OS IMPACTOS PSICOSSOCIAIS NAS INTERSEÇÕES ÉTNICOS-RACIAIS DE IDENTIDADE E DE GÊNERO ENTRE MULHERES NEGRAS
Por: crixcezar • 9/11/2022 • Projeto de pesquisa • 2.077 Palavras (9 Páginas) • 120 Visualizações
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ PROGRAMA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES ÉTNICO – RACIAIS
MESTRADO ACADÊMICO
OS IMPACTOS PSICOSSOCIAIS NAS INTERSEÇÕES ÉTNICOS-RACIAIS DE IDENTIDADE E DE GÊNERO ENTRE MULHERES NEGRAS
Linha de pesquisa: repertórios artísticos e culturais na construção de identidades étnico-raciais
ORIENTADOR(a): Fábio Sampaio de Almeida
WILLIAM DOS SANTOS FERREIRA
Pré-projeto apresentado à comissão de exame de seleção para o programa de pós-graduação em Relações Étnico-Raciais, mestrado acadêmico Cefet/Rio, como requisito básico para candidatura à vaga para turma de 2022.
Rio de Janeiro, junho de 2022
APRESENTAÇÃO
A escolha da temática sobre os impactos psicossociais nas interseções étnicos-raciais de identidade e de gênero entre mulheres negras, bem como a problematização sobre como essas mulheres percebem suas identidades ético-raciais e de gênero, e particularmente, de que forma essas percepções impactam na formação psicossocial tem sido pouco explorado na literatura.
Embora os estudos acerca de identidade étnico-racial e identidade de gênero tenham crescido substancialmente nos últimos anos, pouca atenção tem sido dada à intersecção dessas duas identidades sociais. Como resultado, as mulheres negras – minorias em ambos os grupos – foram inadvertidamente excluídas.
O presente estudo pretende investigar como a identidade étnico-racial e a identidade de gênero estão relacionadas e suas implicações para a formação psicossocial. Segundo Erikson (1968), os indivíduos devem definir sua identidade diante de demandas internas e externas (identidade vs. confusão de identidade). A incapacidade de resolver essa tensão central traz implicações negativas não apenas para o eu, mas também para a capacidade de enfrentar com sucesso os desafios da vida, além da adolescência.
As influências culturais também complicam o caminho proposto por Erikson em direção a uma identidade coesa. A teoria da identidade social de Tajfel (1981) afirma que as experiências associadas às identidades sociais minoritárias são mais influentes na identidade. Schucman (2014) acrescenta que, como resultado de viver em uma cultura dinâmica, os indivíduos precisam mudar sua identidade ao lado de diversas pressões contextuais.
Para minorias étnico-raciais, a identidade é considerada um componente crucial do autoconceito e está ligada a resultados psicossociais positivos, como autoestima. A identidade de gênero, que pode ser particularmente importante para as mulheres, também está positivamente associada a resultados psicossociais, como bem-estar psicológico.
Embora valiosas, por si só, essas linhas de pesquisa negligenciaram as mulheres negras, um grupo que fica na interseção entre identidade étnico-racial e identidade de gênero. Em um nível mais amplo, ao continuar a não explorar essas interseções, corremos o risco de perpetuar a “invisibilidade da interseccionalidade” dessas mulheres.
PROBLEMA
Como essas mulheres percebem suas identidades ético-raciais e de gênero, e particularmente, de que forma essas percepções impactam na formação psicossocial?
HIPÓTESES
- Entre as mulheres negras, a identidade ético-racional e a identidade de gênero, ambas, de forma independente e juntas vão estar associadas à formação psicossocial.
- As percepções que a mulher negra tem de si mesma e do grupo racial a qual se integra irão moderar suas relações e sua formação psicossocial.
4 - OBJETIVOS
Geral
- Analisar as interseções étnicos-raciais de identidade e de gênero entre mulheres negras e as consequências na formação psicossocial.
Específicos
- Identificar a escassez de pesquisas sobre identidades étnicos-raciais e de gênero em um contexto social mais amplo;
- entender como as mulheres negras gerenciam essas identidades quando conectadas a um grupo racial desvalorizador das mulheres.
- Inferir a interseccionalidade, considerando os fatores contextuais que podem influenciar as relações éticos-raciais de identidade e identidade de gênero.
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
O objetivo desse trabalho é analisar as interseções étnicos-raciais de identidade e de gênero entre mulheres negras. Devido à abrangência do assunto, delimitou-se o escopo desta investigação. Assim sendo, serão elegíveis para participação no estudo dados quantitativos oriundos de entrevistas à mulheres negras com idades entre 18 e 30 anos
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O psicólogo do desenvolvimento Erik Erikson (1968) sugeriu que a formação da identidade é uma tarefa chave de desenvolvimento ao longo da vida. Em sua teoria do desenvolvimento psicossocial, Erikson propôs desafios ou conflitos de vida diferentes que os indivíduos encontram ao longo da vida. Ao superar esses desafios, eles podem alcançar uma identidade “saudável”.
A teoria começa na infância, durante a qual a criança deve aprender em quem pode confiar no mundo (confiança vs. desconfiança), e finalmente termina com reflexões e avaliações sobre a vida vivida (integridade vs. desespero). Ao longo da vida, Erikson (1968) identificou o final da adolescência como talvez o momento mais crucial para a formação da identidade. Durante a adolescência, os indivíduos são confrontados com a questão de “Quem sou eu? ”
De acordo com as ideias conceituais de Erikson sobre identidade, a formação da identidade tem implicações importantes para o funcionamento psicológico. Em geral, os indivíduos que ainda não alcançaram a continuidade e a mesmice em suas identidades tendem a lutar em todos os domínios da vida.
Embora Erikson (1968) seja bem conhecido por sua teoria sobre o desenvolvimento da identidade neste nível pessoal, ele reconheceu que os elementos do self são influenciados pela cultura e contextos em que as pessoas residem, bem como pelas pessoas com quem vivem associados.
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