Quando E Como Se Fala: A Historiografia Brasileira Da Abolição Da Escravatura E O Estruturalismo.
Ensaios: Quando E Como Se Fala: A Historiografia Brasileira Da Abolição Da Escravatura E O Estruturalismo.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Nilson_Revis • 22/10/2013 • 2.661 Palavras (11 Páginas) • 506 Visualizações
Quando e como se fala: a historiografia brasileira da abolição da escravatura e o
estruturalismo.
Autor: Adriano Braz Maximiano*
Jonas Marçal de Queiroz**
Resumo
O estudo em questão tem por intenção perceber o diálogo entre o paradigma
estruturalista e a historiografia brasileira que teve por objeto a abolição da escravidão no
Brasil. O objetivo e perceber o caminhar do paradigma estruturalista acontecendo em
fronteiras nacionais, sua afirmação e contestação.
Palavras-chave
Historiografia brasileira – Estruturalismo – Abolição.
Abstract / Résumé
L'étude dans question a pour intention d'observer le dialogue parmi le paradigme structuraliste
et l'historiographie brésilienne qui a eu pour objet l'abolition de l'esclavage au Brésil.
L'objectif est observer la marche de l'paradigme structuraliste dans frontières du national, sa
affirmation et sa défense.
Mots-clés
L'historiographie brésilienne - Structuralisme – Abolition
I. Introdução
A historiografia brasileira que tem por objeto a escravidão e a abolição do trabalho
escravo no Brasil passou por intensas mudanças no decorrer das últimas décadas do século
XX. Referente a esta historiografia, conseguimos delimitar ao menos dois momentos bem
demarcados, sendo que grandes mudanças acontecem no decorrer da década de 1980
(SCHWARTZ, 2001).
Quase como um consenso, a historiografia tende a demarcar as mudanças
historiográficas das últimas décadas do século XX. Percebe-se que novos trabalhos surgem
com o objetivo de demonstrar os indivíduos, suas experiências, valores e ações no transcorrer
de “processos” históricos. Até mesmo aqueles que se encontram no interior do debate optam
*Estudante de Graduação (Bacharel-Licenciatura) do Curso de História da Universidade Federal de Viçosa.
** Professor do Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa. (Orientador)
2
por deixar claro sua posição enquanto pesquisador que objetiva perceber a participação
efetiva do escravo no processo abolicionista.
Temos então dois momentos nitidamente bem demarcados quando pensamos uma
parte1 da historiografia brasileira que teve como objeto a escravidão e a abolição da
escravatura. A historiografia reconhece ambos os momentos, sendo que o destaque é a
mudança que se opera no decorrer da década de 1980.
Para a pesquisa aqui apresentada a historiografia delimitada se relaciona com os dois
momentos acima citados. Procura-se perceber especificamente como a abolição da escravidão
foi abordada e como os estudos em análise dialogaram com o paradigma estruturalista. Assim,
os trabalhos analisados são de autores que se ligam a denominada Escola Paulista e autores
que muitas vezes se apresentam como críticos desta, sendo aqui denominados e percebidos
como Revisionistas.
Com isso, a análise sai do macro para o micro, pois parte-se do estruturalismo para a
historiografia citada. Em princípio o estruturalismo é reafirmado e posteriormente a ação
empreendida é a tentativa de distanciamento de dadas formulações. Todavia, para além do
estruturalismo outras variáveis teóricas se apresentam, muitas das quais são concepções
singulares, especificamente se tomarmos como parâmetro trabalhos que se ligam a Escola
Paulista e as referências teóricas dos Revisionistas (HIRANO, 1988; GORENDER, 1990).
Os estudos em análise delimitam-se entre as décadas de 1960 e 1990, destacando-se as
mudanças ocorridas em 1980. Ligados a Escola Paulista foram analisadas obras dos seguintes
autores: Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octávio Ianni e Emília Viotti da
Costa; pesquisadores aqui considerados Revisionistas temos: Sidney Chalhoub, Hebe Maria
Mattos de Castro, Maria Helena Machado e Celia Maria Marinho Azevedo.
1
Fala-se em parte da historiografia porque há outras concepções. Por exemplo, há os estudos de Jacob Gorender
e José Murilo de Carvalho. Ver: GORENDER, Jacob. A Escravidão Reabilitada. São Paulo: Ática, 1991.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem – Teatro de sombras. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.
3
Opta-se por apresentar neste texto um breve balanço que demonstre como o
estruturalismo e sua crise foram sentidos quando analisamos a historiografia que teve como
objeto a abolição do trabalho escravo no Brasil, pois se fossemos retomar todos os autores o
espaço não permitiria uma análise à altura das obras e dos referenciais empregados. A solução
é deter-se naquilo que demonstre o apego ou não ao paradigma estruturalista
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