Pierre Verger

Pierre é conceituado e conhecido especialmente não apenas por suas fotografias, mas por sua bondade e enorme sabedoria, como ressalta a contadora de estória Dona Cici em um dos trechos amostra na exposição “ Durante o tempo que trabalhei com Fatumbi, todos os momentos foram especiais. O que me marcou foi a sua sabedoria e a sua bondade como ser humano.”

Entre diversas viagens pelo mundo inteiro, foi ao chegar na Bahia que Verger encontrou sua maior paixão, o candomblé. A cultura Baiana com cultos afros o encantou de tal forma que ele a partir de então dedicou todo seu estudo ao culto dos orixás. Seu encantamento com a riqueza dos cultos, fez ele registrar muito deles, com suas fotos. E registrar não somente na Bahia, que foi onde ele descobriu o culto, mais também na África, onde estavam as verdadeiras raízes, fazendo um paralelo entre eles – África e Bahia.

Nas fotografias de Pierre, foram registradas fielmente cada detalhe do candomblé. Ele enfatiza as entidades, suas riquezas de roupas, suas oferendas, o barracão, com seu modesto de chão de barro, e riqueza dos sons do atabaque. O formato das fotografias que estão amostra na exposição foram pouco diversificadas, acredito que pelo fato das fotografias estarem sempre sendo batidas no mesmo espaço. Pode-se perceber que a maioria de suas fotos são com o formato de pouca profundidade de campo. Todas da coleção estão em preto e braço, até mesmo porque na época que foram retiradas – anos 80 – não se tinha a amplitude que se tem hoje da fotografia a cores. A maioria das fotografias foram retiradas a noite e isso podemos perceber através de como a luz entra pelas persianas do barracão. Percebe-se também que algumas fotos foram retiradas pela diagonal, e isso se percebe observando para que lado a sombra reflete. Uma ou duas fotos foram retiradas no modo congelar, pois foram retiradas no ato de dança, apenas este efeito seria capaz de “paralisar” os movimento de uma dança, mostrando com nitidez sua posição num dado momento.

“Pierre Veger Fatumbi era o branco em busca de uma África folclórica, teve sentimento de um homem de veracidade e de respeito” ressalta Kouroui – Diretor de teatro, em um texto em destaque na exposição. Pois, importante ressaltar como o candomblé naquela época era algo fechado para a grande sociedade, não tinha a grande amplitude de hoje, e Pierre um fotografo famoso, se dedicando inteiramente para essa cultura tão pouco explorada na época, é algo que não se pode deixar abatido, Pierre teve a sensibilidade de reconhecer as riquezas em uma cultura pouco valorizada, que ele valorizou sem limites nas suas grandes fotografias.

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