RELATÓRIO HISTÓRIA ORAL
Por: André Angelo • 8/3/2018 • Relatório de pesquisa • 3.610 Palavras (15 Páginas) • 251 Visualizações
[pic 1]UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Acadêmico: Aline Maria Mendes Curto de Camargo
Disciplina: Metodologia
Professor: Robson Laverdi
RELATÓRIO HISTÓRIA ORAL
- INTRODUÇÃO
Segundo ALBERTI (2000, p. 2) A história oral é uma tecnologia de pesquisa e de constituição de fontes para o estudo da história, nascida em meados do século XX, após a invenção do gravador a fita. Ela se presta a interesses acadêmicos, pedagógicos, arquivísticos e terapêuticos. Há diversas correntes e modos de abordagem e possibilidades diferenciadas de objetos de estudo. No Brasil e no mundo, os praticantes da história oral se encontram em congressos periódicos, publicam artigos em revistas especializadas e reúnem-se em torno de associações com a ABHO (Associação Brasileira de História Oral). A consolidação da história oral como metodologia de pesquisa se deve ao fato de a subjetividade e a experiência individual passarem a ser valorizadas como componentes importantes para a compreensão do passado.
Ao trabalhar com história oral, é sempre bom ter em mente que a narrativa é construída à medida em que é feita a entrevista. Se a pessoa tem o costume de refletir sobre sua vida, possivelmente já tem um sentido pré-determinado para alguns acontecimentos e percursos, sendo assim, ele pode preferir relatar esses em detrimento do que o historiador teria pré-definido. Isso não quer dizer que o significado dado seja falso ou não tenha relação com a realidade, ou mesmo que não tenha valor para a pesquisa que está em curso, mas, o pesquisador terá que ter uma avaliação mais profunda da entrevista, para conseguir encontrar o que o estava procurando.
HALL (1993. In SANTOS, p. 3), nos alerta que:
“Hoje em dia somos todos um pouco menos ingênuos, me parece, e reconhecemos que a história oral está longe de ser uma história espontânea, não é a experiência vivida em estado puro, [...] os relatos produzidos pela história oral devem estar sujeitos ao mesmo trabalho crítico das outras fontes que os historiadores costumam consultar [...] as entrevistas da história oral mostram menos a experiência direta dos informantes do que o resultado do trabalho que a memória faz com essa experiência”.
O relato de Hall evidencia algumas das dificuldades enfrentadas pelo historiador na hora de produzir história oral, também revela algumas armadilhas que estão presente um nesta linha de pesquisa.
LÚCIDE; KALIL (2010, p. 1) apontam que:
“O cientista social com o desenvolvimento do método da História Oral não mais depende, unicamente, dos textos escritos para estudar o passado. Possibilita que indivíduos pertencentes a categorias sociais geralmente excluídas da história oficial possam ser ouvidos-deixando registradas para análises futura sua própria visão de mundo e aquela do grupo social ao qual pertencem. Estudar o tempo presente de modo mais dinâmico. Por intermédio dos relatos orais a História reconheceria as vidas e as contribuições culturais, político-sociais de negros, mulheres, operários servindo de meio para reconstruir a história/memória daqueles que haviam sido ignorados, no passado pela historiografia tradicional/oficial. Serve também para confrontar com fontes escritas e imagéticas.”
Para FERREIRA (2002, p. 325), existe drásticas e aceleradas mudanças nas sociedades contemporâneas, e nessa conjuntura, as pessoas tendem a se agrupar em volta de identidades primárias (religiosas, étnicas, territoriais, nacionais) como forma de lidar com a fragilização das tradições e dos laços interpessoais. Para Ferreira a aceleração do tempo e o aumento da capacidade de esquecer têm levado as sociedades contemporâneas a demonstrar grande interesse em recuperar a memória e também a história.
- HISTÓRIA ORAL E SUA METODOLOGIA
Analisar e interpretar uma entrevista são processos complexos e que merecem muitos cuidados. A questão elaborada é a ferramenta para se questionar o passado. Nesse sentido, a escolha de um tema para a pesquisa é também a escolha de uma pergunta, um problema a ser respondido conforme os objetivos do historiador. Essa escolha é o primeiro passo, pois é a partir dela que o historiador define os limites para analisar os acontecimentos e que norteiam o pesquisador ao realizar a entrevista.
As declarações obtidas e gravadas através da entrevista, são parte integrantes da história oral e seu método de produção de conhecimento. Os depoimentos do entrevistado, servem como subsídio de uma vivência única mas também que englobam acontecimentos presenciados por esse indivíduo.
Após a gravação dos depoimentos, as informações das fontes registradas, passam por um processo de análise, na compreensão da mensagem que o entrevistado quis passar, do que ficou subentendido na entrevista, da análise em relação a memória das pessoas, que assim como o próprio enrevistado, passa por alterações, as quais o fazem enxergar seu passado, suas experiências e vivências de formas diferentes com o passar do tempo.
A História Oral ainda é criticada por alguns historiadores, os quais não dão credibilidade a memória e não lhe atribuem o título de fonte histórica. A memória como mencionada acima, realmente passa por um processo de modificação referente a mudança de como o próprio indivíduo encara seu passado e suas histórias e que por viver em sociedade também pode sofrer influências de visões e versões coletivas. Apesar dessas críticas, a história oral em se mostrado muito relevante para dar voz a diferentes indivíduos e temas variados, além do desenvolvimento dos métodos, cada vez mais aprimorados para que a entrevista e sua análise tenham mais qualidade.
Tendo em vista esses aspectos, sabe-se que para uma entrevista receba o título de fonte na História Oral, ela precisa ser produzida por meio de um método, os depoimentos obtidos devem ser registrados e gravados, a entrevista não deve ser induzida ao tema e sim se deve guiar o entrevistado por meio de um roteiro.
O historiador por meio da História Oral pode aproximar-se de seu objeto de pesquisa e assim conseguir as respostas de seus questionamentos de uma forma mais próxima da compreensão do sujeito histórico.
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