Obras Raciais
Trabalho Escolar: Obras Raciais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Thannyla • 31/5/2013 • 1.478 Palavras (6 Páginas) • 314 Visualizações
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Resumo
Aula-tema 09:A miscigenação étnico-racial e sua influência
na construção social do Brasil
Introdução
No Brasil, a questão étnico-racial tem estado em pauta, nos últimos anos, em
debates sobre políticas afirmativas, tais como as cotas para universitários e as
ações de combate ao preconceito racial. A primeira legislação específica de
combate ao racismo tem, contudo, mais de cinquenta anos: trata-se da lei Afonso
Arinos, de 1951, promulgada durante o governo Vargas, que tornava o racismo uma
contravenção.
Atualmente, a questão é mais amplamente regulamentada pelo Estatuto da
Igualdade Racial, de 2010, que trata ainda de políticas de educação, saúde, cultura,
esporte, lazer e trabalho. O crime de racismo é, hoje em dia, especificado também
para as relações trabalhistas, sendo proibido o tratamento diferenciado no ambiente
de trabalho e, em específico, o uso da raça ou da cor como critérios para justificar
diferenças salariais ou para o processo de recrutamento.
Apesar de o racismo ser crime, a desigualdade permanece na sociedade
brasileira, combinando os aspectos étnicos (como cor ou raça) aos aspectos sociais
relativos à divisão de classes. As estatísticas também demonstram como a
desigualdade persiste na prática. De acordo com o Censo de 2010, por exemplo, os
salários dos brancos na região Sudeste correspondiam a quase o dobro dos salários
de pretos e pardos (conforme a terminologia usada pelo IBGE). Essa desigualdade
aparece também nos índices de analfabetismo mais altos entre pretos e pardos e no
número de inscritos em cursos universitários, maior entre os brancos.
Ao longo do século XX, contudo, o Brasil foi frequentemente descrito como o
país da democracia racial, no qual a miscigenação entre índios, brancos e negros
teria produzido uma convivência pacífica entre todos, independentemente de raça ou
cor. Então, como o país da democracia racial apresenta estatísticas tão desiguais
em pleno século XXI?
Para entendermos melhor as raízes dessa questão, é preciso retomar o
debate sociológico, da primeira metade do século XX, que tem como seu maior
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expoente, no Brasil, Gilberto Freyre. Discutiremos, então, as raízes do mito da
democracia racial e as questões mais atuais deste debate, como a complexa
definição de raça ou cor no Brasil.
A ideia de democracia racial a partir de Gilberto Freyre
Em 1933, é publicado o livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre. A
obra, que se tornaria um dos grandes clássicos da sociologia brasileira, rebatia as
teorias, até então dominantes, que apregoavam a inferioridade do mestiço e
justificavam cientificamente o racismo. Freyre, que estudou nos Estados Unidos com
um dos precursores da antropologia americana moderna, Franz Boas, teceu sua
interpretação a partir da perspectiva culturalista, que refutava o determinismo
biológico. Desse modo, na obra de Gilberto Freyre, a cultura brasileira é tratada
como uma totalidade na qual se integram os aspectos econômicos, o meio
ambiente, a cozinha, as religiões, os rituais e os comportamentos humanos. No
Brasil, teria se dado, segundo ele, uma colonização marcada pela miscigenação de
portugueses, índios e africanos, havendo uma interpenetração dessas três culturas,
que teve como resultado uma formação nacional muito singular. Gilberto Freyre se
contrapõe aos argumentos de muitos de seus contemporâneos que consideravam a
mestiçagem como causa para a miséria e para a indolência do povo brasileiro.
Freyre destacará, ao contrário, que muitos dos problemas seriam provenientes do
próprio sistema escravocrata, marcado pela violência e pelo sadismo contra os
negros.
A abordagem do autor sobre a formação nacional teria implicações não
apenas no plano teórico, uma vez que rebatia as justificativas científicas daquela
época para o racismo, mas teria também consequências no plano político. Neste
sentido, a teoria fornecia uma nova autoimagem para os brasileiros, fundada numa
valorização da mestiçagem. Mais que isso, essa afirmação de um Brasil mestiço
fundamentava a ideia de uma identidade nacional coesa, que seria a base de uma
comunidade política bem integrada. Desse modo, o sentimento de pertencimento
nacional assumia o primeiro plano, invisibilizando as diferenças,
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