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PRECONCEITO RACIAL

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Por:   •  13/5/2014  •  539 Palavras (3 Páginas)  •  309 Visualizações

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Recordo com saudades do meu tempo de criança, quando fui descobrindo minhas origens. Sou filha de pais com características bem diferentes, a minha mãe possui traços da raça negra enquanto meu pai traços da raça branca. Dizem que meus avôs paternos eram descendentes de italianos, enquanto que minha bisavô materna era índia pegada no laço.

Essas afirmações dos mais velhos me deixavam encabulada: Mas índio não é vermelho? então porque a minha vó materna, Maria de Lurdes tinha a pele preta e , tinha até o apelido de “ Nega de Bemvindo”? então porque índia?

Bem, vejo com isto que as pessoas que se referiam aos seus antepassados nunca assumiam a sua descendência africana. Nunca dizia esta tradição é herança dos escravos trazidos da África. Isso foi tradicionalmente construído pela própria cultura brasileira de varias formas, na literatura podemos perceber o herói europeu e algumas poucas vezes o herói selvagem, mas nunca o herói Africano.

Fui crescendo ouvido as historias dos meus avôs. Minha mãe pouco falava da “Nega” e o que sei é, que foi uma mulher fechada, calada, não gostava de sair de casa e vivia brigando com meu avô. E o meu vô? Era aquele cara legal, brigalhão, que tinha prestígios na região como político e grande fazendeiro, gostava de sair e fazer festas.

Hoje entendo o porquê da contradição: Meu avó ficou viúvo e cansou –se com minha avó negra para pagar uma conta do meu bisavó. Esta era sempre excluída da família por ser negra, como ela não era feliz se defendia com mau humor, ele, com as desculpas que ela era chata, ficava com outras mulheres, e quem era essas mulheres? Negras e pobres que trocavam o seu corpo por uma rapadura e um kilo de fubá. Isso fazia minha vó ter mais raiva e passava pros filhos sua magoa com as pessoas negras uns dos pilares do seu sofrimento.

Meus avós tiveram mais 10 filhos que tiveram mais 10 filhos, formando gerações de preconceituosos. Tive dois namorados negros, e fui motivo de chacota pela maioria dos meus parentes. Até hoje ouço deboches dos meus tios. Considero-me preconceituosa, por ainda sentir mal quando ouço as insinuações. E quando deixo escapulir que gosto de homens negros, mas afirmo sempre: se um dia tiver um filho com algum negro ele vai ter o nariz fino e os cabelos lisos.

Quero assim dizer que as varias formas de preconceitos iniciam desde criança, por vários motivos e vários momentos do cotidiano. Mesmo sendo descendentes de africanos não temos coragem, nem orgulho em assumir isto, mas sim vergonha. Procurando sempre camuflar este fato. Temos traços, costumes e valores, mas somos sempre levados a esconder a se identificar com a cultura européia ou indígena, mas numa com os africanos. E as figuras que desde criança, é referencia com pais e professores, acabam reproduzido a camuflagem da identidade. Esta camuflagem vai se multiplicando e vai se reconstruído dia após dia.

Assim acredito como afirma Faria dias ( 2007) a criança constrói sua história na cultura familiar e se define em função com o meio social em que esta inserida, juntamente com seus pares e relação que estabelece com o seu meio.

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