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Os Narradores De Javé

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Por:   •  2/7/2014  •  395 Palavras (2 Páginas)  •  514 Visualizações

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Os Narradores de Javé

No sertão Nordestino da Bahia, participamos da história de um distante vilarejo chamado Javé que inesperadamente é surpreendido pelo risco de submergir por causa da construção de uma Usina Hidrelétrica.

Seus habitantes, analfabetos, quando souberam da notícia começaram a pensar em um jeito de não permitir a destruição do vilarejo.

Chegaram a conclusão de que se escrevessem sobre todos os feitos heroicos do local, a pequena vila se tornaria conhecida e seria considerada patrimônio histórico e cultural do país, e seu desaparecimento não mais ocorreria.

Contudo, precisariam encontrar alguém que pudesse ouvir a história dos moradores, passadas boca a boca de pai para filho, e o eleito a realizar essa missão foi o famoso, porém odiado, Antônio Biá, antigo responsável pela Agência de Correios do Povoado que foi expulso da cidade, pois, com a intenção de manter em funcionamento seu estabelecimento, escrevia cartas inventando fofocas sobre os moradores, aumentando assim a circulação das mesmas no vilarejo.

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Já em suas primeiras entrevistas, Biá recebe uma gama de versões e memórias tão intensas e incompatíveis entre si, que o personagem começa a vislumbrar um futuro nada promissor para a cidade.

Na versão relatada por uma mulher do povoado, a grande heroína entre os fundadores de Javé é Maria Dina. Na versão de um morador negro, o herói principal também é negro e chama-se Indalêo.

O filme nos fala através destes personagens, como o narrador pode interferir na história que foi contada.

Na narração sobre Indalêo surge a oralidade da memória - como praticada por culturas milenares. O narrador negro canta a história em seu dialeto africano. As divisas cantadas, que são as fronteiras de Javé pronunciadas em canto, também são outro exemplo da aparição desse elemento no filme. O canto demarca uma terra (Javé), que está sendo disputada, e é o canto que legitima sua posse, não um documento escrito. Da mesma forma, são as versões orais que podem tornar esse espaço de terra patrimônio histórico. De forma sintética, todo o filme fala de uma disputa entre a história oficial e aqueles excluídos dessa história, assim como, entre a oralidade e a escrita.

A multiplicidade de informações dadas a Biá, assim como a impossível imparcialidade do Historiador, faz com que o personagem entregue a cidade um livro em branco e sai aos berros andando de costa. A Usina é instalada afogando as memórias, cultura local e os antepassados da cidade.

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