Paradigma Científico por Thomas Kuhn e o auxílio na compreensão da aceitação da teoria física aristotélica.
Por: zscdora • 30/9/2019 • Trabalho acadêmico • 1.177 Palavras (5 Páginas) • 193 Visualizações
Paradigma Científico por Thomas Kuhn e o auxílio na compreensão da aceitação da teoria física aristotélica.
Isadora Zangelmi Salustiano da Costa e Eduardo de Angelo Picioli1
Introdução
Este trabalho irá abordar a estrutura da mudança do paradigma científico e seu conceito segundo Thomas Kuhn. O trabalho também trará o modo como esse paradigma ajudou a teoria física aristotélica a se perpetuar por mais de um milênio no Ocidente.
Kuhn e o paradigma
Thomas Samuel Kuhn foi um físico e um filósofo da ciência dos Estados Unidos da América, e tinha como objeto de estudo a história da ciência e a filosofia da ciência, marcando presença na pesquisa sobre desenvolvimento científico. Ele foi o filósofo que elaborou a noção de paradigma, conceito esse que foi primordial para um novo pensar do conhecimento científico.
Foi no seu famoso ensaio “A Estrutura das Revoluções Científicas”, publicado em Foundations of the Unity of Science2, que o conceito de paradigma se alastrou e consta que, em 1998, mais de cem artigos das revistas principais continham o termo “paradigma” ao invés de “método” ou “teoria”.
Segundo Kuhn, é conhecendo a ciência na sua prática, compreendendo o cientista e o porquê do modo como faz as coisas é que se consegue entender os mecanismos da ciência. Ele desenvolveu sua teoria acerca da história da ciência entendendo-a não como um processo linear e evolutivo, mas como uma sucessão de paradigmas que se confrontam entre si.
Kuhn parte de uma divisão que ele mesmo estabelece entre o que chama de “ciência normal”3 e “ciência extraordinária”. Uma vez em que há momentos que a ciência se acumula e acrescenta, ou seja, acabamos por ter vários cientistas falando a mesma linguagem e compartilhando das mesmas ideias, nós temos a ciência
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1 Alunos do segundo ano da graduação em História pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
– Campus Campo Mourão.
2 Enciclopédia Internacional da Ciência Unificada. Seu propósito foi explorar em numerosos volumes os fundamentos de várias ciências e auxiliar a integração do conhecimento científico.
3 A ciência normal não se propõe a descobrir novidades ou produzir novos inventos; sua intenção é apenas explorar o campo de conhecimento dentro dos limites do seu paradigma.
normal; já quando percebe-se que foi desenvolvida uma nova linguagem, quando se troca o quadro referencial de conceitos para buscar uma nova teoria para, assim, analisar melhor o fenômeno observado, temos a ciência extraordinária. E esse quadro referencial de teorias é o que Thomas entende por paradigma. Ou seja, paradigma é como se fosse um modelo ou padrão na linguagem científica, e ele vai dizer que este é um fato muito importante na história da ciência.
Segundo Kuhn, no momento em que x paradigma é altamente confiável, ou seja, responde a vários fenômenos expostos, ele acaba dogmatizando os cientistas que participam do desenvolvimento da ciência, acaba que os outros dificilmente duvidarão daquele conceito, daquele dogma. Portanto, quando um fenômeno difere daqueles outros estudados e não se consegue mais ser explicado, ele acaba despertando uma sutileza maior na observação do cientista, já que as explicações existentes não o explicam. E esses fenômenos inexplicáveis, Kuhn vai chamar de anomalias científicas.
A partir de uma séria dessas anomalias, nos quais a comunidade científica não consegue explicar, surge um momento de crise, e quando um paradigma entra em crise é necessário que ele seja substituído ou que haja uma readaptação dele próprio, e esse é o momento extraordinário da ciência, quando toda a comunidade científica está atrás de um novo quadro referencial teórico, e quando esse quadro passar pela aceitação da comunidade, todos vão deixar de usar o antigo paradigma, que até então servia como padrão, e passarão a usar o novo modelo; sendo assim, revolucionando a ciência.
A teoria física aristotélica e seus quase dois milênios
Aristóteles foi um dos fundadores da Filosofia Ocidental. Em toda sua vida, ele desenvolveu escritos que abrangem áreas que hoje chamamos de metafísica, poesia e drama, música, lógica, retórica, política, ética, biologia, astronomia, zoologia, e uma área em especial, que perdurou por séculos e séculos: a física.
Ele não reconhecia a ideia de inércia e sua teoria consistia em que os elementos que constituíam a terra não eram os mesmos que constituíam o céu e o espaço externo. Resumindo, a maior parte da dinâmica dos movimentos foi estipulada precipuamente pela natureza e atributos inerentes das substâncias que compunham o agente que executa o movimento.
A questão é: como essa teoria conseguiu se perpetuar por quase dois milênios?
A resposta é simples e foi anteriormente respondida intrinsecamente. Ninguém foi capaz de questionar o paradigma até então imposto por Aristóteles, simplesmente por que estava fácil de se acreditar, e por durar por tanto tempo deveriam todos pensar no porquê de se problematizar uma coisa que está aceita por todos. A comunidade científica havia aceitado o paradigma de Aristóteles, e assim foi por mais de mil anos constituindo todas as teorias especulativas mais antigas conhecidas da física.
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