PROJETO INTEGRADO II - TEC GASTRONOMIA - ANHEMBI MORUMBI
Casos: PROJETO INTEGRADO II - TEC GASTRONOMIA - ANHEMBI MORUMBI. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: juliabarreira • 11/5/2014 • 3.966 Palavras (16 Páginas) • 1.749 Visualizações
INTRODUÇÃO
No início da imigração Italiana ao Brasil, no início do século XX, vieram ao Brasil imigrantes de diferentes partes da Itália, com características e culturas bem diferentes.
Parte veio do Norte da Itália e parte veio do Sul da Itália, com objetivos singelamente diferentes, por viverem em regiões diferentes na Itália, parte veio com o objetivo de serem proprietários de terra em um país que ainda estava se solidificando e cheio de oportunidades, já os Italianos imigrantes do Sul da Itália, fugiam da miséria em que viviam, e tinha como principal característica serem trabalhadores braçais.
A maior parte dos imigrantes Italianos, se instalaram no estado de São Paulo, porém como vinham de regiões diferentes e portanto tinham culturas diferentes não era possível ainda se falar em uma comunidade italiana, pois os próprios imigrantes entre si, não se viam como parte de uma mesma comunidade, portanto nesse primeiro momento, ainda não existia incorporada no Brasil uma cozinha propriamente Italiana.
Apesar disso, em São Paulo a facilidade ao acesso ao trigo, fez com que principalmente mulheres imigrantes passassem a produzir diferentes tipos de massa, com a intenção de recordar a sua terra natal.
Com o tempo, algumas dessas mulheres, as “mammas” , como são conhecidas, começaram a oferecer , perto do local de moradia, pratos simples, preparados por elas em casa, que inicialmente era uma maneira de aumentar a renda da casa, que fizeram com que o convívio entre os imigrantes aumentasse, e no futuro deram origem ás cantinas italianas.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, uma nova leva de imigrantes Italianos chegou ao Brasil, porém, esses já com um sentido patriota italiano mais arraigado, eles viveram mais tempo na Itália, tiveram mais oportunidades, eram mais cultos e por isso tinham objetivos diferentes dos imigrantes iniciais, e consequentemente houve um estranhamento quando ambas gerações de imigrantes italianos se viram frente a frente.
Mesmo diante dessas diferenças, a comida permaneceu como um ponto forte de vínculo entre esses imigrantes, e era uma das principais referências do que seria a italianidade no Brasil.
Os novos imigrantes italianos, enxergavam mais além, e tinham uma visão de alimentação diferente daquilo que já vinha sido servido pelas tradicionais cantinas italianas. Enquanto a velha guarda de imigrantes tentava recriar um mundo italiano, com base na fartura, os italianos que vieram após a Segunda Guerra tinham maior preocupação com o corpo.
Essa visão dos novos imigrantes, coincide com uma fase de grande efervescência cultural pela qual a cidade de São Paulo estava passando, nos anos de 1950 e 1960, particularmente no centro da cidade. E é nessa região que a comida italiana desses novos imigrantes irá se instalar, definida como uma cozinha do norte, mais refinada, preparada de modo profissional, uma grande preocupação com o atendimento e que terá como principais clientes as camadas médias da sociedade paulistana que estava surgindo.
É nesse momento que se consolida a ideia de nação italiana, que vê a comida servida nas cantinas como comida brasileira, uma vez que as suas raízes de fartura surgiram aqui no Brasil, e não na Itália. As cantinas italianas e os novos restaurantes italianos passaram a conviver lado a lado, sendo que as primeiras continuaram estabelecidas nos bairros associados à imigração italiana, ou seja, nos bairros onde os primeiros italianos se estabeleceram, e oposição aos restaurantes dos novos imigrantes, que passaram a se estabelecer nas regiões efervescentes da capital paulista, nessa época, o centro de São Paulo.
Nessa mesma época chega ao Brasil Dona Amélia Mazotti vindo de Veneza, e ao chegar compra um terreno no Largo do Arouche, que na época, ainda tinha características de uma fazenda. Ela viu potencial na área localizada no centro de São Paulo, e apesar de ter sido aconselhada a desistir do negócio, ela não desistiu e do seu trabalho surgiu uma das mais tradicionais e famosas casas de massas de São Paulo e também um marco na história do Arouche.
O Gato que Ri de Dona Amélia, juntava o melhor dos dois mundos quando falamos de cozinha italiana, ela trouxe receitas próprias, saborosas e de certa maneira fartas, implantando um cardápio acessível capaz de satisfazer qualquer um, uma vez que contava com diferentes pratos, que eram considerados simples, porém eram feitas com muito capricho e muito cuidado, tudo sempre supervisionado por Dona Amélia, que cuidava de todos os aspectos do restaurante pessoalmente, principalmente para que todos os seus clientes fossem bem atendidos e tivessem acesso á comida de qualidade.
HISTÓRIA - O GATO QUE RI
Foi em 1951, no Largo do Arouche, que Dona Amélia imigrante italiana, vindo de Veneza, construiu o restaurante O Gato que Ri e a sua residência. Ela vivia nos cômodos acima do restaurante, e mesmo depois de muitos anos e do sucesso do restaurante ela continuou morando no mesmo local. Ao inaugurar o restaurante, colocou uma gravura de um gato dentro de uma cesta rindo na parede, que Dona Amélia trouxe de Veneza, gravura essa que até hoje permanece no estabelecimento, mesmo após tantas mudanças.
Coincidentemente ou não, a mesma foto está presente também em um restaurante italiano em Veneza, no bairro de San Marco, que possui as mesmas características estruturais e culturais do restaurante O Gato que Ri, fundado por Dona Amélia no Largo do Arouche em 1951, além de ter o mesmo nome, porém em francês: Le Chat Qui Rit.
O Gato que Ri foi inaugurado como um pequeno espaço em 1951, nos fundos de uma casa, mais precisamente no final de um corredor de um imóvel no Largo do Arouche, no qual em cima era a residência do casal: Dona Amélia Mazotti Montanari e de seu marido Sr. Jacinto, que no início anos 50, após a chegada ao Brasil vindo da Itália, resolveram vender aquilo que melhor sabia fazer: massa.
A princípio o cardápio era simples, poucas opções de massa, sendo os molhos mais comuns em uma macarronada, ao sugo ou bolonhesa. O restaurante era pequeno, e entre os principais pratos estavam uma carne braseada com salada verde como acompanhamento e a lasanha verde.
Quando foi inaugurado, só tinha um balcão retangular de pedra rústica com bancos redondos e sem encosto. A cozinha era no fim do balcão, com uma pequena
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