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REFORMA E CONTRA-REFORMA

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Por:   •  3/9/2014  •  2.243 Palavras (9 Páginas)  •  499 Visualizações

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REFORMA E CONTRA-REFORMA

Durante o Renascimento, a Europa ocidental sofreu grandes transformações econômicas, políticas e sociais. Entre elas, está a que ocorre no final do século XV e ao longo do século XVI, conhecida como Reforma ou Reforma Protestante ou Reforma da Igreja. Consiste numa série de acontecimentos que rompem a unidade da Igreja Católica e dão origem a novas religiões ( luteranismo, anglicanismo, calvinismo). A Igreja tentou deter esse processo de rompimento com um conjunto de medidas que ficou conhecido como Contra-Reforma.

No fim da Idade Média, a palavra reforma era usada com o significado de purificação interior do crente e de busca da regeneração da Igreja Católica. Mas, a Igreja e o clero não se comportavam de acordo com os ensinamentos de Cristo. Então, não adiantaria reformar-se interiormente se o clero, intermediário entre o crente e Deus, não mudasse também. Era a estrutura da Igreja que deveria ser mudada, não sua doutrina. Os movimentos mais fortes de contestação e ataque a esse estado de coisas da Igreja Medieval ficaram conhecidos como Heresias. Esses movimentos eram constituídos predominantemente por indivíduos pobres, servos e camponeses, que condenavam os privilégios e as diferenças sociais que, segundo eles, estavam contra a lei de Deus e os ensinamentos da Bíblia. Nos movimentos heréticos serão encontradas muitas das idéias que formarão o essencial do protestantismo: que cada fiel interpretasse a Bíblia, a escritura considerada como a única fonte da verdade, o ideal de uma religião simplificada, padres ou pastores mais instruídos e dedicados aos seus fiéis. É importante notar que o Renascimento e a invenção da imprensa por Gutenberg, em 1453, contribuíram para a proliferação do Protestantismo, na medida em que permite a impressão e difusão de livros religiosos, inclusive a Bíblia. Antes disso, poucos exemplares da Bíblia existiam fora das Igrejas e conventos. Agora, qualquer pessoa que tivesse dinheiro para comprar, poderia ter um exemplar da Bíblia.

A Reforma na Alemanha: Martinho Lutero (1483-1546), foi o homem que sintetizou os anseios de reforma acumulados durante séculos e conseguiu realizá-la. Nasceu na cidade de Eisleben, na Saxônia ( Alemanha) numa época em que superstição e misticismo religioso se misturavam a humanistas ansiosos pelo retorno às fontes originais da doutrina cristã, às Sagradas Escrituras. Enquanto nobres uniam-se a banqueiros enriquecidos para financiar artistas e filósofos, numa redescoberta da cultura da antigüidade greco-romana, camponeses continuavam aferrados às crenças de seus antepassados, assombrados por bruxas, orgias entre feiticeiras e demônios. Havia um intenso comércio de relíquias , de eficácia garantida na proteção contra todo o Mal. Essas superstições vão afetar até um homem estudioso como Lutero. Doutor em Humanidades aos 22 anos, começa a estudar Direito por influência de seu pai. Mas a atmosfera de inquietação, temores e angústia religiosa fazem com que Lutero abandone o Direito e torne-se monge, preocupado com a salvação de sua alma e com a tentação do pecado. Mas nem o monastério consegue acalmar suas angústias. Essas angústias sinceras são notadas por seus superiores, que o autorizam a voltar aos seus estudos universitários, que o levarão a receber o título de doutor em Teologia e, também, a Roma.

Em Roma, Lutero tomou contato com uma cidade mundana, que não mais lembrava aquela que fora o centro espiritual da Europa cristã e era, agora, governada por papas preocupados em estender seu poder político e militar sobre outras regiões. Havia, também, a venda de indulgências . Na Idade Média, as indulgências eram concedidas como prêmio àqueles que realizassem obras de caridade, participassem de cruzadas ou algo parecido. Na Renascença elas começaram a ser comercializadas por bispos, padres, monges e até por leigos, como banqueiros a serviço de Roma. Esse estado de coisas entristece Lutero, que termina por convencer-se, através de seus estudos, que somente a fé pode salvar o homem.

Em 15 de março de 1517, o papa Leão X promulgou a mais célebre das indulgências, destinada a quem contribuísse para a construção da nova basílica de São Pedro, em Roma. Como vimos, as contribuições e tributos pagos à Igreja geravam muito descontentamento entre os monarcas dos Estados Nacionais em formação. Este caso não foi exceção. Com os monarcas de países poderosos, como Inglaterra, França e Espanha, o papa negociou, com prudência, acordos vantajosos para ambas as partes. Na Alemanha, o papa fez um acordo com Alberto de Brandemburgo. Frederico, o Sabio, eleitor da Saxônia, ficou muito insatisfeito com esse acordo, temendo a fuga de dinheiro de seus domínios. Lutero, súdito de Frederico, prega, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, moradia de Frederico, as 95 Teses nas quais fazia críticas à venda de indulgências, iniciando o primeiro ato da rebelião religiosa que ficou conhecida como Reforma Protestante.

Estava iniciada a briga com Roma. As 95 Teses tiveram ampla divulgação e aceitação. O papa Leão X ordena a Lutero que vá a Roma se retratar, mas não se retrata. Em 15 de junho de 1520, Leão X publica uma bula , condenando 41 declarações das suas 95 Teses de Lutero, ordenando a queima pública de suas obras e dando-lhe sessenta dias de prazo para ir a Roma abjurar seus erros, ameaçando-o de excomunhão caso desobedecesse. Lutero não vai e publica um livro onde traça um programa de reforma religiosa e estabelece que não há verdadeira diferença entre o clero e o leigo, pois qualquer cristão pode interpretar as Escrituras segundo suas próprias luzes. Em 3 de janeiro de 1521, o papa excomunga Lutero definitivamente, mas Lutero recebe apoio dos príncipes alemães que viam na Reforma a possibilidade de romper com a submissão financeira à Roma e tomar as propriedades da Igreja na Alemanha.

O desafio de Lutero à Igreja e ao papa, a proclamação da liberdade do homem cristão e a circulação do Novo Testamento, em que se via a simpatia do Cristo pelos pobres e oprimidos, tiveram forte impacto junto às aspirações dos camponeses, que, na Alemanha, viviam explorados tanto pela Igreja como pelos senhores e príncipes. Começa a existir um clima de agitação entre os camponeses, que se intensifica a partir de 1521, com inúmeros pregadores falando da necessidade do camponês libertar-se de suas pesadas obrigações. Lutero condena tanto os senhores e príncipes como os camponeses, que prosseguem com sua revolta até serem derrotados, milhares deles sendo assassinados. A derrota dos camponeses consolida o poder dos príncipes e senhores, reforçando

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