do trabalho respondem bem a necessidades da concepção financeira das empresas (ZILBOVICIUS; DIAS, 2005).

A concepção de empresa voltada à geração de valor ao acionista:

Di Maggio (2001) organiza uma obra em que se busca entender o modelo de empresa do século XXI.

Ao caracterizar este modelo, uma questão central é levantada: a imposição do controle do acionista sobre as empresas. Segundo este autor, até a década de 80, os gestores de empresas estavam "protegidos" por monopolizarem informações e principalmente porque o controle acionário estava difuso.

No entanto, no início da década de 80, começa a se consolidar a chamada "concepção financeira da empresa", segundo a qual a empresa é vista como um portfólio de ativos, sendo a maior responsabilidade de seus executivos gerir a performance deste portfólio, analisando o desempenho de cada divisão da empresa, vendendo qualquer estrutura cujo desempenho financeiro fosse abaixo de investimentos alternativos.

Neste contexto, a relação entre gestores e acionistas passa a ser vista como a de um agente para um "principal", conforme descrito na teoria da agência (FAMA, 1980).

Esta concepção de empresa ganha força em um contexto de mudança nos mercados de capitais. Useem (1996) trabalha o fato de as ações passarem a se concentrar, a partir do final da década de 70, nas mãos de grandes investidores institucionais, representados pelos gestores de fundos de pensão, fundos de investimentos e de companhias de seguros.

A propriedade destas ações estaria nas mãos de milhões de acionistas, porém o poder de voto estava na mão de um pequeno número de instituições.

A partir de então, estes investidores passam a exigir o foco da gestão nos lucros e, posteriormente, na valorização do preço das ações das quais são proprietários.

Para garantir que os gestores atuassem de maneira a atender seus interesses, os investidores desenham pacotes de remuneração dos executivos atrelados ao resultado de curto prazo das empresas.

Com o passar do tempo, os investidores começam a participar mais ativamente dos conselhos de administração das empresas e a influenciar suas gestões.

Feng

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